13. amanhã

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Hoje é o dia depois de amanhã. O dia que eu sabia que chegaria, por que dessa vez, eu estou do outro lado. Quando você é uma criança sempre acha que está no controle, que está no ponto mais alto e inalcançável. Crianças choram quando querem algo. Quando eu era menor, bastava eu chorar para ter o que eu quisesse.

Sou tão bonita chorando quanto sorrindo.

Tudo ao meu redor é verde. Seus olhos, a cor das minhas unhas. Eu choro agora, como um bebê. Jerome me fez chorar, me fez deixar cair lágrimas por uma pessoa. Eu nunca choro por pessoa alguma. Valeska segura uma faca, ele não está sorrindo. Eu choro e choro.

Lágrimas são o que amolecem o coração de um adulto. Mas Jerome não é um.

Tudo ao meu redor é verde. Seus olhos, a cor das minhas veias. Tento parar de chorar e dizer à ele que sou inocente, mas me engasgo em minhas próprias palavras e prendo minha respiração para correr até seus braços. Ele não está sorrindo, então finjo que está.

— Você está bravo comigo? — não, não, não, não.

Valeska ainda segura a faca, a luz da lâmina brilha quando este a levanta para cima. Fecho os olhos e choro, choro, choro. Meus pulmões ardem, meu coração bate em minha garganta. Ele não está sorrindo, mas, sim, sim, eu finjo que ele está sorrindo pra mim.

— Não. — finjo que ele abre um sorriso enorme, ou não, é difícil dizer.

Tudo ao meu redor é verde. Seus olhos, a cor dos meus sapatos. Eu finalmente paro de chorar, por que vejo que não tem motivo se ele não está bravo comigo. A faca ainda continua em sua mão, mas esta sai do meu campo de visão quando ele me abraça. Meu ouvido fica encima do seu coração e ele está calmo.

— Você está brava comigo? — mil vezes não.

Por que eu estaria brava com você, bobinho? Mesmo me fazendo essa pergunta continuo com a cabeça encostada em seu peito. Sinto a ponta da faca formigar nas minhas costas, mas fico calma pois ele está apenas me abraçando, não está? Digo a mim mesma para deixar de ser idiota.

— Não. — desta vez ele sorri de verdade, um o qual eu nunca vi antes.

Tudo ao meu redor é vermelho. Seus cabelos, a cor do meu sangue.

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O próximo é o último, galerinha.

All the love.

DADDY ISSUES, j. valeskaWhere stories live. Discover now