|Capítulo XVII: Histórias de bruxas|

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"Preparado para desvendar o mundo que existe bem debaixo de nossos olhos?"


|Capítulo XVII: Histórias de bruxas|

Acordar era estranho para Jasmim. O fato de estar viva mais um dia não era algo que a agradava, porém ela havia aprendido a viver com isso e, na atual situação que se encontrava, estar viva era uma benção e ela deveria agradecer por isso.

Ela tentou levantar, mas o puxão da dor de sua perna a fez se lembrar da noite passada. Ela deu uma mexida no ombro, ele já estava ruim na Capa, a luta de ontem só piorou o machucado, sem contar o braço quebrado.

– Você acordou!

A voz de Luzianna apareceu na porta. Jasmim a observou, seu cabelo estava preso em um coque e ela vestia roupas diferentes, uma blusa regata branca e uma calça moletom azul, a bruxa desceu o olhar até os seus pés, parecendo novinhos em folha.

– A mãe da Mitzy aplicou um emplasto em mim, eu não tava botando fé... – Ela mexeu o calcanhar. – mas deu certo!

– É uma pena eu não ter tido a mesma sorte... talvez SE EU NÃO TIVESSE LEVADO UM TIRO!

Luzia revirou os olhos, ela ainda estava culpada pela noite anterior, ficou nervosa com todos aqueles demônios e a arma que, quando tentou acertar Eligor, o projetil acabou errando um pouco o alvo.

– Desculpe se eu não cresci num mundo onde é normal saber matar antes de andar!

– Armas não matam! O que mata é uma imbecil no gatilho!

– VOCÊ TÁ ME CHAMANDO DE IMBECIL?!

– SIM! E DE IDIOTA! BURRA! CEGA E...

– Ei! Ei! Ei! – Assim que Lilith entrou no quarto e a gritaria se acalmou. A primeira mulher também vestia roupas mais confortáveis, um macacão animalprint que a deixava com cara de socialite quarentona e não uma rainha infernal. – Para que tantos gritos?!

As duas garotas se olharam, por um momento, envergonhadas com a bruxa. Lilith revirou os olhos e cruzou os braços, suas unhas vermelhas roçando na pele escura de seu antebraço.

– Me magoa ver duas jovens tão promissoras discutindo tanto. Eu adoraria entender a razão de tanta inimizade.

Jasmim arqueou a sombrancelha, fazendo um pequeno barulho com a língua enquanto apontava para a perna machucada. Luzianna bufou em resposta e uma nova discussão estava se iniciando.

– Eu ordeno que parem!

O grito de Lilith reverberou em uma onda que fez o quarto estremecer, causando um ardor forte na garganta das meninas, as impossibilitando de falar.

– Se controlem! E, uma de cada vez, me expliquem o porquê desse ódio.

A primeira mulher olhou para Luzia, que começou a se explicar.

– Eu não odeio a Jasmim, ela que me odeia desde o momento que nos conhecemos!

Jasmim tentou contestá-la, mas sua boca não se mexeu, soltando apenas alguns ruídos abafados. Lilith abriu um sorriso, se virando para a jovem.

– Ok, Jasmim, agora você pode falar.

Jasmim pareceu sem ar quando sua voz foi liberada, ela tocou a garganta, cantando algumas sílabas antes de começar seu discurso.

– Primeiro, isso não foi legal. – Ela, ainda ofegante, apontou para Lilith, depois voltou sua visão para Luzia. – Eu não odeio você, mimadinha infernal, você é insignificante demais na minha vida para eu odiá-la. O que eu sinto é que você é uma pedra no meu sapato!

A Filha Do Caos - saga A Capa livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora