Prologo

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Volteiiii!! Eu disse que voltaria. Aproveitem e leiam e comentem e curtam. Bjosss!!


BURNING DESIRE
PRÓLOGO

Por Jamie.

Mais uma vez, o dia se arrastava para mim.

Todos os dias pareciam arrastar-se sem que eu tivesse nenhum objetivo particular em mente. Minha rotina resumia-se a acordar, ir para a monotonia do trabalho, aguentar um ou dois puxa-sacos e, finalmente, voltar para casa, esperando que um bom filme passasse na TV a cabo.
Eu já tinha 30 anos. Era diretor de uma das empresas de meu pai, espalhadas pelo mundo. Publicidade, acho eu. Tudo que me limitava a fazer era assinar alguns papéis após perguntar para alguém que entendia do assunto do que se tratavam. Tinha uma reunião ou outra com representantes de quem quer que fosse, não entendia do que se tratava todo aquele papo, mas fazia minha melhor pose de chefe. Ao final, tudo ficava como tinha que ficar. Bastava uma ordem como "Resolva isso imediatamente" a qualquer subordinado, e não havia mais problemas em meu caminho.

Eu temia estar entrando novamente em uma forte depressão, onde não via mais motivos para me esforçar a fazer nada. Eu poderia abandonar completamente o trabalho e não teriam consequências. Bastava uma palavra minha e as decisões eram tomadas. Presente ou ausente na empresa, eu continuava sendo o chefe direto. Tinha dinheiro de sobra, vivia com muito luxo, sempre rodeados de pessoas ricas, esnobes e com a péssima mania de serem falsas e mesquinhas.

Eu era, portanto, um homem rico, poderoso e infeliz.
Minha vida amorosa era inexistente. Eu podia ter as mulheres que quisesse, pelo preço que quisesse - o que, normalmente, eu fazia. Mas ninguém me dava a emoção de um sentimento forte e real. Algo que me desestabilizasse completamente, que me fizesse parecer muito menos do que eu sou. As mulheres pelas quais eu pagava não despertavam em mim nada além de uma ereção. Podia ser o suficiente durante uma noite, durante algum tempo. Mas o fato era que eu estava ficando cansado disso.

Eu via em volta pessoas com muito menos que eu e, ao mesmo tempo, muito mais felizes. Via o que uma relação sólida fazia com as pessoas. Os sorrisos, o brilho nos olhares. E cada vez que constatava que não havia nada disso para mim, eu sucumbia ao fracasso pessoal. Poderia ir à busca de mulheres certas e decentes, mas todas que achei eram interesseiras.

Não que eu fosse um daqueles empresários idosos, ricos e com uma tara esquisita por colegiais. De fato, eu era atraente. Conseguia notar que chamava a atenção de um número grande de mulheres. Mas a verdade é que, mesmo com o mínimo de beleza, ficava claro que todas elas se aproximavam de mim por causa do dinheiro que eu tinha.

Eu cometi o erro da inocência quando me apaixonei pela primeira e última vez. Fiz planos de casamento, família, vida. E ela me abandonou com as jóias, carro, casa e conta bancária que eu havia, de bom grado, oferecido a ela.

Foi fácil arranjar um bom dinheiro com isso. A próxima notícia que tive foi que ela havia fugido para algum lugar do mundo. Com o meu melhor amigo.

E eu continuava ali.

Por esse motivo decidi levar uma vida leviana, já que uma vida séria não havia me dado resultados positivos. Com toda a esperança de uma relação amorosa real perdida, não demorou até eu me render ao álcool e às coisas fáceis. Com pouco dinheiro, conseguia mulheres todos os dias.

Era fácil, era prático.

E era indolor.


Por Dakota.
Mais um dia. Mais um pesadelo.

Com 25 anos eu era a mulher mais jovem da Casa de Rayana. Era também a novata. Todas lá já se conheciam de longa data, eram amigas e achavam que lá era o melhor lugar do mundo, já que se sentiam protegidas e desejadas.

Todas eram, de fato, desejadas. Algo comum em casas de prostituição.

Eu havia me mudado para lá havia duas semanas, fazendo com que aquela casa grande e até aparentemente aconchegante fosse tanto meu novo ambiente de trabalho como minha nova casa. Eu acordava, trabalhava e dormia dentro daquelas paredes. Minha vida se resumia praticamente a isso.

Quando Rayana me encontrou na rua, trabalhando independentemente, disse que poderia me oferecer uma grande oportunidade. Havia uma vaga em sua mansão, lugar que apenas homens ricos e poderosos freqüentavam. Aparentemente, para ela, era um desperdício vender meu corpo por tão pouco. Eu não era exatamente feia, tinha alguns traços delicados e uma pele, segundo alguns clientes, "de seda". Era tão clara que poderia ser facilmente confundida com uma boneca de porcelana, com a única diferença de que eu não era tão facilmente quebrável.

Não por fora, pelo menos.

Minha vida vinha sendo um inferno durante muitos anos.
Quando eu tinha dez anos, meu pai Ray foi vítima fatal de um assalto. Levou dois tiros no peito, embora não houvesse demonstrado resistência. Isso foi a gota d'água para que minha mãe Carla, viciada em fortes remédios anti-depressivos, se entregasse completamente à depressão.

Com o pouco dinheiro que tínhamos fui obrigada a abandonar a escola e me virar para tomar conta da casa, enquanto minha mãe passou a sustentar nós duas, arranjando um emprego de garçonete em algum restaurante de beira de estrada. Cinco anos depois ela conheceu um sujeito que acabou com sua vida, apresentando-a ao mundo do álcool e das drogas. Além de ir morar conosco, ele gastava todo o dinheiro que minha mãe conseguia. Tudo isso levou à sua morte precoce, e minha consequente fuga para o mundo com 17 anos.

Embora tentasse de todas as maneiras levar uma vida digna e estável, não me era possível tornar qualquer sonho real. Descobri que minhas tentativas para arranjar emprego nunca davam certo, e só então entendi que minhas virtudes como pessoa não importavam, mas sim minha aparência e meu corpo. Sem bons estudos e com poucas opções, já estava cansada de viver uma vida vazia. Embora a vida que estivesse prestes a agarrar apagasse totalmente minha dignidade, ao menos eu poderia alugar uma casa, saindo dos abrigos em que ficava durante as semanas.

Passei então a cobrar por "favores sexuais". Sim, era algo extremamente humilhante e asqueroso. Depois de todo tempo, minha visão desse quadro não havia mudado em nada. Me sentia suja e digna de pena em cada pequeno e vazio dia da minha vida. Mesmo assim consegui encontrar e manter um apartamento pequeno, com um colchão, uma TV e uma geladeira velha. Não era muito, mas eu tinha um lugar para morar.

Até que Rayana me encontrou em uma certa noite, me propondo mudanças.

Então, lá estava eu.

Trabalhando para Rayana, cada uma de nós ficava com 55% dos lucros provenientes dos clientes, enquanto ela ficava com os 45% restantes para manter a casa. Acabou se tornando um bom negócio para mim, já que estava acostumada a cobrar bem menos pelos programas que oferecia. Mesmo abrindo mão de quase metade do meu salário, eu mantinha condições de vida melhores. Era bem tratada, atendia clientes sempre muito elegantes e morava em um lugar confortável.

Era algo que eu conseguia manter.

Ainda assim, era algo que me matava aos poucos. A cada maldito dia da minha vida.

Burning Desire Where stories live. Discover now