Capítulo 9- O amor é vermelho sangue

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- Melhor a gente entrar agora...- ele piscou várias vezes e balançou a cabeça, desviando a atenção de mim.

- Tudo bem... Vamos entrar- caminhei ao lado dele sem mencionar o que tinha acabado de acontecer.
[...]

Após o banho, nos sentamos no chão da sala, Dori havia forrado um edredom e um lençol por cima para que o chão frio não passasse para a gente.

- Que tal a gente fazer um jogo de perguntas, sem ter a ver com nenhum acontecimento fatídico nosso?- ele se virou para mim cruzando as pernas.

- Tudo bem, pode começar.

- Qual é sua cor favorita?

- Preto e a sua?

- Rosa- respondi- agora é sua vez.

- O que você mudaria se pudesse voltar no passado?- passo a encarar o chão para pensar.

- Eu estaria no mesmo ônibus que meus pais, não sei como, mas estaria, morreria com eles.- Dori não questionou- e você?

- Não iria tentar vingar a morte da minha mãe, porque ao tentar fazer isso perdi outra pessoa importante para mim.

- Acho que isso se tornou fatídico rápido demais...- ele riu e balançou a cabeça.

- Não tem problema, dessa vez vou te responder- ele respirou fundo.

- Você conseguiu vingar a morte da sua mãe?- perguntei com um pouco de medo de causar dor a ele.

- O que é a vingança ao final? Tirar a vida de outra pessoa resolve a morte da outra? Da algum sentido para aquela morte?- ele me olhou e parei para pensar na minha situação.- Minha mãe trabalhava com o corpo, era prostituta, eu nasci por um acaso, e depois desse acaso minha mãe começou a ter um relacionamento sério com o meu "pai", eles ficavam e depois paravan- ele fez aspas com os dedos- passando 8 anos minha irmã nasceu, esse homem estava louco, começou a perseguir minha mãe porque ela saiu da casa de prostíbulo, ele queria acabar com a vida dela. Para nos proteger ela deixou a gente com os nossos avós, nunca tocou nesse assunto porque sabia que seria muito julgada pelos pais, e pouco tempo depois faleceu. Mas aí eu cresci, encontrei essa gangue, minha avó foi assassinada...- ele respira fundo novamente e fica um tempo em silêncio - e quando apareceu uma família para adotar minha irmã eu convenci ela de que seria melhor que eu não fosse- ele riu de lembrando da situação - eu não mereço ser amado, nunca mereci...- tentei não interrompe-lo- Quando eu saí do abrigo fui de encontro com aquela gangue, nessa época, conheci Lizzie.

- Você sabia do que tinha acontecido com ela?- perguntei.

- Não... Ela só foi me contar bem depois - ele retoma a história - Quando eu descobri onde estava Gael, meu "pai" e assassino da minha mãe, eu fiquei furioso, não esperei planejar nada, apenas peguei uma faca e fui até a casa dele. No dia, soube que teria uma festa de formatura da esposa dele, pensei que ele estava sozinho em casa porque foi essa a informação que chegou até mim- ele desviou o olhar- mas na verdade ele teve outro filho, e naquele dia a criança estava doente e por isso não foi junto com a mãe, ela tinha ido porque não podia faltar. Eu matei Gael na frente de Matias, enquanto eu o esfaqueava, vi o menino chorando atrás da porta- os olhos de Dori transbordaram em lágrimas - ele tinha 7 anos na época e hoje tem 19, a idade que eu tinha... Eu continuo levando dinheiro para ele como pedido de desculpas, pretendo fazer isso para sempre.

- E sua irmã...?- perguntei.

- Ela está com 21 anos, ainda mora com os pais e está fazendo faculdade, ela está muito bem.

- Então você voltou a vê-la? - ele negou com a cabeça.

- Ela deve ter esquecido de mim e é mais seguro para ela assim, tem muitas pessoas atrás de mim... O pessoal da gangue, já que agora eu trabalho sozinho, a polícia e os criminosos que sabem que podem me contratar para matá-los. Eu sou um monstro na verdade kkkkk- ele riu claramente desconfortável e triste por falar isso- Toquei a mão dele.

𝐄𝐧𝐭𝐫𝐞 𝐯𝐢𝐝𝐚𝐬 𝐪𝐮𝐞𝐛𝐫𝐚𝐝𝐚𝐬- Dori Sakurada Where stories live. Discover now