Meu Querido Caipira (Série Desejos)

Capítulo 5

Então Pedro havia me levado pro quarto dele, porque havia mentido que sua avó que mandou, que garoto estranho.

Sorri para ela e me sentei ao lado de Bruna. Peguei metade de um pãozinho e coloquei uma fatia de mussarela, e comi devagar, tentando descobrir algum motivo para Pedro ter me levado pro quarto e mentido que foi sua avó que mandou.

Acordei dos meus pensamentos quando Pedro entrou na cozinha. Nossos olhares se encontraram, fiquei encarando-o, ele fez careta e se sentou em minha frente.

Levantei colocando meu prato e meu copo na pia. Estava saindo da cozinha quando Felipe me chamou.

- Posso falar com você? - perguntou.

- Claro - respondi.

Fomos para a sala.

- Senta - disse ela.

- Não, quero ficar em pé - disse - Fala logo Lipe.

- Lexi, eu sei que é difícil ficar aqui, que você não esta acostumada a viver uma vida simples, que sempre teve tudo o que quer, mas você não era assim antes de tudo acontecer...

- Lipe você sabe o quanto tudo mexeu comigo - disse com a voz baixa.

- Eu sei, eu entendo que foi difícil, que você sofreu muito, mas Lexi não precisa mais dessa mascara.

- Que mascara?

- Não fingi que você não sabe que mascara que eu falo - disse ele - Você não era assim, era educada, simpática, humorada, e depois do que aconteceu você colocou essa mascara, de menininha mimada, que nunca sofre com nada, fria, mal educada.

- Lipe...

- Deixa eu falar - disse ele - Desde que chegamos aqui, você vem causado com o Pedro, entre brigas e intrigas...

- E você queria o que? - disse - Que eu o tratasse bem? Você viu como ele me trata. Mas também o que poderia esperar de um caipira como ele, eu tenho certeza que nem ensino médio ele tem, ele foi criado em uma fazenda, ao lado de bichos, não deve nem pensar no futuro, duvido que ele saiba o que é uma faculdade. Ele não sabe de nada, é mais um caipira que sempre vai viver na roça, pois é a única coisa que sabe fazer...

- Lexi...

- Lexi nada. Pra ver os defeitos dos outros é fácil não é - gritei - Mas vocês não sabem o que se passa dentro de mim. Sim tudo isso daqui é uma mascara, pra eu não sofrer de novo, pra não me machucar, porque eu não quero mais isso, não quero mais sofrer, porque ate agora eu só me fodi na vida. Você estava lá também e viu. Eu só não quero me machucar. Quando vocês falaram que viriam para uma bosta de uma fazenda, eu não queria vir, porque aqui não é o meu lugar, mas aceitei, sabe porque? Por medo de ficar sozinha. Quando cheguei aqui tudo piorou, perdi minha pulseira, meu pulseira Felipe você sabe o quando que ele significava pra mim. Fui humilhada por um idiota de um caipira, tive que enfrentar meu trauma de andar de cavalo, tudo piorou Lipe. Tudo. Ai agora você chega e fala que eu só to causando. Beleza, eu acabo com isso agora.

- Calma Lexi...

- Eu só tava aqui por causa que as meninas me imploraram pra ficar, porque se não, eu já teria ido embora faz tempo. - disse, olhei para baixo, eu não iria chorar - Mas eu vou, quem se importa mesmo não é? Eu só vim pra causar.

- Lexi, não é isso...

Antes dele terminar de falar virei, dando-lhe a costa. Dei de cara com todos nos encarando. Mordi minha língua, para não chorar. Subi a escada correndo e fui para o quarto.

Me agachei do lado de uma das minhas malas e comecei a arruma-la. A porta se abriu, não virei para ver, deveria ser uma das meninas querendo me convencer para ficar.

- Lexi - disse alguém. Opa! Não era a voz das minhas amigas.

Levantei e virei, dando de cara com Pedro.

- O que quer? Vai me jogar para os porcos de novo, porque eu te chamei te caipira? Vai me humilhar? Vai...

- Cala a boca pelo menos uma vez - disse ele.

- Olha, eu não sou obrigada a escutar você - disse.

- Mas você é muito chata, menina - disse ele.

- E você um idiota.

- Patricinha.

- Caipira.

- Mimada.

- Imbecil.

- Linda.

Quando ele falou isso, parei de respirar, meu coração acelerou.

Ele me puxou, selando nossos lábios.