Capítulo 8 - Meninas também sabem trocar pneus

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O que você está fazendo aqui?

Levei um susto tão grande por ter minhas reflexões interrompidas, que quase caí. Felizmente os anos de balé e patinação haviam me consagrado com um equilíbrio sensacional. Mas mesmo não efetivando a queda, a minha reação ainda foi patética. E, claro, não passou despercebida pelo humor sarcástico de Apolo.

— Aprendendo a se equilibrar, suponho – o cretino sorriu.

— Supôs errado – retruquei. — Eu estou conhecendo o lugar. Agora aqui é a minha escola também – falei, murmurando para mim mesma a última parte.

As razões pelas quais o enteado de meu pai estava aqui, implicando comigo, ao invés de estar aproveitando o intervalo junto com seus amigos, eram desconhecidas por mim.

— Existem horários melhores para se fazer uma tour pela escola, Whitford – cruzei os braços, na defensiva. — Refeições são importantes para o crescimento, ainda mais quando você quase não cresceu.

Eu iria revidar, juro, e revidaria de uma maneira icônica e que o deixaria no chão, no entanto, quem estava no chão novamente era eu. Apolo jogou um pacote na minha mão e saiu. Atordoada e confusa, nem cogitei a chance de correr atrás dele e dar, sei lá, uns três tapas na cara dele. Abri o pacote e me surpreendi por ser sanduíche de tomate seco, alface e queijo. Não fazia ideia de como ele sabia sobre o meu vegetarianismo, entretanto, nem eu e nem meu estômago reclamamos.

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Ser aluna nova havia vantagens e desvantagens, porém até o momento aparentemente haviam muito mais desvantagens. Um exemplo clássico era estar perdida e atrasada para a próxima aula. Fui obrigada a parar e perguntar a um grupo de estudantes onde ficava o bendito laboratório de Biologia.

Tentei entrar despercebida na sala de aula, mas claro, não consegui.

— Pois não?

— Sou aluna nova, me perdi – não era uma mentira, mas o olhar profundo que o professor emitia para mim me dava calafrios mesmo assim.

— Compreendo. Sou o professor de biologia prática, pode me chamar de Sr.Willows – apresentou-se. — Eu acabei de separar os parceiros de laboratório, mas para sua sorte, ainda resta a senhorita Amélia sem par.

Segui para onde seu dedo indicava e me sentei ao lado de uma garota negra de cabelos cacheados longos e volumosos. Ela parecia estranhamente familiar com seus grandes olhos castanhos e lábios carnudos, só que eu não correria o risco de dizer isso em voz alta e ser taxada como maluca.

— Oi, sou a sua parceira – falei sentando-me.

Diferentemente do que eu imaginava, Amélia abriu um grande sorriso sincero para mim.

— Brise, acertei? – confirmei com a cabeça. — Sou a Amélia, mas pode me chamar de Ames ou, como Greg gosta de me chamar, Lia.

— Pode me chamar de Bris se quiser. Como você sabe o meu nome? – perguntei desconfiada.

— Gregory é meu irmão e Oliver, Julie e os gêmeos são meus amigos – respondeu.

— Deuses! Foi por isso que te achei tão familiar!

Amélia riu e revirou os olhos.

— Todos falam que meu irmão e eu somos parecidos. Me falaram que você e Alexander também eram semelhantes, mas não imaginei que você seria quase uma cópia dele.

Por trás do gelo [Em revisão]Where stories live. Discover now