Capítulo doze

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Reunimo-nos na sala, em volta de Stevie − que parecia um pouco melhor − para jantar. Gael já havia cuidado dos meus curativos e, com a ajuda de Mathias, havia preparado uma galinha ao molho de laranja. A comida era divinamente gostosa ou a minha fome era muito grande. O fato é que repeti pelo menos quatro vezes. Entre conversas e risadas, nosso jantar durou mais de duas horas. Por conta da minha primeira surra, fui dispensada de ter que lavar a louça. Fiquei agradecida por isso.

Stevie e eu estávamos sozinhos na sala. Eu estava sentada no sofá e ele deitado, com a cabeça em meu colo. Eu afagava seus cabelos enquanto ele sorria para mim, parecendo não só agradecido, mas também feliz. Vê-lo sorrir novamente era incrível, significava que ele ficaria bem e tudo daria certo. Eu beijei sua testa e logo em seguida distribuí beijos por todo seu rosto. Eu morreria se o perdesse!

— Já estou perdoado? − ele perguntou, com um beicinho fofo que eu amava e ao qual não resistia.

— Sim, mas só porque esteve bem perto de morrer − me fiz de difícil e sorri para ele.

— Você sabe que eu não quis... − o interrompi.

— Shhhh! − pedi, colocando o dedo em seus lábios. — Não vamos mais falar sobre isso − ele assentiu e eu voltei e beijar seu rosto perfeito.

— Vou ficar perto da morte mais vezes, se for para receber tantos beijos assim − nós dois rimos e eu lhe dei um tapa no braço, apenas de brincadeira. Quando olhei para o lado, Gael estava de pé atrás do balcão da cozinha nos encarando com um olhar curioso e feroz. Meu sorriso foi morrendo aos poucos sem que eu entendesse muito bem o motivo. Ele assentiu e se voltou para Rose, falando com ela algo que eu não entendi. Ele estava com ciúmes?

Quando toda a casa parecia dormir tranquila em um silêncio agradável, depositei um beijinho na bochecha de Stevie, que dormia no sofá da sala, e fui para o meu temporário quarto, cedido gentilmente por Gael. Abri a porta e sem pensar duas vezes me joguei na cama. Só Deus sabe como o meu corpo ficou dolorido e a minha mente ficou exausta depois das oito horas de treinamento com Gael e Rose. Minhas pálpebras já estavam se fechando quando ouvi um barulho e virei para o lado bem a tempo de ver Gael saindo do banheiro com apenas uma única peça de roupa: sua cueca!

Gael era todo músculo. Músculos torneados, definidos e atraentes. Eu não podia negar a beleza de seu corpo. Sua pele bronzeada era tão convidativa quanto podia. Seus olhos confundiam-me, ora parecendo verdes, ora azuis. De qualquer maneira, eram uma imensidão na qual eu podia facilmente me perder. Suas coxas eram firmes, seu maxilar, quadrado; suas panturrilhas, rígidas como aço; seu peitoral, largo e acolhedor; seus lábios, carnudos e sensuais; seu nariz, reto; suas mãos, grandes; e em seu quadril havia uma deliciosa e impossível de não reparar, entradinha levando à... Bem, levando ao conteúdo dentro de sua cueca. Suspirei.

— Mia? − seu tom era divertido. Ele estava sorrindo e eu podia adivinhar o motivo.

Eu tentei não corar. Esforcei-me duramente para isso, mas eu sabia que era inevitável. Minha pele incrivelmente branca era a primeira a me entregar, sempre. Tentei acalmar minha respiração e focar meu olhar apenas nos olhos dele. Nos lindos olhos dele. Mas seu corpo era como um ímã, atraindo meu olhar magneticamente.

— Ponha uma roupa − consegui dizer, a voz levemente embargada, todo o meu corpo pegando fogo. — Pelo amor de Deus − eu era capaz de implorar.

— Tudo bem, tudo bem − ele estava, claramente, se divertindo com a situação. Mas vestiu uma calça de moletom mesmo assim.

— Faltou a blusa − lembrei-o, ainda com o olhar perdido em seus traços. Traços que talvez eu não me incomodasse de contornar com os dedos, ou talvez com os lábios. Merda. O que eu estava pensando?

Ponte de cristal (degustação)Where stories live. Discover now