Capítulo 16 - Quebre regras pela sua melhor amiga

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Todos os deuses do Universo sabiam que eu nunca, nunquinha, jamais, havia imaginado que eu, Brise, seria treinadora de hóquei no gelo. Muito menos que eu jogaria como titular no time masculino da escola. Mas, veja bem, os Cosmos têm maneiras peculiares de mostrar-nos que não há nada, absolutamente nada, que não possam fazer para tirar uma com a nossa cara e fazer-nos pagar com a língua.

Um exemplo disso é que eu, há exatos oito dias, estava me virando em mil para reunir-me quase todas as noites com Gregory e Apolo para transformá-los em máquinas assassinas no hóquei no gelo. Metaforicamente, é claro.
Eu não sabia o que eles queriam dizer com isso, afinal, eu jogava bem, mas definitivamente não sabia o que fazer para deixa-los invencíveis. Até cheguei a falar isso para o Maddox, só que ele nunca me escutava e apenas disse para eu fazer o meu melhor como jogadora e observadora.

Essa ideia maluca de treiná-los vinha acompanhada de alguns problemas. O primeiro dele era tempo. Tanto eu quanto eles tínhamos responsabilidades escolares e com a vida pessoal, eu com a patinação, por exemplo. Aceitar a proposta de Apolo era assumir o compromisso de abdicar algumas noites da minha semana e alguns sábados e domingos.
O segundo empecilho era que estávamos tratando de um esporte que, assim como a maioria, necessitava de muito trabalho em equipe. E como os dois machões não queriam envolver o resto do time nos nossos treinos particulares, como eles disseram, eu precisava agir de uma forma que ajudasse a todos nós.
Sendo assim, eu tive que ir à luta.

Não foi fácil, mas consegui achar quase uma dúzia de garotos que estavam dispostos a treinar conosco. Felizmente, não custaria nada ao meu bolso, uma vez que todos praticavam o esporte em suas respectivas escolas e treinar com outras pessoas os ajudariam também. Viu? Equidade. Eu, Apolo, Gregory e todos aqueles meninos sairíamos ganhando. Sairíamos melhores de quando entramos nessa ideia maluca.

Interrompi meus pensamentos quando um graveto feroz instalou-se entre meus fios de cabelo. Era até carinhoso chamá-lo dessa forma, porque ele estava se parecendo com tudo, menos com o que ele era, cabelo.

— Quando você disse que sua amiga vai chegar mesmo? – Oliver perguntou ao meu lado.

Nós estávamos matando tempo embaixo de uma árvore, uma vez que ainda tínhamos dez minutos até as aulas começarem.

— Hoje – falei tirando o graveto do meu ninho de cobras. — Ela saiu de lá ontem bem cedo, mas é um vôo cheio de escalas.

Aquela demora toda para Sally chegar estava me transformando em um milho de pipoca sendo estourado. Eu estava eufórica, mal conseguia comer e ficar parada por mais de três segundos era um desafio enorme.

Prometi a ela que a buscaria no aeroporto logo quando ela chegasse em solo californiano, no entanto, ela chegaria justamente quando eu estivesse em aula. O que, em outras palavras, significava que eu não poderia ir buscá-la.
Acontece que eu queria tanto, mas tanto, abraçar a minha melhor amiga que eu tive que fazer certas coisas.

Seria complicado e com certeza pegar um táxi era muito mais fácil, mas a saudade de Sally e de todas coisas concretas e habituais na minha vida, eram enormes e consumiam cada célula minha.

— Vai ser tão legal quando ela chegar! – Julie exclamou entusiasmada. — Tenho certeza de que vai ser maravilhoso!

Sorri para a minha amiga que estava sentada ao meu lado.

Quando voltei para casa de vovô, Juliette foi me visitar alegando que a casa do meu pai era no fim do mundo e que não conhecia nenhuma linha de ônibus que a levasse até lá. Tudo bem que o condomínio do meu pai era um pouco afastado da cidade, mas nada que uns trinta minutos de carro não resolvesse. Sua visita, entretanto, demorou mais do que o esperado.
Oliver apareceu também e Arthur animou-se tanto que preparou um jantar maravilhoso para nós. Com direito a vinho e queijos chiques de entrada! Nenhum de nós viu o tempo passar, e quando Julie deu-se conta do horário, já estava mais do que tarde para ela ir para sua casa. Dessa forma, Jul acabou dormindo lá em casa, e quando Sally me ligou via Skype mais tarde da noite, ela e Julie começaram a conversar como se conhecessem há anos.

Por trás do gelo [Em revisão]Kde žijí příběhy. Začni objevovat