capítulo 38

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Afundo meu corpo na banheira, a água gelada queimando minha pele e me fazendo tremer, mas é o que me mantém acordado. Levanto o olhar para cima, para o teto, onde um bando de psicopatas deveriam estar dormindo. Dormindo na minha casa, sob o meu teto, porra.

Se eu apenas pudesse dormir tão tranquilamente assim como eles, se eu pudesse não precisar me preocupar em fechar os olhos e pesadelos me perseguirem toda maldita vez, me fazendo acordar com uma dor tão forte no peito que mal consigo respirar e uma arma na minha mão apontando para o nada.

Começo a rir, uma risada sem emoção, minha cabeça ainda doendo pelo último pesadelo. Edgar me espancando depois de eu ter levantado a voz na frente dos seus empregados, consciente do que iria acontecer depois: ele me trancando no porão frio e escuro, porque até mesmo ficar trancado naquele lugar com os ratos e sem comida era um destino melhor do que aguentar a fúria de Edgar todos os dias.

Até mesmo naquela época eu não conseguia dormir direito, acho que esses pesadelos sempre estiveram comigo. E ainda assim eu não percebi quando eles pararam de vim, isso porque eu não conseguia focar em nada e nem ninguém além de uma garota com uma boca atrevida. Ela estava em todo lugar.

Sorrio.

Talvez eu apenas devesse ficar com ela pelo resto da minha vida…

O telefone ao meu lado começa a tocar e preciso respirar fundo para não jogar o aparelho na parede. Invés disso, afasto meu cabelo molhado do meu rosto e fecho os olhos, me afundando mais na banheira, deitando minha cabeça na porcelana fria da e atendo.

— Chris. — A voz baixa de Evan chama meu nome.

Solto um suspiro cansado.

— O que?

— Preciso que você vá ao seu escritório e confira algo para mim.

Bufo uma risada.

Ele me liga a essa hora, não me cumprimenta e apenas me ordena como se eu fosse mais um de seus homens.

E é o que eu sou, no final de tudo. Sua posse, herdada pelo seu pai.

Evan está certo, ele me mimou demais e acabei esquecendo meu lugar.

Pisco os olhos e volto encarar o teto, ainda tentando entender como porra eles conseguem dormir tão tranquilamente a noite, como eles ousam.

— Chris, me responda.

Rio.

— Sim, senhor. — Respondo sarcasticamente.

— Pare com isso. — Diz firme e baixo, em um aviso. — Eu não posso lidar com suas birras agora. Um depósito de drogas do seu território foi queimado a 30 minutos da sua mansão. Vá para seu escritório, preciso que você confira quem estava nomeado como responsável por ele.

Afasto a raiva e me endireito na banheira, a água derramando no chão.

— Qual depósito? Tenho cinco ao redor da mansão.

— Por isso preciso que você confira a papelada em seu escritório, vou enviar as coordenadas do lugar.

Murmuro algo concordando e me levanto da banheira, enrolando uma toalha na minha cintura, andando em direção ao closet a procura de uma calça moletom e agarrando a primeira blusa que vejo.

— Já sabem quem foi o responsável? — Pergunto.

Coloco o telefone no viva voz enquanto visto a roupa.

— Não. Todos encarregados pela manutenção do lugar estão mortos. Estou tentando contatar Dante para ele me enviar as imagens da câmera de segurança.

Submissa - O Destino Tem Outros PlanosWhere stories live. Discover now