Capítulo 3 - Novas aventuras nem tão desejadas assim

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Cheguei tão desgastada da viagem que assim que entrei na minha nova casa, capotei na minha nova cama. Acordei na manhã seguinte me perguntando onde estava assim que vi as paredes bege do cômodo. Quando Maria Antonieta pulou na cama, fui atingida por uma onda de compreensão.

São Francisco. Califórnia.

Fechei os olhos e os abri ao me sentar encostada na cabeceira da cama branca de metal.

Logo a minha frente havia uma cômoda branca com duas gavetas pequenas e abaixo dela três gavetas grandes, ao seu lado, havia uma pequena porta de madeira. Paralela a porta do quarto, havia uma janela que continha aquelas camas de janela acolchoadas. Era o oposto do meu antigo quarto bagunçado e com paredes com ovelhas desgastadas.

Relutante, levantei e fui em direção a porta branca, e, como resposta para minha suspeita, a mesma dava passagem a um pequeno banheiro de azulejos brancos e dourados, o espelho acima da pia era imenso e refletia o box de vidro do chuveiro, o qual me convidava cada vez mais para um banho. Por mais que eu estivesse desesperada para tomá-lo, teria que  esperar. Não havia nem sinais das minhas malas por aqui, tampouco dos meus acessórios de higiene.

Voltei ao quarto e me deparei com a minha bolsa jogada ao lado da cama.

Graças a Nossa Senhora da Higiene Pessoal, eu havia sido precavida o bastante para colocar a roupa que tinha suposto que trocaria no aeroporto: uma blusa fina de mangas curtas e um jeans meia perna. Animada, voltei ao banheiro novamente para o banho que me aguardava. Fui rápida, já que não estava com a minha toalha para me dar ao luxo de demorar. Logo após me balançar como um cachorro recém saído do banho e já trocada de roupa, desci as escadas em L de madeira clara e fui tentar encontrar meu digníssimo tutor.

— Finalmente você acordou, vá comer alguma coisa e venha já me ajudar com essas caixas! – vovô disse. Ele estava sentando no hall de entrada da casa, em meio a um mar de caixas de papelão, sacolas e plástico bolha.

— Bom dia para o senhor também.

— Não me venha com ironias a essa hora de manhã, você sabe como sou quando acordo cedo.

— Manhã? Achei que já se passava do meio dia – olhei para a janela de madeira branca que mostrava o céu claro e cheio de nuvens brancas.

— É o fuso, querida. Vá comer algo na cozinha, seu pai fez compras para nós.

— Que generoso da parte dele – murmurei sarcástica. — Hum, onde é a cozinha?

— Dobre a esquerda, depois é só ir reto – suspirou. —Já avisei a Art que chegamos bem.

— Ótimo, e ele? Já disse quando chega?

— Até quarta ele já irá estar aqui para nos alimentar devidamente – respondeu. — E fazer a minha alegria, é claro – concluiu com um sorriso malicioso.

Fiz uma careta e o ignorei.

Segui suas instruções e fui rumo à cozinha. A porta que ele instruiu dava para uma pequena sala de jantar que tinha no centro uma mesa com seis cadeiras, de frente para ela havia uma janela enorme que ia da metade da parede ao teto, esta que por sua vez dava para a pequena varanda da frente da casa.

À medida que eu ia andando pela cozinha, percebi uma coisa: ela não parecia ser habitada. Tudo era muito impessoal, só havia os móveis e nada que indicasse que meu pai morava ali. Nenhum porta retrato, nenhum molho de chaves pendurado no porta chaves que tinha colado na porta...Nada. O meu estômago roncando me fez deixar isso para lá e focar em procurar comida. Abri a geladeira e de novo: todo o seu conteúdo tinha aparência de recém comprado, nada estava aberto. Optei por leite e cereal, de modo que fui pegar o mesmo no armário. Peguei a tigela cheia e fui conversar com meu avô.

Por trás do gelo [Em revisão]Where stories live. Discover now