Capítulo 6

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O beijo era rápido, como se necessitarmos disso.

Senti-me confortável em seus braços, como se tudo que me incomodava tivesse sumido.

Separamos-nos por falta de fôlego. Encaramos-nos por um segundo. Não sabia o que falar ou como agir, Pedro colou mais nossos corpos, depois colocou uma mecha do meu cabelo para traz, acariciou minha bochecha, fechei os olhos.

Ele selou nossos lábios de um jeito carinhoso.

Eu queria que esse momento nunca acabasse, e eu não queria ir mais embora daquele lugar.

- Pedro... - sussurrei.

- Shiuuu... - ele deu um selinho demorado - Não fala nada, só vamos curtir esse momento.

- Eu não posso - disse - Meus amigos estão lá em baixo, e eu... eu preciso arrumar minhas coisas.

- Você vai mesmo ir embora? - perguntou, agora me empurrando.

- Esse lugar não é pra mim - disse ainda com a voz calma.

- A é! Eu esqueci que aqui é só pra um caipira com eu, que não sabe fazer nada, não estudou - disse ele - Mas pra sua opinião, eu sei muito bem o que é faculdade sim, ate porque eu fazia uma, ate ano passado, mas tranquei a matricula, porque diferente de você eu me importo com os outros.

- Você não me conhece, então não me julga - gritei.

- Você também não me conhece, mas ama me julgar. Tem muitas coisas de mim que você não sabe, eu não só esse caipira que você pensa.

Não falei nada.

- Eu passei por muitas coisa, que um cara de vinte e um anos não sabe como é - disse ele - Perdi meus pais, comecei minha faculdade de medicina, mas tive que trancar porque meu avó esta doente. Eu prefiro cuidar deles, ficar com eles...

Não deixei ele terminar, comecei a chorar. A imagem dos meus avós e do meu pai veio em minha mente. Virei de costa, ele não iria me ver assim.

- Lexi, eu....

- Você fala muito Pedro - gritei virando para ele - Você não sabe o que eu, uma menina de dezenove anos já passou. Sofri bullying quando tinha quatorze anos por ser gorda, fiquei tão mal que tive bulimia, já fiz loucuras para tentar me matar. Vi meu pai morrer, vi meus avós morrerem, vi minha vida acabar de pouco em pouco, meu primeiro namorado, a primeira pessoa que eu amei, peguei ele na cama com a minha mãe. Eu sou sozinha no mundo, só tenho minha mãe como minha família, que nem liga pra mim. Posso ser uma garota mimada, que tem tudo o que quer por fora, mas por dentro eu sou só uma garota com medo de sofrer mais ainda, me magoar.

- Lexi...

- Eu vou embora - disse - Você poderia chamar o seu avó para levar as minhas malas lá para baixo.

- Lexi...

- Por favor Pedro - disse.

Ele olhou para baixo, respirou findo e me encarou.

- Eu peço desculpas, pelo que eu disse - disse ele.

- Vai demorar muito pra chamar seu avô? - tentei falar com voz firme.

Ele saiu do quarto. Fiquei ali me segurando para nada chorar.

As meninas entraram no quarto.

- Você não pode ir embora - disse Mia - Prometei que iria ficar essa semana.

- Eu...

- Lexi, se você não ficar, vamos ficar muito chateadas com você - disse Bruna.

- Onde estão as suas malas? - perguntou o avó de Pedro.

- Eu não vou mais embora - disse - Não pode perder minhas amigas.

- Sabia - disse Mia e Bruna juntas. Elas correram pra me abraçar. - E para comemorar isso vamos ir para um barzinho hoje.

- Ok - disse por vencida.


Meu Querido Caipira (Série Desejos)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora