Capítulo IX - MALU

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Eu estava deitada, quase pegando no sono quando ouvi a sua voz me chamando. A verdade é que como, mesmo inconscientemente, eu estava sempre tentando entrar em contato com ele, bastava que ele respondesse, pra iniciar uma conversa.

Levantei num salto, como se isso me fizesse ouvi-lo melhor.

- Malu, você está me escutando? - perguntou o Tavinho.

- Estou – respondi

- Eu vou falar rápido porque dentro da cela existe uma espécie de bloqueio. Lá de dentro não consigo falar com você. - explicou – Estou na fila para uma das experiências, e no corredor a comunicação é livre. O Beto, um rato que eu conheci aqui, está me ajudando a monitorar a rotina deste lugar. Assim que eu tiver uma ideia de como as coisas funcionam por aqui, eu aviso vocês. Até lá, avisa pra ninguém se aproximar. O Beto disse que eles estão esperando que alguém venha me salvar. Foi tudo proposital, pois eles não têm muito interesse no que eu consigo fazer, eles querem alguém mais poderoso.

- Eles te machucaram? - indaguei

- Não. Eu estou bem. Aliás...

E então tudo ficou quieto de novo.

- O Tavinho! – gritei, chamando a atenção de todos – Eu falei com ele.

- Como ele está? - perguntou a Iolanda, caindo no choro.

- Ele disse que está bem – respondi, logo – Não está machucado, mas ele disse que não podemos ir resgatá-lo. Pelo menos, não agora.

- Como assim? - indagou o Zeca – Não podemos deixá-lo lá.

- Eu só estou repassando a mensagem. - defendi-me.

- O que mais ele disse? - perguntou a Iolanda.

- Ele explicou que existe algum tipo de bloqueio nas celas, por isso eu só consigo contato com ele, quando está nos corredores. - disse – Ele disse que um rato está o ajudando a monitorar a rotina do lugar, e que até eles terem total ciência da rotina do local nós não devemos nos aventurar.

- Um rato? - perguntou o Tonho – Será que ele é confiável?

- Eu nunca conversei com um rato para saber. – desdenhou a Sara.

- O quê mais ele disse? - incentivou-me a Helô.

- Ele explicou que eles estão nos esperando lá. Ele é uma isca, na verdade.

- Droga! - exclamou o Tonho

E então houve um burburinho. Diversos cochichos e olhares assustados, porque afinal, estávamos assustados. Uma dúvida cruel pairou sobre nós e não havia uma resposta agradável pra ela: Como salvaríamos o Tavinho sem nos colocarmos em risco?

- Calma pessoal – pediu o Zeca, erguendo os braços, numa tentativa frustrada de nos acalmar.

A Iolanda chorava ainda mais do que antes, enquanto tentávamos a acalmar, enquanto o Tonho andava de um lado pro outro meio desesperado, como sempre.

- Eu estou falando sério – tornou ele – Enquanto vocês ficarem desesperados desse jeito, não vamos chegar a conclusão nenhuma.

- E o que você sugere? - perguntou a Helô, cruzando os braços – Que a gente deixe ele mofando lá ou se arrisque a ficar mofando lá com ele?

- Nós não vamos deixar ele naquele lugar! - exclamou ele – Nós vamos até lá e vamos tirá-lo das mãos deles.

- Você já parou para se escutar? - perguntou o Tonho – Eles são médicos! São médicos inteligentes, que nos conhecem melhor que nós mesmos! Que chances nós temos contra eles?

Então eu tive uma ideia que pareceu idiota no começo, mas que poderia funcionar.

- Na verdade nós temos uma chance sim – disse sorrindo.

A Segunda Geração - Livro 1Onde as histórias ganham vida. Descobre agora