Capítulo 2 - Brianna

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A ÚNICA COISA QUE PODÍAMOS OUVIR era o som de algum rio logo à nossa frente. O vento a uivar em meu ouvido havia cessado, mas o frio continuava penetrante, congelando cada membro do meu corpo aos poucos.

- Precisamos chegar ao outro lado. – Chad disse.

Tentei apurar meus olhos para conseguir enxergar um pouco mais do que havia adiante. Acostumando-me com a escuridão, eu consegui notar algo como uma margem para um rio a poucos metros de nós. Aparentemente, o rio vinha da direita para a esquerda, a julgar pelo som da correnteza e a brisa que passava por nós vez ou outra.

- Eu sei que há alguma ponte por aqui, mas não consigo ver nada. – Chad comentou.

Erguendo minha mão em minha frente, concentrei-me e imaginei uma pequena bola de fogo formar-se em minha palma, grande o suficiente para que trouxesse luminosidade necessária para nós. Em poucos segundos, uma pequena chama surgiu, enquanto eu me concentrava para que ela crescesse discretamente. A chama aumentou de tamanho, conseguindo iluminar um pouco o ambiente ao nosso redor. O cavalo em que estávamos se assustou um pouco, começando a relinchar, mas Chad o acalmou rapidamente.

Com um pouco mais de luz, foi possível ver os poucos metros que nos separavam da margem do rio. Não dava para ver a largura, mas apenas notava-se que era largo. Sem uma ponte, nós não conseguiríamos atravessar.

Chad incitou o cavalo, que começou a andar para a esquerda, pegando uma pequena trilha que margeava o rio. Depois de andarmos por uns dez minutos, a forma de uma ponte de pedra começou a surgir na escuridão, erguendo-se sobre o rio.

Antes de pegarmos a estrada principal, Chad verificou se não havia ninguém por perto. Ele fez um sinal para que eu apagasse o fogo em minha mão e assim o fiz, restando apenas a fina camada de cinzas. Aparentemente, tudo estava vazio. Era arriscado, sem dúvida. Sabíamos que havia grupos de serviçais andando por aqui, ainda mais tão perto de Sergal. Mas precisávamos correr esse risco.

Chad direcionou o cavalo para a direita, pegando a ponte e acelerando os passos do cavalo para podermos chegar do outro lado rapidamente.

Assim que pousamos no solo além da ponte, uma brisa congelante soprou os meus cabelos para trás, arrepiando os pelos do meu pescoço e braços.

- Eca, cabelo. – Eu ouvi Chad reclamar ao cuspir para fora alguns fios do meu cabelo que deveriam ter entrado em sua boca.

- Calado. – Eu respondi tensa, desencostando-me dele.

Eu não sabia se era pelo fato de estarmos chegando mais perto de Dwengall ou se era a região montanhosa, mas sentia cada membro do meu corpo começar a congelar, arrepiando tudo o que tinha direito. Puxei a capa pendurada em meu pescoço para frente e cobri os meus braços. Cada metro que seguíamos pela estrada, mais frio eu sentia. O silêncio de nossa caminhada deixava o ar mais pesado ainda e eu sentia meu coração saltar pela boca em ansiedade.

Continuamos pela beirada da estrada por cerca de trinta minutos, enquanto contornávamos montanhas enormes cujos topos eram impossíveis de ser visto nessa escuridão. A estrada começou subir, como se estivéssemos nos direcionando para o topo de alguma montanha. Logo, a passagem se abriu e ao fundo, iluminado por algumas tochas, era possível ver a grande muralha que rodeava a cidade de Sergal. Os grandes portões negros estavam fechados e sombras de sentinelas apareciam e sumiam a cada segundo, andando para lá e para cá em cima dos muros.

- Não podemos chegar perto agora a essa hora da noite. – Eu comentei, imaginando o que teríamos de fazer para conseguirmos entrar assim que os portões se abrissem.

O Cristalizar da Água - O Florescer do Fogo #2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora