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Novembro, 2015

"Eu era só uma criança, mas já estava tão apaixonada, e eu sempre soube que você era a pessoa esperando por mim, sem nem entender o que isso significava."

A casa dos Beauchamp ficava situada em um enorme espaço de terreno florestal, em um bosque largo ao redor, e um pouco longe de vizinhos, agora sendo um pouco óbvio o motivo para Any.

A chuva caía gelada e forte em seu corpo, e seus dedos escorregavam o tempo todo, mas o lobo não para de andar, as vezes ia rápido, as vezes parecia se lembrar que a menina podia cair e então ia bem devagar.

Até que por fim ele parou, abaixando o corpo no limite, fazendo Any escorregar até o chão onde havia uma sobra de árvore guardada pela chuva.

A garota estava completamente encharcada, seus lábios tremiam, e seus cabelos grudavam em seu rosto e seu pescoço. Ela não sabe por quanto tempo andaram, mas não conseguia mais enxergar a casa e sim apenas árvores e arbustos ao redor.

O lobo encarou a menina, ela estava com o rosto pálido, os lábios roxos, e abraçava o próprio corpo pelo frio, mas ela sorriu de qualquer forma, mostrando os dentes que batiam um no outro. O animal guinchou incomodado, parecendo perceber que não era certo deixar Any daquela forma, não gostando de vê-la com frio e entendendo que ela não tinha a mesma resistência que ele.

- Eu entendo, está tudo bem - ela murmurou, sorrindo de lado, esticando o braço até os pelos do lobo e acariciando ali.

Mesmo com os pelos molhados, o animal ainda estava quente, e Any se aproximou mais, aproveitando aquilo, perto do calor do corpo dele, se aconchegando. Ele relaxou ao perceber a menina relaxar tambem, se deitando no chão e garantindo que ela tivesse o suficiente de seu corpo quente para que pudesse parar de sentir frio, a mantendo entre suas patas gigantes para ela, cobrindo seu corpo sem descontar seu peso.

Com os minutos se passando ele começava a ter percepção das coisas, quase que deixando a mente de Josh tomar o lugar, percebendo como Any era frágil e ele não poderia cuidar dela sozinho. Não queria machucá-la por sua falta de tato, precisava do lado humano também para cuidar dela.

O silencio reinava, a chuva parou, e talvez horas tenham se passado. Os olhos de Any quase se fechavam, era madrugada, afinal, mas seu corpo mesmo relaxado, sua mente se mantinha em alerta, simplesmente porque o lobo também se mantinha acordado.

- Sabe, ninguem vai me tirar de você - ela garantiu, seus dedos nunca parando de acaricia-lo, mesmo o frio já esquecido. - Eu sou sua... - sussurrou, fazendo os olhos no lobo caírem nela.

Os olhos azuis agora tinham uma cor menos perigosa, como se voltassem a ser mais humanos, refletindo o olhar calmo e brilhante de Any.

A menina sorriu pequeno, quase sarcástica, esticando uma sobrancelha.

- Lobinho - chamou de forma engraçada, com sua voz de criança.

O lobo bufou, a fazendo rir agora.

- Lobão, então - declarou, e ele dessa vez levou o focinho até ela, tocando em sua barriga e empurrando de leve, fazendo cócegas, e a menina riu alto.- Tudo bem, tudo bem...Meu alfa.

O lobo esticou a cabeça, metido, parecendo arrogante agora, e Any sorriu em descrença.

- Você é possessivo até no lado animal - comentou. - Coitada de mim quando for de tamanho maior.

O lobo apenas voltou a se deitar sobre ela, deixando o focinho sobre sua barriga, gostando dela acariciando o meio de sua cabeça, entre suas orelhas.

Era a sua soulmate e ele sempre gostaria
dos toques dela, sendo criança ou adulta. Mas
sendo criança parecia tão diferentes dos adultos, o cheirinho, as mãos pequenas, o sorriso cheio de dentes, as bochechas grandes e redondas, os pés batendo em suas costelas quando andaram juntos.

50 tons de imprinting Onde histórias criam vida. Descubra agora