𝑬𝒗𝒆𝒍𝒊𝒔𝒆 𝑾𝒉𝒊𝒕𝒆 21

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EVE (16 anos atrás)

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EVE (16 anos atrás)

Meu pai saiu, e eu me sentei ao lado da cadeira de rodas da minha mãe. A brisa suave soprava em nossas peles. Ela estava tão franzina, só pele e osso. Às vezes, eu temia que, se a tocasse, mesmo que de leve, ela se despedaçaria em mil pedacinhos.

- Quer mais um cobertor? - perguntei.

- Estou bem.

- Não está com sede? Posso pegar água pra você.

- Estou bem.

- Ou então...

- Eve, está tudo bem. Estou bem.

Só que não está.

Ficamos sentadas ali olhando para o céu da tarde no mais absoluto silêncio. Horas se passaram, e o sol começou a se pôr. O céu foi pintado com cores vibrantes e era lindo observar como aquele colorido se misturava ao oceano.

- Seu pai vai precisar de você - disse ela por fim. - Mais do que ele percebe, ele vai precisar da sua luz, Eve.

- Estarei sempre presente.

- Eu sei que sim. - Ela inspirou fundo e expirou lentamente. - Uma vez, li uma história sobre vida e morte relacionada às libélulas. Posso compartilhar com você?

Ela sempre amou as libélulas.

- Pode.

Minha mãe fechou os olhos, e eu observei cada respiração dela.

- A libélula nasce larva, sai de seu casulo e se transforma em toda aquela beleza que vemos voando por aí. Isso pode ser interpretado como um processo tanto de vida quanto de morte. Há dois estágios na vida da libélula. O primeiro é quando ela é um inseto que vive na água. Esse é o início da vida dela na Terra. O segundo é quando ela emerge e encontra suas asas. É aí que sua alma é libertada das amarras do corpo. Não é lindo isso, Eve? Mesmo depois da morte, nosso espírito continua vivo?

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas continuei calada.

Eu não conseguia responder.

Doía demais.

- Não vou sentir dor mais - prometeu ela. - Não vou mais sofrer. Vou estar mais livre do que nunca. E quer saber? Eu ainda vou estar aqui. Sempre que você vir uma libélula, quero que saiba que sou eu.

- Mãe... - Eu fiquei segurando a mão dela, e as lágrimas não paravam de rolar. - Ainda é cedo.

- É sempre cedo demais, meu amor, mas só quero que você saiba... - Ela inclinou a cabeça para mim e abriu os olhos. - Você é meu coração. Você é minha obra-prima. De certa forma, sinto que enganei a morte, porque vou continuar vivendo em você, no seu sorriso, na sua risada, no seu coração. Estou presente em tudo isso, Evelise. Sou eterna por sua causa. Então, por favor, continue vivendo por mim e saiba que ter sido sua mãe foi a maior honra do mundo.

𝐍𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐑𝐞𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨 | ⱽⁱⁿⁿⁱᵉ ᴴᵃᶜᵏᵉʳ ツOnde histórias criam vida. Descubra agora