Prólogo - Curiosidade

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O ano era 1945. A noite já havia caído, e o fim do verão lançava brisas agradáveis pelo castelo gigantesco, ele estava em sua ronda noturna. Era a parte que Tom mais gostava em ser monitor, quando ele perambulava por Hogwarts no silêncio e sozinho, sem aqueles sangues-ruins barulhentos e seus seguidores desmiolados.

Tom amava ver a imensidão do lugar que aprendera a chamar de lar, era o que mais amava na escola de magia, o fato dela se estender em um infinito tão familiar.

Era bem diferente do lugar onde Tom crescera, o orfanato em Londres. Geralmente era um lugar horrível, mas com a guerra trouxa, piorara consideravelmente. Odiava ter que se juntar com aquelas crianças durante ataques aéreos, e ouvi-las chorar. Tom odiava choro. Mas Tom odiava muitas coisas.

A sorte de Tom é que a guerra acabara e ele estava quase completando seus dezoito anos, então nada de voltar para o maldito orfanato.

O ano letivo tinha acabado de começar, e era o último ano do moreno em Hogwarts. Ele não estava preparado para dizer adeus.

Mas Tom Riddle tinha grandes planos. Grandes e cruéis. Afinal, não se torna grande e poderoso apenas com as aulas de poções com Slughorn, Tom nascera para algo grandioso, poderoso. E ele contava com isso.

Claro que ele já começara. Sua família trouxa imunda já fora morta e o anel com um pedaço da sua alma, a horcrux, brilhava em seu dedo.

Era uma magia maravilhosa, e se perguntava com frequência porque eram tão poucos os que se atreviam a reproduzi-las. Riddle sempre chegava à mesma conclusão: eram fracos, sem sede de poder.

Claro que a sede de poder de Tom era algo quase crítico. Eram poucos que notavam, na verdade, apenas o velho pateta do Albus Dumbledore que notava que Tom poderia ser perigoso algum dia. Tom jurava para si mesmo todas as noites que quando conseguisse ser grande, no dia que conseguisse ser Lorde Voldemort, iria acabar com Dumbledore pessoalmente.

E antes disso, dois anos antes, ele matara a sangue-ruim da Corvinal, eternizando mais um pedaço seu, em seu diário dessa vez. A maldita agora ficava chorando no banheiro, na forma de um fantasma, mas ela não sabia que a culpa tinha sido de Tom. O trapalhão Hagrid, da Grifinória, levara a culpa.

Para Tom foi bom, se livrou da culpa e acabou com um pouco da glória grifinória.

De qualquer maneira, aquela tinha tudo para ser uma noite tranquila.

Tom Riddle estava tão enganado.

Ele estava quase voltando para seu dormitório nas masmorras, quando ele ouviu um barulho parecido com o de aparatação e um baque surdo contra o chão. Ele sabia que era impossível aparatar nos terrenos da escola, tinha lido isso várias vezes em Hogwarts, uma história. Então o que seria?

Provavelmente o maldito poltergeist aprontando. Ou algum primeiranista desavisado. Suspirou, sua noite tranquila tinha acabado.

- Quem está ai? Sou monitor, apareça! - ele ouviu um barulho, como uma arfada, mas ninguém se apareceu - Quer levar uma detenção?

Bufou e foi até o corredor oposto, de onde vinha o barulho e se assustou. Não era Pirraça, muito menos um primeiranista perdido. Era uma garota.

Ela estava jogada no chão e parecia muito maltrapilha. Tom correu até ela e se ajoelhou ao seu lado. Ela tinha os cabelos castanhos e meio lisos cortados irregularmente na altura do pescoço, e várias cicatrizes e arranhões pelo rosto e pescoço. Estava murmurando coisas sem nexo, e parecia perturbada. Usava calças, o que era estranho para uma garota, e uma blusa de manga comprida. Então ela abriu os olhos, e Tom ficou no mínimo... Admirado.

Faith - TomioneOnde histórias criam vida. Descubra agora