Capítulo 10 - Machistas não passarão

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Por maior que tenha sido o tempo que ficamos dentro do cubículo que o diretor chamava de sala, eu ainda tinha muito tempo até o horário de almoço. Tanto tempo que ainda haviam duas aulas para assistir.

Eu estava me sentindo ótima para quem quase tinha pegado uma semana de detenção, mas a sensação de ter argumentado e, teoricamente, ganhado a ação contra o diretor, me deixava em ecstasy. Talvez fosse assim que meu pai se sentia quando ganhava uma audição judicial, seja como for, era ótimo!

— Senhorita, está atrasada – a professora me advertiu.

Não podíamos negar que os horários eram extremamente rigorosos no West Coast High School.

Fui para o a única cadeira disponível no fundo da sala e me afundei completamente. Esse negócio de ficar sendo repreendida na frente de todo mundo era um saco. Ainda mais quando você é um dos únicos secundaristas em uma turma de Matemática Avançada.

Se havia algo em mim que me surpreendia até hora, era essa coisa de ser boa com os números. Digo, boa mesmo. Matemática, Geometria e Física eram as matérias que eu me saia melhor. Não que as matérias de Humanas não me chamavam a atenção, mas os números mexiam de uma forma com meu cérebro que jamais Literatura ou Geografia mexeram. Sendo assim, eu tinha bons motivos por estar tão animada e orgulhosa de mim mesma por estar em uma turma avançada.

— Até aqui, Whitford?

— Até aqui, Maddox? – retruquei.

Droga. Aparentemente o Universo não se contentava com o fato de que Apolo e eu viveríamos na mesma casa, estudaríamos no mesmo colégio e participaríamos da mesma família, e, agora, teríamos aulas juntos. Além do quê, Apolo não era exatamente simpático comigo.

A nossa conversa acabou por aí, já que a professora nos mandou calar a boca. Ela se apresentou como Nora e disse que não pegaria leve com nossas peles só por ser nossa primeira aula. A professora realmente não estava brincando, já que aplicou um teste valendo nota. E, do jeito que Nora aparentava ser, era bom que fôssemos bons por conta própria, pois se fôssemos depender dela para notas extras, estaríamos ferrados.

De alguma forma, logicamente impossível de ser explicada, me peguei encarando Apolo, que estava sentado duas cadeiras a minha frente à esquerda. Eu tinha consciência de que estava parecendo uma idiota encarando-o tão fixamente, entretanto não conseguia parar de observá-lo contrair as sobrancelhas para depois relaxar e sorrir, como se tivesse acabado de solucionar um problema que o sugou muito.

Graças aos Céus, fui interrompida antes de ser pega no ato, uma vez que o sinal do almoço bateu e fomos liberados. Era impossível se locomóvel entre a manada de adolescentes sedentos por gordura trans que me atropelavam sem dó, mas com muita determinação, consegui chegar viva ao refeitório.

Peguei meu almoço e estava prestes a ir comer no corredor quando Oliver me gritou. Ele estava junto à Juliette, Amélia, Gregory e os gêmeos. A minha cota de Apolo Maddox já havia sido preenchida pelo o resto do dia, mas eu não podia recusar a companhia dos meus outros amigos por conta de um garoto que, sem nenhum motivo aparente, não gostava de mim.

— Até quem enfim você se juntou a nós – Gregory brincou.

— Por onde você esteve que até agora a gente não se viu? – Julie disse.

— Ocupada com essas coisas de novata – não era uma mentira, mas também não era uma verdade.

— Sei – Valentim sorriu. — E essas coisas incluem ser detida por agressão no primeiro dia de aula?

Por trás do gelo [Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora