I Wanna Do

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Com os nervos acalmados, o pouso em Nova York foi tranquilo, eu estava há alguns minutos de uma reunião importante com acionistas de minha empresa, mas precisava conversar com a aeromoça antes de ir, precisava lhe devolver sua camisa depois, e ela precisava estar ciente que eu devolveria.

Music on* Dancing with a stranger – Normani & Sam Smith

Ao avistar sua colega loirinha se aproximando quando estávamos desembarcando eu chamei sua atenção.

— Desculpe-me, qual seu nome mesmo? – Perguntei a observando se mostrar pronta para me ajudar. Eles são sempre muito solícitos e educados.

— Meu nome é Zara, no que posso ajudar a senhora? – Respondeu me deixando um sorriso gentil.

— Preciso conversar com a sua colega de trabalho, a que me emprestou a camisa, preciso devolvê-la depois, como podemos conversar? – Perguntei honestamente interessada na informação. Ela pareceu se surpreender com minha fala, olhou sobre o ombro em direção a fila de passageiros saindo do voo.

Nós teremos minutos de descanso antes do próximo voo, pode esperar no lounge da American Airlines, eu aviso para ela que estará a esperando ali. – Sua voz baixou alguns tons para me citar a informação. Eu assenti, lhe esboçando um sorriso educado.

— Obrigada pela gentileza. – Agradeci, capturando minha maleta e a minha camisa branca suja de vinho. Eu sei que esse manchado não vai sair nunca. Ao descer a rampa de desembarque, eu me esgueirei em direção ao primeiro lixinho que avistei, e joguei a camisa fora sabendo que era um mal sacrifício, não podia andar com isso por aí em mãos.

Dispensei meus seguranças, pedindo que me esperassem de fora do lounge da empresa aérea e me atentei no horário, recebendo mensagens de aviso da minha secretária que os empresários já haviam começado a chegar na KCE.

Droga.

Eu odeio me atrasar, mas há uma prioridade para esse assunto e eu preciso resolvê-lo.

Mantive-me em pé, ansiosa sobre ir depressa para minha empresa e esperar a aeromoça desembarcar todos os seus passageiros para vir a seu tempo de descanso. Parece até piada que uma mulher como eu, que é tão ocupada sobre cada âmbito da minha vida, consiga ceder minutos para presságios de provocações relutantes.

Não demorou tanto quanto eu temia, logo o grupo de mulheres em seus terninhos azuis marinhos vieram pisando sobre seus saltos, sorrindo e despojando muito além da postura séria que designavam dentro de voo. Ela parecia convicta quando me avistou, tenho certeza que a sua colega de trabalho já havia lhe antecipado que eu estava ali justamente por ela.

Para conversar.

Ela se aproximou, e assim como eu, segurava uma maleta pequena que carregava o símbolo da American Airlines. Notei seu grupo de colegas de trabalhando observando-nos antes de entrarem juntas na flagship da empresa, nos deixando a sós no lounge, não havia passageiros ainda para o próximo voo.

— Eu estou com sua camisa, e eu não sei quando voltarei a viajar para Dallas, os negócios variam, preciso devolvê-la a dona. – Falei a observando mover a maleta para frente ao corpo.

— Não há necessidade... – Objetou dando de ombros.

— Faço questão de ser eu mesma a responsável por devolvê-la. – A interrompi curvando os lábios em um sorriso convencido a observando dirigir seus olhos aos meus, ao ar livre, sem reflexos de luz artificial ela tem olhos verdes mais escuros do que o usual. A pele maquiada é livre de qualquer imperfeição visível.

É pior do que eu podia imaginar.

— Deve ser uma mulher muito ocupada para se preocupar com uma camisa, pode deixar para me devolver na próxima viagem. – Ainda assim ela tentou, seu tom parecia mais afirmativo, sua postura mais tranquila do que dentro do avião, um ambiente menos dominante e limitado traz autoconfiança, é certo.

Live ForeverWhere stories live. Discover now