Capítulo 6 - Brianna

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CHAD! – Eu gritei, sentindo meu coração se comprimir em meu peito.

Faltava tão pouco para escaparmos daquela maldita cidade, e agora Chad havia ficado para trás.

– O que aconteceu com ele? – Abbey sussurrou. Sua respiração estava totalmente instável e ela mal conseguia pronunciar tudo corretamente.

Eu a apertei com mais força e engoli a seco.

– Eu não sei – eu respondi enquanto ainda encarava, atônita, o portão fechado.

Apertei meus olhos e espreitei ao meu redor. Estava tudo muito silencioso e isso não me reconfortava. Afastei-me do portão, ainda encarando-o. Sentia meus ouvidos funcionarem como antenas, tentando captar cada mínimo ruído, mas parecia que, ao fechar os portões, todo o som de movimento e vida dentro de Sergal havia sido abafado. Isso, também, não era nada reconfortante.

Eu queria sair correndo dali. Aproveitar a oportunidade de não haver nenhum serviçal por perto e fugir. Eu já não havia conseguido o que eu queria? Já não havia salvo Abbey? Algumas semanas antes, eu até poderia ter feito isso, ter deixado Chad para trás. Mas agora... Eu simplesmente não conseguia. Algo dentro de mim não me deixava cogitar a ideia. Eu entrei em Sergal com Chad, e sairia daqui com ele. Era o nosso acordo mental. Custe o que custar.

Como se lessem minha mente, serviçais surgiram em minha frente em um piscar de olhos. Vários deles. Correndo em minha direção. Com olhares ferozes, como se quisessem me mostrar o que eu ganharia quando, pela primeira vez em minha vida, não fui egoísta.

Abbey soltou um grito quando o primeiro serviçal se aproximou, agarrando-se ao pescoço do cavalo malhado. Outros três correram até nós, nos cercando, nem ao menos levando em consideração que não estávamos em uma luta justa. Um contra quatro.

Desembainhei minha adaga, que logo se acendeu em chamas laranja. O raio de luz fluorescente atingiu o primeiro serviçal no peito. Ele voou para trás, jogando-se contra o serviçal mais próximo de si. Ao mesmo tempo, minha outra mão lançava uma bola de fogo em outros dois serviçais. Um zunido chamou minha atenção do lado direito e, quando estava a centímetros de tocar em Abbey, a flecha se desintegrou em pó e cinza, sem eu ao menos fazer qualquer movimento. Ela vislumbrava o que sobrou da flecha no chão com uma mistura de terror e surpresa.

O ocorrido também me assustou, desconcentrando-me por um segundo, e apenas vi o serviçal que havia se levantado e corria em minha direção quando ele já estava muito próximo para eu reagir.

E então, o tempo pareceu congelar, tudo acontecendo em movimentos lentos. Eu só ouvia a minha própria respiração.

Ele investiu com uma daquelas espadas de lâmina negra que eu havia visto com outros serviçais. Outro grito de Abbey cortou o ar. Eu hesitei, tapando meu rosto com uma de minhas mãos e fechando meus olhos. Uma chama de fogo saiu da minha palma, mas foi sugada pela lâmina escura do serviçal. Faltavam segundos para a lâmina encostar-se ao meu pescoço quando algo a agarrou e a lançou para longe das mãos do serviçal. Ele olhou confuso ao redor. Seu olhar se enfureceu mais ainda, mas, antes que ele pudesse me alcançar, as mesmas garras o alcançaram, lançando-o para longe de nós.

Preparei-me para o próximo grupo de serviçais, acendendo minha adaga na mão direita, e preparando uma bola de fogo na mão esquerda. No muro da cidade, logo à minha frente, vi um movimento, como se os serviçais tivesse alcançado o topo.

O que eu apenas não esperava ver era o redemoinho de terra misturado com neve que surgiu lá em cima.

A imagem pareceu uma confusão por uns segundos. Uma combinação de ventania, com terra e neve. A gritaria dos homens ali era abafada pelo som de madeira sendo quebrada e de terra desmoronando. Inúmeros galhos apareceram em todos os lados, agarrando os serviçais que se atreviam a chegar perto.

O Cristalizar da Água - O Florescer do Fogo #2Where stories live. Discover now