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— Eu estou cansada! Sou eu ou ela, escolha!
— Amor não precisa disso — Kirk disse com a tensão na voz inclinado sobre a janela.
Lá estava eu no telhado da casa segurando uma guitarra nas mãos pronta para jogá-la pelo jardim abaixo, eu estava nos meus dias de The Other Woman, meu relacionamento com Kirk andava impossível tudo porquê ele passava tempo demais dedilhado as cordas daquela guitarra. Eu estava de férias e chamei ele pra ficar comigo nesse período imaginando que poderíamos passar mais tempo juntos mas não foi isso que aconteceu, sempre era eu, ele e aquela maldita guitarra.
— Eu vou contar até três. Um... Dois... — eu sibilei, afrouxando meus dedos a cada segundo.
— Tá bom, você venceu! Eu vou melhorar — Kirk disse com a tensão ainda em sua voz.
— Promete?
— Eu prometo, agora desde daí! — ele falou estendendo sua mão para mim.
Kirk arrancou sua Flying V 1979 das minhas mãos depois fechou a cara pra mim e continuou durante um longo tempo, ele sentou na poltrona do lado da minha cama e deitou a guitarra no carpete, ele olhava pra mim e olhava para a guitarra, para mim e depois para a guitarra novamente. Era evidente que sua mão estava formigando para toca-lá, eu estava deitada na cama folheando uma revista e percebendo a infelicidade dele em não poder passar o resto da noite com a guitarra nas mãos. Eu não sabia se ficava feliz por não ser outra mulher roubando sua atenção ou triste por não ser tão suficiente quanto uma guitarra, mas no fundo agradecida por este ser o maior dos problemas levando em conta que namoro um rockstar.
— Se quiser pegar então pegue — eu disse ainda folheando a revista.
— Você não vai ficar mal com isso?
— Não. Faça o que quiser.
Assim ele fez, pegou a guitarra e começou a dedilhar as cordas, mesmo não estando conectada a nenhum aparelho de som eu ainda conseguia escutar o som das notas ecoando pelo quarto. Meus olhos estavam marejados, eu devia ter jogado aquela guitarra pelo telhado quando tive a chance, mas não iria adiantar muita coisa, eu tinha acabado de perder meu namorado para uma guitarra. O quarto ficou em silêncio por alguns segundos, e logo percebi Kirk me encarar com um sorriso tímido e arrependido no rosto após voltar com o instrumento sutilmente para o carpete, depois ele veio em minha direção na cama e se inclinou sobre mim, distribuindo beijos pelo meu pescoço, me fazendo cócegas enquanto eu tentava afastá-lo e disfarçar minha cara de choro.
— Odeio quando você fica brava comigo — ele murmurou entre os beijos.
— Eu não estou brava, agora sai de cima de mim — disse ainda tentando mantê-lo longe.
— Então cadê o meu sorriso? — Kirk perguntou, sorrindo, o que acabou me fazendo sorrir também.
Merda! Eu odiava quando ele falava isso, era sempre quando ele queria encerrar uma discussão e na maioria das vezes funcionava.
— Eu devia ter te expulsado daqui, você e essa outra aí — disse, apontando para a Flying V no chão.
— Sem insegurança meu bem, você sempre vai ser a minha favorita! — ele murmurou, passando as mãos pelo meu rosto.
