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Capitão dos Pênaltis

31 de Outubro

Faltavam duas semanas para o início das competições e Harry sentia todo seu corpo tremer de nervosismo ao ver os dias passarem. Quando contou a novidade para sua família todos ficaram muito contentes e prometeram que iriam vê-lo. E esse era seu maior medo. Harry tinha medo de errar alguma coisa na coreografia, tinha medo de cair e se machucar, medo de virar chacota, mas principalmente de decepcionar quem ele ama. Ele não queria ver o olhar de tristeza e até de pena de sua família ao ver que ele não se classificou para a próxima etapa. Ele não queria os desapontar. Era um problema seu colocar tanta pressão em cima de si mesmo, e só agora ele percebeu a gravidade desse seu defeito.

Por outro lado, isso o dava ainda mais motivação para melhorar, se empenhar mais e mais em seu ofício. Não precisava o conhecer muito bem para ver que Harry queria ser o melhor no que fazia. Ele almejava a perfeição, ou o que chegasse o mais perto possível dela. Se fosse para ser um vexame, que não fosse um vexame tão grande assim. E se fosse para ser bom, por que não ser o melhor?

Naquele mesmo dia o Centro de Patinação de Holmes Chapel havia publicado oficialmente os nomes dos participantes e todos seus amigos vibraram ao verem o nome de Styles ali. Exceto Harry, que estava tento calafrios só de pensar em competir com Ben Winston. Dizer que Winston era o melhor patinador de toda Inglaterra não era nenhum exagero, e o que provava isso eram suas diversas medalhas que, se colocadas todas de uma vez, poderiam quebrar o pescoço do mesmo. Harry já havia trombado com Ben uma ou duas vezes e o rapaz não era nenhum exemplo de simpatia, muito menos de modéstia.

"O que houve, amor? Parece preocupado com algo." Louis disse enquanto observava o maior com um olhar preocupado, logo o abraçando. "Se for algo relacionado ao idiota do Winston não precisa nem se preocupar. Nós vamos chutar a bunda dele se ele te incomodar, eu juro."

E Louis começou a sorrir como uma criança levada que pretendia desobedecer os pais. Harry amava aquele sorriso arteiro. Harry amava aquele garoto.

Na quarta-feira Harry foi assistir ao jogo do time da futebol com Liam e Barbara. Liam namorava Zayn há quase dois anos quando os garotos conseguiram se entender durante um acampamento entre amigos, isso depois de vários beijos bêbados. E quanto à Barbara? A menina namorava Niall desde o ano passado, e apesar do pouco tempo juntos, eles pareciam se completar. Mas o namoro não significava um loiro quieto em casa em plena sexta à noite, Niall não abriria mão de uma festa jamais. Tanto que agora Barbara era encarregada de procurar o garoto bêbado (e provavelmente desmaiado) durante as farras e cuidar dele. Mas ela não se importava, ela parecia gostar disso, pelo mais estranho que soe.

Eles conseguiram um lugar no alto da arquibancada, de onde se podia ver todo o campo. Nos primeiros vinte minutos o time local marcou o primeiro gol da partida, o que levou toda a torcida ao delírio. Eles conseguiram manter a vantagem por um bom tempo, mas com a chegada do segundo tempo o time da universidade adversária empatou o placar. O jogo era acirrado e por se tratar de uma partida importante nenhum dos times cogitava se entregava. Foram diversos minutos com jogadores caindo, se ralando e chutes que iam na trave, quase fazendo o público infartar. No final dos acréscimos o placar continuava o mesmo, então o juíz anunciou que iriam para os pênaltis para, finalmente, decidir quem se classificaria. Era o que temiam: agora nem se tratava tanto de talento e sim de sorte e concentração. A palavra pênaltis era algo que não queriam ouvir aquela noite.

Louis, Niall, Evan, Robert e James foram escalados para defenderem o time de Cheshire e todos esperavam que Zayn pudesse ser ágil o suficiente como goleiro para defender os chutes dos adversários.  Quando o primeiro jogador do time adversário se posicionou para chutar o silêncio absoluto recaiu sobre o estádio. O barulho mais alto que se ouvia era o coração da torcida batendo acelerado pelo nervosismo. Todos os olhos estavam colados na rede, esperando pelo melhor resultado possível. Ainda assim, o empate prevaleceu nos pênaltis, sendo dada mais uma chance para declarar o time vencedor. Louis, como capitão do time, se ofereceu novamente para a tarefa. O jogador do outro time errou, mas isso não era nenhum alívio. Tomlinson ainda precisava acertar aquela bola ou seriam desclassificados por terem menos pontos na tabela. Tudo dependia dele, e a tensão no ar só piorava o seu estado. Enquanto  analisava a rede com os olhos concentrados e mãos na cintura, Harry só pode pensar o quanto era sortudo por ter tudo aquilo só para si, por ter alguém que se esforça por seus objetivos e pelos seus também. Ele não iria deixar aquele garoto ir nunca.

Finalmente ouviu-se o apito. Louis fechou os olhos, respirou fundo e tomou distância para então chutar. Por um milésimo de segundo tudo parecia em câmera lenta, como uma cena de filme. Ver a bola girando no ar, sem saber exatamente o que ia acontecer era assustador e estressante. Após o que pareceu minutos se arrastando, pode-se ver a rede sendo lançada para trás, com a bola dentro dela. Metade da torcida começou a comemorar, gritando e abraçando os amigos que estavam por perto. Demorou alguns segundos para cair a ficha de Louis, mas assim que ele percebeu que a vitória era deles ele correu para os braços dos outros jogadores, que o levantaram em seus ombros em comemoração. Eles não podiam estar mais felizes já que o time não se classificava há 15 anos. Estavam fazendo história! 

Harry não pensou duas vezes antes de descer correndo da arquibancada com Barbara e Liam logo atrás de si. Sem ao menos parar para pensar, ele pulou a barreira em volta do campo, indo ao encontro do namorado que o esperava de braços abertos.

Após muitos abraços, beijos e "parabéns, eu sabia que você ia conseguir!" você poderia considerar aquela cena perfeita. E de fato ela era. Mas um relacionamento é cheio de altos e baixos, e Louis e Harry estavam prestes a enfrentarem várias curvas. Porque você sabe, no final nada é perfeito.