Epílogo

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Peguei o porta-retratos que estava sobre a estante de livros e sorri ao ver a imagem e me lembrar daquele dia, sabia exatamente do momento que a foto tinha sido tirada, cada palavra que foi dita. Eu estava vestida de noiva, um sorriso enorme nos lábios enquanto meu marido sussurrava algo bem interessante em meu ouvido. Nem acreditava que já havia se passado seis anos. Fui imediatamente transportada para o grande dia.

Era um dia lindo, final do outono, escolhemos o mês de maio para casarmos. Estava tudo tão lindo. Desde que li o livro Amanhecer e depois vi o filme, sonhava em ter um casamento como o da Bela e do Edward, por isso a decoração estava muito parecida, mas obviamente que a minha estava melhor. Eu não estava como a Bela, sem querer casar, deixando que os outros escolhessem por mim, fiz questão de preparar cada coisa junto às minhas amigas e meu marido.

Eu estava tão nervosa, ansiosa demais. Mirei minha figura no espelho e sorri ao ver a perfeição que estava o meu vestido. Muito mais lindo do que o da Bela, eu queria fazer do mesmo jeito, mas minha amiga Liziane fez questão de desenhar o meu vestido e ficou ainda mais lindo. Minha maquiagem estava perfeita e Lizie me garantiu que eu poderia chorar que não iria bobar.

— Claro que eu não vou chorar.

Uma leve batida na porta fez meu coração disparar. Será que já estava na hora?

— Entre.

A porta se abriu e sorri quando vi a Luíza carregando uma caixa branca nas mãos.

— Já está na hora?

— Ainda não, Fernando pediu para entregar isso a você.

Franzi o cenho e peguei a caixa já arrancando o laço vermelho que adornava.

— Vamos começar em 25 minutos.

Abri a caixa e encontrei um cartão sobre o tecido fino de cetim branco.

Dizem que a noiva precisa entrar no altar com algo azul, mesmo que em um pequeno detalhe, para representar a pureza do relacionamento e para afastar energias negativas. Não acredito muito nessas coisas, mas para garantir, quero que use isto.

Do seu noivo ansioso e apaixonado.

Balancei a cabeça com um sorriso bobo, levantei o tecido macio e um som esganiçado saiu da minha garganta pela surpresa ao encontrar um objeto nada ortodoxo dentro dela.

— É sério, Fernando?

Era um plug anal com uma pedra azul que brilhava como um diamante. Isso se não fosse um de verdade. Provavelmente o plug era um dos menores, pois ele sabia que nunca tinha usado um e nunca fizemos sexo assim. Senti meu rosto esquentar de vergonha. Dentro da caixinha tinha um tubo de lubrificante e outro bilhete.

Para ajudar no processo, não use se não se sentir confortável. Eu vou entender. Tenho quase certeza que não vai ter coragem de usar.

Eu te amo.

— Filho da mãe — xinguei fechando a caixa e jogando sobre a cama.

Minutos depois Luíza veio avisar que eu já poderia ir. Ela me entregou o buquê rosa e ajudou com a grinalda. Desci as escadas e meu pai me recebeu me dando um beijo na testa.

— Minha nossa, como você está linda, filha.

— Obrigada, pai. O senhor também está.

— Pronta? — perguntou estendendo o braço para mim.

— Nasci pronta. — Encaixei meu braço no dele.

Prendi a respiração quando a porta da varanda se abriu mostrando todo o cenário do lado de fora. Flores desciam sobre as árvores, tudo branco e verde. Os convidados estavam em pé olhando para a porta. Meu futuro marido sorria lindamente, esse sorriso me fazia esquecer tudo, me fez quebrar muitas promessas na vida. Minhas pernas tremiam tanto que tive medo de cair. Apertei o braço do meu pai e deixei que ele me guiasse. A música do Lukas Graham, Love Someone, tocando no violino embalou meus passos até meu futuro marido.

Quebrando promessas? - DegustaçãoWhere stories live. Discover now