Capítulo 26 - Piranhas na piscina

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Eu achava que amava Maria Antonieta mais do que qualquer outro no mundo, no entanto, Goku era claramente um forte concorrente a esse cargo.

Gostaria de ser iludida ao ponto de achar que assim que subi para o meu quarto, ele me seguiu e se deitou ao meu lado na cama porque sabia que aquele não era um dos meus melhores dias e queria me reconfortar. Mas ele só se deitou e começou a roncar com Maria Antonieta estrategicamente enfiada entre suas patas dianteiras.

Acho que no fundo, eu sabia que ele sabia que eu estava mais calma desde que conversei com Apolo antes de subir novamente.

Só que em contrapartida, eu estava mais confusa do que qualquer outra coisa.

Era um saco, se quer saber. Digo, por que eu não podia ter me acalmado sozinha? Eu sou uma garota autossuficiente e sei lidar com meus próprios sentimentos, ou ao menos deveria saber. E então Apolo aparece com seus olhos gentis e brincalhões e eu pareço ter usado mais maconha do que o Snoopy Dog.

Argh.

Parando para pensar, é tudo culpa minha. Eu não deveria ter aberto a janela, para início de conversa, porque dai eu teria um pensamento a menos para encher a minha cabeça cheia de dilemas.

Eu estava assistindo a maratona de filmes clássicos no HBO e estava até legal, se eu prestasse atenção, tinha certeza que sim. Mas eu só sabia ficar relembrando a conversa com Sol, como ela e meu pai já se conheciam desde a faculdade.

Eu só parei de pensar nisso quando ouvi batidas leves na janela. Imediatamente eu gelei pensando que poderia ser um ladrão, um psicopata ou um vendedor ambulante que me mataria assim que eu desse as costas para pegar o dinheiro, a fim de pagar os estragos das unhas da minha gata em suas coisas. Só parei de viajar quando identifiquei os cabelos banhados do ouro de Minas que Apolo carregava.

Deuses, eu precisava parar de viajar tanto. E de ficar tão idiota ao vê-lo.

- Existem meios mais convencionais de se entrar na própria casa, Maddox. - Brinquei ao abrir a janela, só que olhar tão perto para ele me fazia lembrar daquela noite vergonhosa no Ernandes e de como nós estávamos extremamente próximos e podíamos nos beijar se nos inclinássemos um pouco. Além disso havia sua namorada Angel da Victoria's Secret. Fechei a cara novamente e me afastei para que ele pudesse entrar.

Voltei a me aconchegar no sofá e, pela minha visão periférica, observei quando Apolo liberou os alarmes e pôs Goku para dentro.

Continuei com a minha maratona super interessante de filmes e fingi que além de estar imersa naquele clássico de noventa e sete, eu não havia notado que estava sendo observada pelo meu quase meio irmão.

Dei espaço para que ele pudesse se sentar, mas só porque eu havia recebido uma educação rigorosa do meu avô e não queria decepciona-lo com minhas atitudes grotescas, como ele mesmo dizia.

- E então, o que está assistindo? - Apolo perguntou.

Não responda, fique na sua e segure o choro diante das próximas cenas. Eu não podia dar abertura a Apolo, minha cabeça já latejava com os últimos acontecimentos e eu não precisava que ele desencadeasse outra dor de cabeça só por ele ser ele.

- Meu primeiro amor. - Fiquei horrorizada quando as palavras saíram da minha boca sem o meu consentimento. Eu precisava de um novo cérebro, algum que pelo menos me obedecesse. - Toda grande história de amor começa com uma grande amizade. É isso o que eles querem passar, sabia?

Por trás do gelo [Em revisão]Where stories live. Discover now