| Prólogo |

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|Prólogo|


A noite fria combinava com a situação. Em uma cela no instituto de defesa contra demônios e seres das trevas, também conhecido como A Capa, uma traidora dava à luz a uma criança.

– É uma menina!

A parteira anunciou levantando a criança ao olhar da mãe. A pequena menina chorava nos braços da senhora, nascida com duas semanas de antecedência. Foi um choque quando no meio da madrugada a prisioneira começou a sentir fortes contrações, no começo os guardas pensaram ser mais uma artimanha para fugir, mas ao observarem a poça de água se formar nos pés da mulher tiveram certeza que aquilo não era um truque.

A mulher de idade avançada estendeu a criança para a mãe, que com uma expressão de dor pegou a menina.

– É uma caçadora... – Gemeu a mulher, analisando a pequena marca no antebraço esquerdo da criança enquanto a ninava. Uma meia-lua e três pontos, a marca alguns tons mais escuros que a pele da menina mostrava sua santidade. – Até que para uma aberração você é fofa...

A menina parecia se acalmar. Ela era pequena, não passava dos quarenta centímetros, tinha uma pele extremamente branca e bochechas evidentes. Parecia uma pequena boneca de porcelana. A mãe admirava a criança, espantada por sua beleza.

Como ela podia ser tão bela?

Como a filha de um demônio podia ser tão bela?

A presença de mais uma pessoa no local chamou atenção. A mãe olhou para porta da cela, logo reconhecendo sua primeira visita após o parto. Uma mulher alta, de olhos azuis piscina, pele branca como a neve e cabelos loiros e longos presos em uma trança. A mulher trajava com si uma pose de perfeição e severidade, notável pelo longo vestido branco que usava.

– Angelic Skyson... – Sussurrou a mãe, havia ódio em seu olhar.

– Queenie Harper, pelo jeito o parto ocorreu bem. – Cumprimentou a loira se aproximando da cama onde Queenie estava. – Já decidiu o nome da coisa?

"Coisa", nada de bebê, criança ou qualquer adjetivo bondoso para a recém-nascida. Crianças eram seres puros, pequenos anjos enviados do céu, e a pequena Luzianna era de tudo, menos um ser enviado dos céus.

– Seu nome é Luzianna...

Respondeu Queenie enquanto olhava para a criança. "Luzianna" pareceu gostar do nome, já que abriu sorriso sem dentes. Já a Skyson, pareceu não demonstrar nenhuma reação.

– Sua irmã, Delilah, acabou de chegar. Creio que já é hora de se despedir de sua cria.

Queenie colocou a bebê de lado, em uma pequena manjedoura improvisada de berço. Luzianna reclamou com grunhidos baixos, mas logo parou.

– Angelic, poderia se aproximar um pouco? – Pediu Queenie enquanto arrumava sua postura. Angelic franziu o cenho, olhou para os lados, procurando à parteira, mas não achou ninguém. Mesmo com receio, se aproximou da loira.

Em um baque, Queenie puxou Angelic pelo colarinho, a fazendo encará-la nos olhos.

– Escute aqui, vadia Skyson, eu voltarei a ver minha filha, e no dia que isso acontecer você e toda a sua turminha vão se ajoelhar perante o poder do senhor do sexto inferno.

Em uma fração de segundos a mão de Angelic bateu no rosto branco de Queenie, o tapa foi forte e o estalo com o grunhido de surpresa e raiva de Queenie puderam ser ouvidos de fora da cela. Queenie voltou a encarar Angelic, o lugar estava contaminado por uma aura de ódio.

A Filha Do Caos - saga A Capa livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora