15. Sob a penumbra

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 Quando piso na calçada do Banco Central de Terre Haute, parece que toda a realidade se concretiza na minha frente. A rua está cercada de viaturas, algumas pessoas observam de longe, umas horrorizadas, outras, curiosas, enquanto alguns policiais tentam dispersar a multidão. Caminho até a entrada do prédio a passos hesitantes, tentando controlar o tremor nas minhas pernas.

 Me aproximo de uma das faixas amarelas que impedem a entrada no banco e imediatamente um oficial me aborda.

— O que tá fazendo, garota? Aqui é perigoso, melhor você ir pra casa. — Ele profere em um tom preocupado, observo sua feição cansada e pisco várias vezes, procurando as palavras mais adequadas.

— Eu fui contatada pela Sparrow Academy, sou Maya Duarte. — O rosto do homem de meia-idade muda de aflito para incrédulo em fração de segundos.

— Você?! — Ele me olha rapidamente da cabeça aos pés, como se me avaliasse. Outro policial acaba notando nossa conversa e se aproxima com as mãos cruzadas atrás das costas e um andar duro.

— O que está acontecendo aqui?

— Senhor, ela é a pessoa mandada pelos Sparrows. — O primeiro policial responde e o segundo permanece com o semblante impassível. — Não podemos mandar essa moça pra lá, é loucura! — Mesmo estando morrendo de medo de entrar lá dentro, não deixo de me sentir incomodada com suas palavras, pareço ser tão fraca assim?

— Vamos fazer o que disseram, Johnson. — O oficial que parece ser o chefe fala de um modo desinteressado e se vira para ir até os outros. — Eles não são os donos da cidade mesmo? — Ele pergunta retoricamente com um ar desgostoso e some do meu campo de visão. Eu volto a encarar o homem abalado a minha frente, que me lança um olhar carregado de pesar antes de suspirar. Isso está me deixando pior ainda.

— Espere um momento, moça. — O homem faz um sinal para outro policial, bem mais jovem que ele, que caminha até nós imediatamente. — Moore, quem estávamos esperando já chegou, fique aqui com a nossa parceira enquanto eu vou pegar um colete.

— Ela? — Johnson caminha até uma viatura e o homem aparentemente chamado Moore me encara com o mesmo olhar que seu companheiro me lançou antes, mas diferentemente do seu parceiro, ele tenta ser discreto. — Bom... — Ele enfia a mão no cinto e retira uma pistola. — Aqui, para você se proteger. — Antes que eu tenha tempo de reagir, o metal da arma está em contato com as minhas mãos.

— O-oh que... — Seguro o objeto com as mãos trêmulas e o restante da frase fica preso na minha garganta. O oficial com sotaque inglês à minha frente me observa com um semblante confuso.

— Não sabe atirar? — Seu tom impaciente me paralisa, não sei como respondê-lo. — Não me diga que não sabe atirar. — Abro a boca para falar algo porém ele suspira com descrença e arranca a pistola das minhas mãos. Noto pelo canto do olho que o outro policial está se aproximando de nós novamente.

— Pronto, senhorita Duarte, coloque esse colete e...

— Johnson, a garota não sabe nem segurar uma arma, não é possível que só eu veja o quanto isso pode dar errado. — Sei que ele está certo, mas começo a sentir a raiva me invadir de novo. "Garota"? Eu tenho vinte e sete anos e provavelmente sou mais velha que você, porra!

— Eu sei, cara, eu também acho isso. Mas não podemos fazer nada, são ordens de cima. — Moore bufa e posso jurar que eu o ouvi balbuciando "malditos Sparrows" . Sinto algo passar pelo meu pulso e percebo que o policial mais paciente está me ajudando a colocar o colete à prova de balas. O material frio só faz com que a minha ansiedade aumente. — Além disso, passaram pra gente que ela tem habilidades de cura, isso será útil, temos muitos feridos lá dentro.

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⏰ Last updated: Apr 14 ⏰

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[The Umbrella Academy] Ben - Don't blame me (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now