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Já fazia duas horas e meia que nós cinco estávamos sentados no quarto de Thomas, esperando ele acordar.

A notícia de que ele poderia acordar nos deixou ansiosos demais com sua volta, não saímos do quarto por nem um segundo.

A ideia de ter Thomas de volta, de ver seu sorriso de novo, de poder ouvir sua voz novamente, assim como ouvir sua risada depois de quase três meses sem nada, me enchia de animação e felicidade extrema.

Eu já conseguia imaginar a festa que iríamos fazer assim que os olhos dele se abrissem.

Mas o fato do prazo dele acordar me agoniava um pouco. O médico disse uma hora, já tinham se passado quase três.

— Vocês acham que ele vai acordar ainda hoje? — A voz rouca de Julia pareia no ar.

Eu achava que alguém ia falar um "sim", um "claro" ou um "óbvio", mas ninguém disse nada. O quarto caiu em um silêncio desconfortável.

Por mais que o médico tivesse assegurado que ele acordaria, ainda tinha uma parte de todos nós que não acreditava muito.

Desde o dia do acidente, passamos por oito meses ruins, cheios de quedas livres, estresse, notícias ruins, dias no hospital direto, noites de choro e mais notícias ruins. Lá no fundo, achávamos que aquilo não tinha acabado ainda, era quase inacreditável ver as coisas melhorarem.

— Rezem para que sim — Ki murmura e aperta Ana que estava abraçada ao seu corpo. A pobrezinha já estava chorando de novo.

Levanto-me da cadeira de hospital e vou até a cama. Solto um suspiro baixo e acaricio os cabelos loiros e bagunçados de Thomas. Tudo o que eu mais queria nesse momento era que ele abrisse os olhos, que ele acordasse.

Puxo a cadeira que eu estava sentado para mais perto da cama, podendo sentar novamente, só que mais perto de Thomas. Apoio minha cabeça na borda da cama e fecho os olhos.

Sinto um peso no meu ombro e abro os olhos, virando a cabeça para o lado.

Julia estava com a mão em meu ombro, em sinal de consolo. Seus olhos já estavam cheios de lágrimas de novo, fazendo meu peito se revirar de dó.

Coloco minha mão em sua bochecha esquerda e acaricio-a com meu dedão. Julia sorri levemente e retribuo com o mesmo.

Ao voltar meu olhar para Thomas, levo um susto.

— Thomas! — Pulo da cadeira, quase que derrubando-a no chão. — Meu Deus!

Nós cinco rodeamos a cama dele enquanto o mesmo varria o quarto com os olhos.

— Ele acordou! — Ana exclama, não acreditando.

Passo minha mão pelo seu rosto e abro um sorriso emocionado.

— Oh, meu amor... — Sussurro. — Você acordou!

De repente seu rosto empalidece e ele inspira mais ar do que o necessário. Franzo a testa e seguro seu rosto.

— Thomas?

Sua boca se abre levemente, como se ele fosse falar algo, mas apenas um som esganiçado sai de sua boca. A máquina que marcava seus batimentos cardíacos começa a fazer um apito contínuo, fazendo meus ouvidos doerem.

Só alguns segundos depois percebo o que estava acontecendo.

— Thomas! — Me desespero, já com lágrimas nos olhos.

Em questão de segundos a porta do quarto é escancarada e uma porrada de médicos entram no quarto. Os mesmos passam por nós na correria, já mexendo em algumas máquinas na sala.

Yes, I do - DylmasWhere stories live. Discover now