Lembrada

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Em seu sonho, Tom se viu vestido com uma roupa simples de linho branco e pés descalços. Estava sem a varinha, mas não se sentia desprotegido e vulnerável. Estava curioso. O lugar era terrivelmente branco e claro e aparentemente não levava a lugar nenhum.

Cansado de ficar parado, ele começou a vagar pelo infinito branco, sem realmente saber para onde estava indo. Até que ele avistou de longe um objeto grande e, quando se aproximou, viu que era um espelho.

Ele se posicionou em frente, pronto para ver seu reflexo normal. Os olhos negros como os cabelos, sedosos e lustrosos, com a franja em topete. Era o que esperava. Quando viu o que estava refletido, soltou um grito de terror.

Era uma criatura branca como giz, careca e com todos os traços ofídicos. O pior eram os olhos vermelhos. Tom ofegava de pavor, o que raios era aquilo?

Ele olhou para trás e não viu ninguém, voltou seus olhos para a criatura sorrindo friamente para ele. Tom esticou os braços e a criatura também esticou, repetiu os movimentos e a criatura o imitou novamente.

— Isso... O que é isso?

— Que bom que perguntou, Tom — Tom virou de supetão ao se ver ali. Eram dois Tom? Que sonho maluco era aquele que estava tendo?

— O que é isso? Que tipo de alucinação é essa? — perguntou para o outro Tom.

— Isso é a sua cabeça, Tom. Sua consciência.

— Isso não existe — bufou em gozação — É só um sonho sem sentido, logo vou acordar.

Seu outro eu balançou a cabeça, frustrado com a ignorância de Tom.

— Isso no reflexo é você, Tom. Voldemort. Poderoso e imbatível, tudo o que você quer, não?

Tom voltou a olhar para o reflexo, dando as costas para o outro Tom. Ele viu Voldemort ali e agora conseguia admirar e ver beleza na criatura ofídica. Ele conseguia ver a imponência e o temor que aquela imagem causava. Seus olhos brilharam quando imaginou a quantidade de poder que aquela imagem emanava.

— E como eu faço para conseguir ser assim? — perguntou para o outro Tom.

— Isso é fácil, continue seu caminho, continue com as horcruxes. Mas afaste-se da sangue-ruim.

Piscou aturdido. De algum jeito, não conseguia mais se ver sem a grifinória.

— Chegará uma hora, Tom — o outro garoto continuou — Que você terá que fazer uma escolha séria. Terá que escolher entre o certo e o desejado. Espero que escolha sabiamente.

De repente, como chegou, partiu e, junto com ele, o espelho. Então Tom se viu sozinho novamente. E mais confuso do que nunca.

Quando acordou, Tom viu que era o único que ainda não tinha levantado. Resmungou um palavrão pelo atraso e tratou de se vestir logo. Não podia se atrasar para o encontro com Hermione.

Então se lembrou do seu sonho e do outro Tom dizendo para se afastar se quisesse continuar trilhando seu caminho ao domínio do mundo bruxo.

Ele não podia ter os dois?

No fundo, ele sabia que Hermione nunca o aceitaria se ele continuasse com seus planos. Ela era boa, doce, pura e, acima de tudo isso, correta. E seus comensais não aceitariam uma lady que tivesse o sangue impuro, era contra tudo que pregavam.

O que ele escolheria?

Tom decidiu que não queria se importar com aquilo, não naquele dia. Ele queria apenas sair com Hermione, e fazâ-la esquecer o tal do Ronald.

Faith - TomioneOnde histórias criam vida. Descubra agora