7. vidrado

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Uma sinfonia, uma síntese, três palavras.

Eu e ele.

Eu não sabia o nome dele, não sabia sua idade, e nem seus pensamentos quanto a mim. Ouvi pelos corredores imensos do Asilo que ele não era uma boa pessoa, e que havia assassinado sua mãe. Previsível. O que me deixou feliz de certa forma, pois eu também fiz o mesmo. Somos iguais.

— Eu não gosto de você, Winter. — ele estava mentindo?

Suas feições mantinham um ar misterioso naquela tarde, sentado ao meu lado, com as mãos entrelaçadas uma nas outras sobre as pernas. O olhar inquieto dele repousava no outro canto da área de recreação. Aonde o seu sorriso havia se metido?

— Gosto de você.

O rosto dele se virou para mim, rápido o suficiente para que eu o olhasse nos olhos também. Tem um pouco de frieza neles. O sorriso que antes estava perdido dentro do seus milhares de pensamentos, se deslocaram para seu rosto.

— Não sabe o meu nome, mas gosta de mim? — e aquela voz de garoto na puberdade, a nuance de tons de adolescente que ainda não se tornou adulto, reverberou para dentro dos meus ouvidos.

Me inclinei para mais perto dos seus ombros esguios, sussurrando em seu ouvido.

— Irei saber se me contar.

Suas pupilas dilataram e ele apenas me acompanhou com os olhos, quando me ajeitei no banco. Seu rosto juvenil que tanto me causava calafrios, virou-se para mim um tanto cauteloso, e os fios alaranjados caídos sobre seu rosto ganhavam um contraste sombrio com o verde escuro de sua íris, mirando-as para o azul incandescente dos meus globos oculares.

Florestas e mares.

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All the love.

DADDY ISSUES, j. valeskaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora