trinta e seis

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Desculpa pela demora, estou cheia de provas, trabalhos, lições, decepções... Enfim, faltam apenas 4 capítulos (mais o epílogo) para acabar Underneath Paris e eu vou tentar traduzir todos o mais rápido possível.

Espero que gostem desse capítulo!!! Ah, algumas frases do Harry estão em inglês. Eu não as traduzi porque fazem parte da letra de uma música.

Boa leitura :) Não esqueçam de votar e comentar.

★☆★☆  

"Não sei muito sobre você", Harry falou em uma manhã muitos dias atrás. Nós estávamos tirando a decoração da casa, uma coisa bastante depressiva.

Eu me senti levantando um pouco a guarda por conta de suas palavras. Conseguia sentir as paredes do edifício tijolo por tijolo. "O que quer saber?"

Eu tinha segredos. Eu tive anos de tristeza e solidão em que tentei me afogar em café (queimado), mas ele continuou vivendo no fundo do meu estômago, queimando naquele momento quando Harry começou a andar para mais perto de mim.

"Se você pudesse escutar apenas uma música pelo resto da sua vida, qual música seria?" Ele me perguntou.

Deixei escapar um suspiro que não sabia que estava segurando. Eu me apoiei contra a parede, ponderando minha resposta.

"Hey Jude!" Falei, depois de pensar seriamente. Eu amava aquela música. Se algum dia eu tivesse um filho, eu gostaria de nomeá-lo Jude. Rapidamente, imaginei o Harry cantarolando a melodia enquanto o bebê pegava no sono em seus braços e senti uma forte onda de emoção que fez, até, minha vista embaçar. "E você?" 

"Medicine", ele respondeu rápido. Obviamente, estava esperando eu perguntar. "I wanna marry you. I adooooreee you." Ele cantou, gesticulando para eu ir dançar com ele. Ele passou seus braços ao redor da minha cintura e cantou devagar. Minhas mãos estavam perto de sua garganta e eu conseguia sentir as notas antes de as escutar. "You opiate this hazy head of mine".

"Qual é a sua comida favorita?" Harry perguntou, ainda se movendo comigo.

"Bolinha de queijo."

"A minha é banana."

"Eu sei."

Nós dois rimos e eu beijei os lábios de Harry, e ele murmurou 'Medicine' contra minha boca.

Mas, então, ele parou e eu poderia afirmar que ele ficaria sério. Ele sentou, me arrastando delicadamente para baixo.

"Eu quero saber mais sobre você, Lou". Seus dedos traçaram círculos nas minhas costas e eu fechei os olhos pelo toque. "Tudo. E se você não puder falar sobre tal coisa agora, tudo bem. Mas, alguma hora, eu quero ouvir sobre isso."

Eu me inclinei em seus braços, suspirando quando fiquei completamente anexo ao (Harry). Seus braços eram fortes, porém não ofensivamente e ele tinha aquele cheiro em sua pele, um almíscar natural que, juro por Deus, era como algo que você compraria em uma prateleira de banho e corpo, (na seção masculina). O estômago dele se contraiu contra minhas cotas e eu levantei para beijar no lugar onde ele amava, o ponto entre seu maxilar e pescoço.

"Acho que tudo bem- Quer dizer, acho que posso falar sobre isso." Disse, com a voz fraca de um sussurro.

"Okay." A voz dele estava um pouco rouca e eu sabia que era por causa de muitas razões, todas envolvendo minha boca no seu pescoço e minha bunda tão perto do seu pênis, mas, sendo o homem perfeito que ele era, ainda estava focado na tarefa principal. "Apenas fale quando estiver preparado, amor."

Senti um caroço na minha garganta, mas eu empurrei de volta. Sem lágrimas, (não ainda). "Tudo começou quando eu estava na escola primária. Minha mãe tinha feito um ótimo trabalho me criando junto com as minhas irmãs. Eu era feliz em casa, na maior parte do tempo. É claro que eu as irritava de vez em quando, mas nada era tão ruim naquela época."

"Mas, assim que comecei a ir à escola, todos me tratavam diferente. Eu não entendia por que eles eram tão malvados comigo. Eram, especialmente, as crianças mais velhas. Quando eu tinha uns dez anos, tudo simplesmente desabou. Meu pai deixou minha mãe e ela estava quebrada. Eu comecei a desenvolver um desejo intenso em ter tudo perfeito, tudo limpo e, assistir minha própria mãe ficando suja e destruída, me arruinou. Eu tentava cuidar das minhas irmãs mais novas, lidar com os valentões e, durante todo o tempo, eu não entendia por que eu era o único que me importava com a perfeição. Eu precisei fazer a mesma prova quatro vezes porque errei alguma palavra a caneta e não conseguia simplesmente riscá-la e continuar escrevendo. Eu só fiz dez convites de aniversário para entregar, porque isso foi tudo consegui escrever antes de me derramar em lágrimas por causa de um número ímpar de envelopes. Ninguém apareceu mesmo, na verdade, então tanto faz." 

Harry arrastou sua mão nas minhas costas, indo para o ombro, e beijou minha cabeça.

"E, logo, isso piorou um pouco. Porque eu me apaixonei pela primeira vez. Era uma paixão esmagadora e real e eu estava tão apaixonado. Eu tinha doze anos, e ele era um dos meninos da vizinhança. E, depois, eu comecei a apanhar. Os garotos do colegial arrancavam a respiração para fora de mim porque eles diziam que eu andava um pouco engraçado. Eles me xingavam de nomes que eu nunca tinha escutado antes e eu percebi que nunca poderia contar para ninguém sobre meu amor, minha sexualidade. Eu realmente pensei que eles fossem me matar. Eu pensei que havia algo de errado comigo. Eu mal comia, mal falava, apenas me sentava no meu quarto e sonhava em segurança que, algum dia, eu seria capaz de ficar livre. Comecei a namorar garotas, porque pensei que talvez isso fosse me consertar. Mas, eu odiava tudo nelas. Eu odiava brilhos labiais e tudo, principalmente como parecia errado."

"Eu me formei alguns anos depois, e fui fazer faculdade em Londres. Eu tinha uns dois amigos, mas eles normalmente só falavam comigo quando precisavam de alguma coisa, tudo bem. Eu sabia que, depois de me formar na escola, eu precisava me mudar. Eu sabia que sou gay e eu sabia que queria recomeçar, então recomecei. E tudo ficou normal, finalmente. Tudo estava bem. E, então, eu te conheci."

Levantei o olhar para Harry. "E tudo mudou. Eu costumava sentar na minha cama quando estava me escondendo de todos e de tudo, e apenas sonhava com o dia em que eu conheceria alguém que me amaria. Eu chorava pensando que isso nunca iria acontecer. E eu encontrei você, e me apaixonei e foi uma paixão esmagadora e real e, na primeira vez que me beijou, pensei que era real. É assim que deve ser. Eu me senti em um lar, eu me senti seguro."

Virei para encarar Harry. "Obrigado", falei.

Inclinei minha face perto da dele, tão perto, e pressionei nossos lábios juntos. E quase valeram a pena, todos esses anos de confusão, quando os lábios do Harry se abriram nos meus.

Eu entendia que não havia nada de errado comigo, nada de errado com as pessoas que eu amava. Enquanto os lábios do Harry se arrastaram para cima e para baixo no meu pescoço, tão impossivelmente gentil, ele estava murmurando algo contra minha pele.

"O que?" Perguntei.

"Bem-vindo a casa." Ele repetiu no meu ouvido.

Arrepios se espalharam pelos meus braços e eu ri.

Ele me olhou sério então, correndo os dedos na franja que começou a cair nos meus olhos. "Lamento por você ter passado por isso. Eu... Eu não posso imaginar. Eu te amo tanto, sou muito sortudo por te ter."

"Eu te amo também."


Underneath Paris » Larry (Portuguese Version)Where stories live. Discover now