7. Reunião de família

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 Pode-se dizer que isso é o mais próximo de uma reunião familiar que os irmãos Hargreeves fazem. Espalhados pela sala de descanso, eles debatem acaloradamente o futuro da brasileira que espera no andar debaixo. A discussão apenas cessa momentaneamente quando Marcus, o número um, chega ao recinto com um dos notebooks de seu pai.

 — Consegui muita coisa na minha pesquisa. — Diz enquanto se senta em um dos sofás e colocava o eletrônico na mesa de centro à sua frente. — Mayara do Santos Duarte. — Por ser um nome estrangeiro, o líder o profere com dificuldade, recebendo um olhar repleto de escárnio de seu irmão procedente. — Conhecida popularmente apenas como Maya Duarte. Nascida de um jeito inesperado, em 1 de outubro de 1989, assim como nós. Nasceu e cresceu no Brasil até os dez anos de idade, quando sua mãe se mudou para cá por ter se casado com um americano chamado Joey Collins. Dois anos depois, a mãe faleceu devido a um acidente de carro e a garota foi mandada para um orfanato.

 — E quanto ao padrasto dela? — Fei, com sua característica perspicácia, é mais rápida em tirar uma dúvida que surge em todos os irmãos.

 — Não faço a mínima ideia. Não achei nada sobre esse cara, é como se ele tivesse sumido do mapa.

 — Isso é muito estranho, e se ela estiver enganando a gente? Fala sério, quem surta desse jeito por causa de uma pós-graduação? — Ben expressa sua desconfiança ao número sete, que concorda, flutuando ao seu lado. Jogado no sofá com o tornozelo direito cruzado acima do joelho esquerdo, o jovem coreano ainda possui a aura de líder, embora não exerça mais o cargo.

 — Uma pessoa que não cresceu com o destino traçado como a gente? Alguém que precisa disso para sobreviver, talvez? — Sloane rebate seu irmão, recebendo um olhar fuzilante em troca. Apesar de não se envolver muito nos debates familiares, a número cinco fica comovida com a luta da garota de cabelo rosa pela sua formação, principalmente em uma área que era também adora, a esfera artística.

 — Não existe destino. — Ben estreita os olhos para ela e está prestes a jogar uma enxurrada de insultos quando seu irmão precedente encerra a discussão.

 — Querem voltar a se concentrar no assunto? — Marcus se inclina sobre o móvel e fita severamente seus irmãos. — Precisamos pesar os prós e os contras, sabemos que nos últimos anos a criminalidade na cidade tem aumentado, e temos encontrado criminosos cada vez mais especializados por aqui.

  — Cara, isso não quer dizer nada, ainda acabamos com eles. — Ben contesta seu irmão, apoiado por Jayme.

 — Gostaria de lembrá-los daquele assalto ao banco no mês passado. — Fei adentra na conversa de forma sorrateira, fazendo com que seus companheiros parem para refletir sobre o quase desastre que foi a missão citada pela irmã. — Eles entraram no banco sem assoar os alarmes e fizeram trinta reféns, recuperamos o dinheiro mas quatro pessoas acabaram morrendo e você ficou gravemente ferido... Ben. — Um silêncio mais longo do que o esperado se instaura pela sala. O mais complicado da família encara a mulher com um olhar incrédulo e balança a cabeça com seu típico riso sarcástico. Fazia anos que eles não tinham essa espécie de "fracasso" em uma missão, e essa não é uma simples exceção, há alguns meses a dificuldade em cuidar da cidade cresce cada vez mais.

 — Como assim, "gravemente ferido"? — Sloane e Fei se olham de forma cúmplice, já esperando essa reação da parte dele. Os demais presenciam a discussão em silêncio, relembrando da gravidade do ferimento de Ben naquela noite.

 — Você foi apunhalado na barriga e perdeu um rim, Ben! — A número cinco exclama, começando a perder a paciência, enquanto seu irmão apenas se contenta em ignorar e rir com descrença, ele sabe que ela tem razão.

 — Gente, dá pra vocês pararem?! — Marcus chama a atenção dos irmãos uma última vez enquanto encosta seu corpo rígido nas costas do sofá. — Uma questão que eu acho negativa é que ela teria que morar conosco, é claro. — Alguns dos membros do grupo ficam surpresos por não terem pensado nesse quesito antes.

 — Como assim, morar conosco? — Jayme pergunta com seu jeito indiferente, recebendo um aceno com a cabeça do número um. — Com a gente? — Ela questiona novamente, sendo mais expressiva. Quando os outros respondem que sim, a morena se joga no sofá e inclina a cabeça para trás, suspirando fundo. — Cara, eu não gosto daquela garota.

 — Eu também não, então, que tal pararmos com essa palhaçada e voltarmos aos nossos afazeres? — Por mais que tente, Ben não consegue ficar sem expressar suas opiniões, como alguns de seus irmãos. Ele simplesmente acha um absurdo o fato de considerarem colocar uma desconhecida dentro da academia, e ainda mais quando, na visão dele, eles não precisam de ajuda.

 — Ela também poderia contar a outras pessoas como é a nossa vida aqui, ou pior: espalhar informações sobre nossas missões. — A família escuta a mensagem transmitida por Christopher, o número sete, antes que Marcus levante do sofá.

 — Essa é uma questão a resolver, tenho certeza que ela não vai contar nada se deixarmos claro que haverá consequências caso ela o faça.

 — Nossa, Marcus. — O número dois fala em um tom irônico, sobre o olhar severo do seu precedente. — Se quiser pegar ela, é só falar.

 — Qual é o seu problema hoje? — Ben se contenta em lançar um olhar fuzilante para o líder, antes que ele continue. — Bom, vamos fazer uma votação para acabarmos logo com isso. Eu prezo pelo sucesso da Sparrow Academy como um grupo e por isso, voto a favor da moça trabalhar conosco.

 — Eu também. — Diz a número três. — A habilidade dela seria muito vantajosa para nós, se alguém se ferir, ela cura e pronto.

 — Olha, na minha cabeça, vocês piraram de vez. — Jayme articula com desdém e balança a cabeça. — De jeito nenhum que eu sou a favor disso.

 — Gente, eu não acho que ela vá atrapalhar em nada. — Sloane entra hesitantemente na conversa. — Ela vai ficar vivendo a vida dela, indo pra faculdade, e quando precisarmos, ela ajudará. — A mais calma dos irmãos profere de forma simplista.

 — E você, Chris? — Fei indaga ao número sete com seu tom levemente irônico e após receber a esperada resposta contra a decisão, encara seu irmão precedente com diversão. — E você... Ben?

 — É claro que não, caramba! — Ele explode e ela sorri discretamente, chegam momentos nos quais a impaciência dele é mais do que previsível. Quando percebe que os votos estão empatados, o grupo aos poucos encara Alphonso, que não demonstrou sua opinião em nenhum momento durante o debate.

 — Alphonso. — Jayme chama sua atenção, como se fosse para ele lhe lançar um olhar, qualquer coisa que indique que ele é contra aquilo, mas o homem só consegue tocar seu rosto recém mudado com a expressão ainda em choque, fomentando a tensão que cresce no cômodo.

 — Vocês não sabem o que eu senti naquela hora... — O número quatro desliza a mão pela pele firme da sua bochecha antes de encarar seus companheiros. — O poder dela é quase divino, eu voto a favor.

 Jayme suspira e deixa o cômodo, seguida por Alphonso, o restante do grupo se dissipa rapidamente, restando apenas os números um e dois na sala. Ben encara Marcus, como se a culpa fosse dele, mas culpa de que, afinal? Nem o próprio asiático sabe o porquê de tanta fúria. Após acenar com a cabeça, o líder sai do local, com certeza para ir falar com a nova integrante da casa, deixando seu irmão sozinho, com seus pensamentos e sentimentos conflitantes.

 Papo com a autora 
  Gentee, mudei a narrativa para o presente mas não tenho certeza se fica melhor assim. O que acharam? Fica melhor assim ou como estava antes?
 Ah! E agora as coisas irão mudar na Sparrow Academy, pois uma nova integrante chegará na casa! (parece até o BBB kk)

[The Umbrella Academy] Ben - Don't blame me (EM REVISÃO)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ