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QUANDO SE PENSA UM POUCO NO sistema social por trás de uma amizade, é possível ver algumas (muitas) semelhanças com um relacionamento romântico. Há companheirismo, afeto, admiração e, mas duas delas, às vezes é preciso ignorar algo para que a relação funcione.
O amor é o estágio mais avançado, imperfeito e extraordinário das relações. Muito se fala sobre o amor, mas pouco se pensa a respeito do fenômeno da amizade.
Para cada um, ela funciona de uma maneira diferente, com suas próprias características e peculiaridades. Existem muitas formas de amizade, formas infinitas de se relacionar com o outro e expressar nossos sentimentos.
Com Lia, é a certeza de ter um consolo. É possuir uma segunda casa, um abrigo, refúgio, ombro amigo, ótimos conselhos; com Yunjin, é estrondoso. Estar com ela é ter barulho de risadas, com a Huh tudo carrega mais humor, é endorfina, serotonina; com Wonyoung é simples, não complicado. Ficar ao lado da morena é ter calma, a paz que faltava. Ela sorri, trazendo seu espírito leve e bondade; com Jeongin... costumava ser liberdade. Yang é uma roda-gigante, você sente a adrenalina correndo nas suas veias. Como se tivesse exagerado no açúcar, é possível sentir o corpo sendo carregado com energia.
Eles eram o meu combo perfeito de amizade, os cinco.
É triste ver tudo acabando, saindo do controle. Somos amigos há tantos anos que eu até já perdi a conta deles. Parece que nos completarmos sempre foi algo natural, lembro de nós juntinhos, inseparáveis. Gostaria que continuasse tudo igual.
Vi Jeongin sozinho, me aproximei e tentei conversar, mas ele foi levado embora antes que dialogássemos. Mais uma vez, o perdi de vista.
Sinto-me arrasada com tudo o que está acontecendo e essa nem foi a pior parte, porque quando retorno ao banheiro, para tentar ajudar a garota da cabine, percebo que ela é alguém que já vem precisando de mim por muito tempo. Não sei porquê, mas ainda me choco quando a vejo dentro do banheiro.
— Wonyoung!? — tomo um baita susto.
Anteriormente, eu disse que, às vezes, é preciso ignorar algumas coisas nesse tipo de relação para que ela funcione, sim, mas esta nunca será uma delas.
— Wony... o que é que...? — tento perguntar, mas nem mesmo sei como iniciar a conversa.
Espero que ela me entenda, que interprete o que quero saber e, se possível, me conduza à uma resposta. Porém, isso não acontece. Ao invés disso, o que percebo são os seus olhos brilhando — não da maneira que eu gostaria de ver —, os lábios se contraindo em um bico e uma explosão de choro ocorre logo em seguida.
Por alguns momentos, eu simplesmente não sei como prosseguir. Se devo perguntar o que está acontecendo, ficar calada, esperar o choro passar ou simplesmente chorar junto, nada disso fica claro na minha cabeça.
