| Capítulo XX: Ferimentos que doem |

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"Preparado para desvendar o mundo que existe em baixo de nossos olhos? "


 |Capítulo XX: Ferimentos que doem|

Jasmim sempre soube que iria morrer e sempre lidou muito bem com isso, na verdade, ela parecia lidar com a própria morte com uma paz tão absoluta que assustava os que conviviam com ela, mesmo sendo seres sobrenaturais ou não. Ela já havia enfrentado ou indo em busca da morte tantas vezes que faria o mais vil dos vampiros fazer o sinal da cruz.

Então, assim como nas vezes anteriores, foi frustrante ainda estar viva.

Com dificuldade, ela abriu seus olhos castanhos, a perna não doía tanto quanto antes. Sua cabeça repousava em algo macio, mas não era o corpo de Miguel ou Mitzy. Ela virou a cabeça para a esquerda, quase se levantando ao ver Miguel ao seu lado, em uma cama que ela imaginava ser igual a que ela deveria se encontrar, sua cabeça estava enfaixada. Ela franziu o cenho, não lembrava dele ter se ferido. Aquilo a fez lembrar de Luzia, olhou à sua direita, mas não foram cabelos loiros que viu. Mitzy se encontrava deitada, o olhar meio perdido no teto, seus cabelos não estavam no tom de roxo vibrante, mas sim num tom de mel que a deixava parecida com Aliah. Seu rosto estava magro e abatido e seu braço esquerdo enfaixado, algumas vezes ela retirava o olhar do teto e ia para a garra no lugar de sua mão, Jasmim teve impressão de ver lágrimas em seus olhos.

– Luzia...

O nome da garota escapou quase que inaudível, mas Mitzy ouviu. Escondendo o braço ferido e a respondendo.

– Ela tá na cama do meu lado. Só respirou fumaça, é a menos pior de todos nós.

Jasmim tentou se sentar para ver Luzia, mas sentiu a perna doer, jogou novamente o corpo contra o travesseiro, sentindo o conforto e o macio.

– E o Miguel?

– Gerald nos teleportou antes da casa desabar. Miguel estava segurando você e acabou se desequilibrando com o impacto e bateu a cabeça numa pedra ou árvore... não lembro direito, já havia desmaiado. – Ela lançou uma risada amarga. – Gerald depois nos trouxe para a casa da Lilith.

– A gente tá na casa dela?

– Eu sei, né? – Ela olhou ao redor. – É praticamente um hospital em casa. Gente rica é engraçada...

Jasmim respirou fundo, sua perna doía quando ela tentava mexer, mas se esforçava até sentir o macio da colcha de cama branca e a ardência do machucado cicatrizando. Ela fechou os olhos, um sorriso escapou de seus lábios. Eles estavam bem, estavam vivos.

Por mais que a morte fosse um assunto de interesse para ela, era na sua morte que Jasmim via algo, não poderia se perdoar se houvesse perdido algum deles, não seria justo Luzia, Miguel ou Mitzy perderem suas vidas e ela continuasse ali.

Não soube muito bem quando foi que voltou a dormir, mas acordou quando sentiu alguém tocá-la. Ela recuou, pronta para dar um soco em quem quer que fosse, até que se acalmou ao reconhecer Aliah.

– Desculpe.

– Está tudo bem. – As covinhas da mulher decoravam seu sorriso amigável, Jasmim sorriu também. – Só vou aplicar mais um pouco do emplastro e te dar algumas poções para dor e vitalidade, tudo bem?

Enquanto Aliah tirava o curativo, Jasmim olhou ao redor, encontrando a cama de Luzia e Miguel vazia e apenas Mitzy dormindo ao seu lado. Ela franziu o cenho, puxando a perna que era limpa, mas soltando um grito abafado com a dor.

– Jasmim! Cuidado! – A bruxa percebeu qual era a preocupação de Jasmim, tocando em seu ombro bom para confortá-la. – Miguel e Luzia estão bem, Luzia está tomando banho e Miguel está sendo examinado por Rosa e Lilith, Rosa tem medo do ferimento ser mais grave e Lilith não quer que ele escape.

A Filha Do Caos - saga A Capa livro 1Where stories live. Discover now