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Setembro, 2020

"Uma gota no oceano, uma mudança no tempo, eu estava rezando para que você e eu pudéssemos ficar juntos."

Realmente o apartamento de Josh não era longe, mas levava uns quinze minutos andando, e Any estava mais da metade do caminho quando recebeu uma ligação de seu pai.

- Oi, pai - ela murmurou assim que atendeu.

- Oi, meu amor. Como está o resfriado?

Any fechou os olhos por um instante, a culpa finalmente entrando em seu coração.

- Tudo bem - se limitou a dizer.

- Você não parece bem - ele salientou.

Ela não estava mesmo, e pior, tinha a sensação de que nunca mais ficaria.

Suspirou alto, desistindo quando finalmente chegou na varando de casa, se sentando nos degraus e soluçando.

- Eu não estou, pai - confessou. -E eu nem sei como eu estou de verdade, eu sinto tudo ao mesmo tempo e é tão forte que parece que vou explodir por completo. Eu nem estou resfriada, eu só estou chorando mesmo, e agora com uma puta dor de cabeça porque eu não paro dechorar.

Silvio ficou em silêncio do outro lado da linha e Any viu um sinal de que poderia continuar falando.

- Eu não sei o que fazer, eu estou tão perdida. Eu sei que sinto coisas que não deveria, mas ao mesmo tempo eu sei que é o certo sim, só não é O momento, e eu estou com um medo absurdo de me forçar a não sentir mais nada e quando eu tiver que sentir mesmo, não conseguir. E isso seria uma tragédia.

- Então você percebeu que está apaixonada pelo garoto? - ele soltou.

Any limpou o rosto, ficando ereta no degrau da
calçada.

- Como sabe?

- Qualquer um sabe. Um cego saberia, um surdo, e seu pai tambem - ele falou, fazendo a menina dar uma risadinha. - O que estão fazendo?

- Nada. Eu acabei de chegar em casa e ele está... com uns amigos - Any falou, encurtando o assunto porque não queria ter que explicar ta coisa para o pai.

- Em casa? Sozinha? Mas sua mãe não está aí.

- É- Any suspirou, se levantando, indo abrir a
porta, e então entrando na casa. - Está tudo bem. Eu vou me aprontar para dormir. Me desculpe pelo fim de semana, eu devia ter ido e não perdido um tempo com minha família.

- Ainda quer ir?

- Como, pai? Você está do outro lado da cidade e vai ficar muito tarde para irmos.

- Eu estou chegando aí em alguns minutos.

- Como assim?

- Eu estava indo te ver, fiquei preocupado, e também estou levando seu presente já que não vamos nos ver semana que vem. Se apronta e vamos fugir desse lugar por esse fim de semana-  ele falou, e encerrou a ligação antes de qualquer fala de Any.

A garota sorriu bobamente.

Seu pai estava indo até ela só porque havia ficado preocupado, ele morava há quase duas horas de carro, e simplesmente estava indo até lá como se ela fosse a coisa mais importante para ele.

Any sentiu que as coisas podiam melhorar. Podia não ser eternos alguns sentimentos e relações, mas o diferente não é ruim, e acabar em si não é o que acontece. As coisas geralmente evoluem, e relacionamentos também podem ser assim.

Quatro dias.

Aquilo era um recorde e máximo bem grande.

Quatro dias que Any não via Josh.

50 tons de imprinting Where stories live. Discover now