Capítulo 28 - Família

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E
u odiava hospitais.

O tempo que passei indo até eles quando pequena, para fazer exames e mais exames, haviam deixado essa marca em mim.

Mesmo sentada na sala de espera, eu sentia um desconforto enorme por estar aqui, e sem notícias sobre Valentim, eu só me sentia pior.

Haviam inúmeras ligações no meu celular de nossos amigos, mas como eu poderia colocá-los a par do que acontecera a meu irmão sendo que nem eu mesma sabia de nada?

Logo no estacionamento eu havia me separado de Apolo, já que estávamos com dificuldade em achar vagas disponíveis. Então, movida pela angústia visível de Maddox, falei para que ele fosse sozinho, depois eu o acompanharia.

Era um bom plano, caso não houvesse a burocracia e recepcionistas carrancudas para atrapalha-lo.

Quando finalmente achei uma vaga, corri até a recepção e pedi informações sobre Valentim, mas infelizmente fui atendida por uma mulher que não parecia estar a fim de papo.

- Lamento, querida. - Ela falou, não parecendo lamentar coisa nenhuma. - Só membros da família.

- Mas eu sou da família! - Argumentei. - Ele é filho da minha madrastra.

A recepcionista respirou fundo e me mandou sentar na sala de espera com cadeiras duras, e foi o que eu fiz nas últimas duas horas.

Eu estava acabada, sem notícias sobre nada, minhas unhas haviam ido para o espaço, meu cabelo estava desgrenhado e oleoso e minha cara inchada de sono e choro.

Resolvi passar por cima do meu orgulho ferido e fui novamente pedir informações sobre Valetim, dessa vez, entretanto, conseguindo respostas.

- O Sr. Maddox já se encontra na suíte trezentos e quatro, porém as visitas ainda não estão liberadas. - Ela olhou para mim. - Somente família.

Apesar do modo arrogante que ela me respondera, suspirei aliviada.

Se Valentim já estava no quarto, significava que ele não corria risco de vida, e sabendo disso, eu já me sentia mais confortável em voltar para casa.

Eu só queria, contudo, que alguém ao menos me dissesse que Valentim não corria risco de vida ao invés de me deixar ficar louca sozinha no escuro.

Espantei isso da minha cabeça rapidamente, me sentindo dramática e egoísta. Meu irmão estava a salvo e era isso o que importava.

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No mesmo instante que entrei na casa de vovô, me senti estranha. Como se aquela não fosse a minha casa, o que era totalmente esquisito e bizarro, já que eu vivi minha vida inteira com meu avô e só fazia algumas semanas que eu estava na casa do meu pai.

Como a casa apresentava indícios de estar vazia, fiz o trajeto até meu quarto e joguei minhas coisas sobre a minha cama, tirando a roupa em seguida.

Ao lado dela estava a de Sally, e eu não conseguia olhar para ela sem sentir uma dor no peito.

Sally estava comigo, na mesma cidade e escola, estávamos próximas mas ao mesmo tempo nunca havíamos estado tão longe.

Tomei banho e mal terminei de pentear meu cabelo e já caí na cama, morta de sono.

Não demorou muito e eu despertei, assustada e suada.

Havia alguns dias que eu estava tendo pesadelos constantemente, e eram sempre da mesma forma. Alguém me agarrava e eu não conseguia me mover, muito menos gritar por socorro.

Por trás do gelo [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora