Capítulo 7 - Brianna

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FALTAVA POUCO, MUITO POUCO para eu explodir com Chad.

– De onde você tirou essa ideia? – Ele andava de um lado para o outro, bagunçando todo o cabelo em nervosismo e irritação. – Você não pode estar falando sério!

Eu apenas cruzei meus braços.

– Torphin? Você quer ir para Torphin? – Ele continuou seu discurso. – Você sabe tudo o que eu enfrentei para tentar sair de lá? Tem noção do que vão achar de tudo isso?

Eu não respondi Chad. Não era da minha conta que ele tinha problemas com seu povoado e família. Eu havia decidido levar Abbey para um lugar seguro custe o que custar. E, no momento, não haveria melhor lugar para ela do que Torphin. Chad mesmo não havia se gabado da segurança do local?

– Eu pensei que estava certo de irmos para o Conselho! – Chad parou bem em minha frente, com a mão ainda na testa.

Respirei fundo.

– Não havíamos sequer mencionado isso. – Eu respondi.

– Velho Sabin nos disse que o Conselho havia descoberto algo e que precisavam de nossa ajuda. – Chad voltou a andar de um lado para o outro.

– E por onde você pretende ir para o Conselho? Eu não acho que passar por Moraiúna a essa altura seja uma boa ideia. Não vou colocar Abbey em perigo desnecessariamente.

Chad parou de repente e balançou a cabeça levemente, encarando o chão. Ele colocou uma de suas mãos na testa e começou a massagear, como se toda aquela conversa o tivesse dado dor de cabeça. Os músculos de sua mandíbula se apertavam de irritação. Ele olhou para mim e soltou uma respiração pesada.

Touché.

– Só por causa de Abbey. – Ele murmurou, passando por mim sem me olhar nos olhos.

Ergui uma de minhas sobrancelhas, suprimindo meu riso de vitória.

Assim que Abbey acordou, Chad desfez a fogueira e eu recolhi nossas coisas no acampamento improvisado.

Estávamos na região de Ewodgen, à noroeste da Vila Antiga. Pelo que Chad explicou, Ewodgen era uma Cidade Independente, assim como Torphin. Os motivos pelos quais o Rei não se interessava em manter aquele pedaço de terra eram nítidos. Logo depois de uma pequena região com vegetação rasteira que margeava os braços do Rio Farin, uma vastidão deserta se estendia.

Não aparentava ser um deserto natural. O que parecia mesmo era vegetação morta. Árvores secas e troncos ocos eram as únicas coisas que encontrávamos. Chad comentou que os moradores de Ewodgen viviam em barracas, viajando de tempo em tempo pelo deserto a fim de encontrarem alguma fonte de água e alimentação, pois era muito perigoso para eles viverem às margens do Rio. Ele não quis dizer o porquê, mas olhei para Abbey e entendi. Ela já havia passado por muita coisa. Não precisaríamos aumentar mais ainda seu trauma contando coisas como um povo ser assassinado simplesmente por barbaridade dos serviçais.

Antes de entramos no deserto, Chad havia feito uma viagem sozinha até a beira do Rio com todos os cantis que havíamos conosco para preparar água para o percurso. Se tudo ocorresse como planejado, chegaríamos em Torphin no final do segundo dia.

Agora que já estava claro, eu conseguia ter uma noção do estado de Abbey. Seu rosto já estava um pouco mais limpo e as olheiras debaixo de seus olhos havia clareado. Apesar de algumas feridas e arranhões espalhadas pelo corpo, ela estava bem. Talvez um pouco desidratada e com falta de vitaminas, mas bem. Eu estava planejando poupar toda a água que tivesse em meu cantil para dar a ela.

O Cristalizar da Água - O Florescer do Fogo #2Where stories live. Discover now