Perguntas

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Hermione sempre gostara de ler. Um dos estilos que ela mais gostava, mesmo que secretamente, eram os clichês. Aqueles clichês em que o garoto mau via algo em especial em uma menina desconhecida e, por ela, ele mudaria.

Não que ela quisesse que Voldemort se apaixonasse por ela. Não, longe disso. Mas, secretamente, esperava que quando o futuro lorde das trevas colocasse os olhos nela e em sua nova cicatriz, ele pudesse ver algo de bom e decidisse que toda sua crença sobre purificação do sangue e submissão dos trouxas fosse algo estúpido.

Se eles soubessem o que Hermione andava idealizando, provavelmente seria condenada a queimar na fogueira.

Mas é claro que ele não se compadeceu. A reação fora mais do que a esperada por um sonserino, e pior, por Voldemort. Ele riu, riu de gargalhar. Sua cabeça fora jogada para trás de tanto rir.

Hermione notou, porém, que não se tratava de uma risada de humor, Voldemort tinha tudo menos senso de humor. Era algo frio, ele estava humilhando a castanha por ela ser nascida trouxa.

- É claro - ele riu mais - Você é uma sangue-ruim. Uma nojenta de sangue sujo.

A grifinória já havia se acostumado com ofensas do tipo, ela era marcada com uma ofensa. Ainda assim, estufou o peito com mais coragem do que sentia e enfrentou o moreno na sua frente, que ainda a segurava.

- Como se seu sangue fosse muito melhor que o meu, Riddle! - ela sibilou - Ou pensa que eu não sei que nessas suas veias corre o sangue de um pai trouxa? - ela marcou cada palavra com ironia, vendo a expressão do sonserino mudar de risonha para aterrorizada e furiosa.

- Como... Do que está falando, Granger? - Há muito Hermione aprendera que falar como sabe? era admitir culpa. E também sabia que Voldemort precisava manter a pose de perfeito demais para admitir algo do gênero.

- Solte-me, Riddle, creio que nossa conversa já acabou. - Hermione puxou o braço e foi em direção a estufa, onde a aula de Herbologia aconteceria, deixando Tom com uma cara no mínimo engraçada.

Não é todo dia que você deixa o Lorde das Trevas com a cara no chão.

- Hermione, você está bem? - Minerva perguntou assim que a menina chegou esbaforida da corrida até a sala.

- Claro, Minerva, estou ótima. - sorriu.

Ela não estava, mas fazia tempo desde que ficara realmente bem com algo. Nos últimos meses, Hermione não tivera nenhum momento bom. O colar que carregava no pescoço e que poderia mudar muito as coisas concordava com ela.

(...)

Tom Riddle dificilmente mostrava que tinha alguma outra face além de exemplar na frente de todos durante as aulas. Claro que com seus comensais, os quatro desmiolados e eficientes "amigos", ele mostrava quem era de verdade, mas, no geral, exemplar era sua única face.

Naquele dia, as coisas estavam diferentes. Primeiro, chegara atrasado à aula de Dumbledore - Tom nunca chegara atrasado na vida. Segundo, sua face de melhor aluno sumira e a de consternado tomara o lugar.

Como Hermione sabia de sua família trouxa? Era um segredo que ninguém sabia! Tom olhou para Dumbledore, imaginando que o valho caduco poderia ter contado algo para a maldita sangue-ruim, mas o mesmo estava concentrado demais sorrindo e explicando algum feitiço transfigurador que, pela primeira vez, Tom não estava nem um pouco interessado em saber.

O professor de Transfiguração notou que Tom não exibia a mesma face curiosa que tinha nas aulas. A única coisa em que Tom nunca fingira.

Era a mesma face que o menino de onze anos demonstrou quando o professor contou que Tom era um bruxo.

Faith - TomioneOnde histórias criam vida. Descubra agora