Capítulo 5- verdades duras

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Passei o dia limpando o interior da casa. No começo, tentei me afastar dos móveis até que tivesse a permissão dele para mexer. Enquanto varria a sala, encontrei um cartucho de bala no chão, estremeci e respirei fundo, ao continuar varrendo, encontrei pingos de sangue que possivelmente eram do dia que ele chegou machucado.

- Já terminou?- me virei rapidamente o vendo parado no canto da sala.

- E-eu... Não eu...

- Ahh- ele resmungou indo até mim- Não precisa limpar isso, depois está tudo sujo de novo

Fiquei em silêncio sem saber o que responder. Dori segurou meu rosto para o dele e ficou me olhando por um tempo, dei um passo para trás assustada e ele riu se afastando.

- Quer tomar um banho?- ele foi até a geladeira pegar uma garrafa de vodka - Pode ir, pega uma roupa aí na sacola- ele apontou para uma sacola com logo vermelha no sofá - peguei as primeiras P que vi, então pode ser que não sejam das melhores, mas serve para você usar nesse tempo.

- Você vai sair?- perguntei

Ele abriu a garrafa e encheu um copo.

- Por que está perguntando isso?- ele deu um gole na bebida amarga e voltou a me olhar.

- Não sei, pensei que estivesse planejando mais alguma coisa enquanto estava no quarto - falei e olhei para baixo com medo do que ele poderia dizer ou fazer em seguida, porém ao olhar para perto dos meus pés vi a mancha de sangue novamente, o que me fez erguer o rosto.

- Um trabalho bem feito requer tempo, Hanna...

Assenti e terminei de varrer aquele local, colocando a sujeira na pazinha e me retirando dali.

- Ei- ele me chamou e eu puz a vassoura no chão, me virando suavemente. Ele estava com os olhos cansados, possivelmente por causa da bebida e pouco descanso.- Você acha que eu sou um monstro?

Fico paralisada com a pergunta e espero que ele rompa aquele silêncio se auto respondendo, porém não ocorre.

- Vai... Tome um banho, pode deixar a vassoura aí no canto que eu jogo o lixo fora... O banheiro é no fim do corredor.- assenti e fiz o que ele mandou, peguei uma roupa qualquer dentro da sacola para sair dali o mais rápido possível e fui até o banheiro.

Ao fechar a porta, me escorei na mesma sentindo uma forte vontade de chorar. Eu estava criando uma empatia por alguém que nem conhecia direito, e tudo o que sabia dele eram coisas ruins.

Senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto e me apressei para me despir e entrar logo embaixo do chuveiro, dessa forma escondendo minhas lágrimas de mim mesma.

Após o banho, vesti um shorts e blusa com desenho de morangos que o garoto havia comprado, penteei meu cabelo o deixando solto e saí do banheiro em direção a sala.

Ao chegar, vi Dori sentado no sofá com a garrafa quase vazia, ele havia bebido uma garrafa de álcool em menos de quinze minutos.

- Aonde você vai...?- ele perguntou sem abrir os olhos e eu me aproximei.

- Precisa de alguma coisa?- perguntei e ele se remexeu abrindo os olhos.

- Senta aqui, vamos ver um pouco de televisão - ele pegou o controle e clicou diversas vezes em teclas erradas até finalmente acertar o número do canal que queria.

"Hanna Watanabe, sobrinha de Ripper Watanabe continua desaparecida, a última vez que a jovem foi vista foi na terça-feira, um dia antes da morte do tio. A perícia confirmou que a bala foi disparada da direção da porta do quarto, como se o assassino estivesse escondido a algum tempo só esperando o advogado líder adormecer para completar o homicídio. A polícia também disse que parece ter sido uma morte planejada e que a espessura da bala aponta para um revólver ilegal e importado, descartando assim o envolvimento da sobrinha"

𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐯𝐢𝐝𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞𝐛𝐫𝐚𝐝𝐚𝐬- Dori Sakurada Where stories live. Discover now