021

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021: 𝓞 que vem
depois de as coisas
se acalmarem?

       PASSAMOS PELOS CORREDORES E é óbvio que chamamos — Wonyoung chama — atenção

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       PASSAMOS PELOS CORREDORES E é óbvio que chamamos — Wonyoung chama — atenção. É o dia seguinte ao incidente no refeitório; o desmaio. Parece que todo mundo só fala e pensa nisso. Enquanto seguimos pelos corredores, ela é cercada de olhares, cochichos e um clima esquisito. Ainda assim, mesmo ciente de que todos estão falando sobre ela, Wony continua o percurso até a sala de aula.

       Sentamo-nos nos mesmos lugares de sempre. Wonyoung, Kyujin, Lia, Yunjin e eu.

       Arrumo o meu material sobre a mesinha. Certifico-me de que o lápis e as canetas estejam todos alinhados, que nada esteja torto. De torta já basta a minha vida, parece que tudo está fora do lugar. Pelo menos organizar a mesa me acalma.

       Olho pela janela de vidro ao meu lado. Lá embaixo, no gramado, consigo ver Ningning e Jiwoong juntos produzindo o que suponho ser uma nova matéria, de acordo com os equipamentos que carregam. Ver os dois ali me faz sentir saudades, eu costumava estar com eles.

       Ainda não consegui um novo clube. Estou adiando, enrolando, não fui atrás de um.

       É tão difícil ter que sair do clube, mas esta é uma decisão que eu deveria ter tomado desde quando pensei que era tudo culpa de Minho. Eu não concordo com o que foi feito, então não devo estar naquele círculo. Preciso virar a página de uma vez, mudar para um novo clube, talvez seja a minha chance de encontrar uma nova paixão ou me aprofundar em uma antiga.

       — Você está bem? — Lia pergunta novamente para Wonyoung, preocupada. Todas estamos.

       — Eu estou. — ela diz, sorridente. As olheiras diminuíram, estão quase invisíveis. Bem, pode ser por conta da sua maquiagem muito bem feita. — Não se preocupem comigo, a médica me liberou. Estava cansada, estressada com as aulas, não comi direito e deu no que deu.

       — É que é meio impossível a gente não se preocupar depois de ver você desmaiando na nossa frente, prima. — Kyujin recorda. Foi tão repentino, ficamos todos assustados. Sinto uma aflição só de relembrar. — Eu sempre falo que você tem que comer, mas você nunca me escuta.

       — Kyujin, eu não quero ouvir sermão. — o assunto diz, cansada. — Já ouvi o suficiente da minha mãe. Vamos esquecer isso, está bem?

       Esse é um assunto que com certeza não vamos e nem queremos esquecer tão cedo.

       Se visto de fora, talvez o que ocorreu passe despercebido como um caso isolado, mas não para nós. Acompanhamos a vida de Wony desde sempre, sabemos como é a sua saúde e o quão prejudicial isso pode se tornar ainda mais para ela. Nos preocupamos igual a todas as vezes em que ela ia parar em hospitais na infância, temos medo, porque a amamos muito.

𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 '𝐋𝐈𝐊𝐄'; 𝗹𝗲𝗲 𝗸𝗻𝗼𝘄Where stories live. Discover now