2. ele

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Era êxtase. Era droga. Era tóxico.

Ele me olhava. O verbo olhar era pouco, considerando a ideia de que ele memorizava cada parte do meu rosto, cada pequeno detalhe. Cada pequena cicatriz dos inúmeros abusos. E em seguida, seus olhos cortavam o ar, como uma faca afiada, e eu já não era o centro da atenção. Seus olhos iam para outro ponto. Longe de mim.

Minhas bochechas coradas era um sinal da tensão que ele causava. Ele, uma águia, pronta pra me devorar.

Qual era o nome dele afinal? Pete? Josh, Matt, Ben, Eddie, será Rowling? Tenho uma imensa vontade de saber, não apenas para chamar sua atenção, mas também, gritar seu nome até meus pulmões faltarem oxigênio. Quero tatuá-lo em minha pele, e então, posso tocá-lo a hora que eu desejar.

Seus cabelos eram ruivos e sedosos, lisos de ponta a ponta. Cada pequeno fio. Era irônico, uma piada elegante, pois o desgraçado do meu pai tinha a mesma tonalidade dos fios. Seu olhar penetrante, seus lábios corados por natureza. Suas íris carregadas de um verde escuro, me fitavam por míseros segundos e depois, rápido demais, entorpecente demais, desviava a atenção.

Suspiros e mais suspiros, quando ele voltou a dedicar seus olhares à mim.

Do outro lado do refeitório, longe demais para tocá-lo, suas ações se igualavam com as minhas, e não fui capaz de segurar um sorriso no canto dos meus lábios.

Ele sorriu, como eu sempre fazia, discretamente, junto de seu olhar assassino que de primeira me deixava arrepiada.

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All the love.


DADDY ISSUES, j. valeskaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora