Capítulo XXXV - MALU

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Acordei no meio da madrugada me sentindo muito culpada e decidida. Culpada, por estar "traindo" meus amigos. E decidida a ajudá-los a sair daqui, mesmo que eu quisesse ficar. Era o mínimo que eu poderia fazer por eles depois de tudo o que eles fizeram por mim.

Levantei da cama e segui até a porta. Tentei ser o mais silenciosa possível, já que o Quatro dois quatro dormia na cama ao lado. Acho que ele não tinha motivos para se sentir culpado. Deve ser por isso que ele dormia feito um porco.

Durante a madrugada o hospital era silencioso e meio fantasmagórico, bem diferente do caos que era durante o dia. Viam-se poucos funcionários, que pareciam estar sonolentos demais para notar minha presença ali. Ou talvez meu novo uniforme desse a entender que agora eu era bem-vinda naquele lugar.

Passei lentamente por todos os corredores, até dar de cara com a grande porta que separava a ala hospitalar da segurança máxima, onde estavam meus amigos. Haviam guardas cuidando dessa entrada em tempo integral, mas agora não tinha ninguém. Será que eles pensavam que durante a madrugada não havia perigo de fuga?

Cheguei a ensaiar uma entrada por aquelas portas, mas então me ocorreu uma ideia meio imbecil, que resolvi levá-la adiante mesmo assim. Virei nos calcanhares e segui na direção oposta. Graças a minha telepatia não tive dificuldade em encontrar a sala de comando.

Havia um homem dentro desta sala e pela quantidade de pensamentos bizarros, ele provavelmente estava sonhando. Não pude deixar de pensar quanta falta a Iolanda fazia numa situação dessas. E isso só servia para confirmar o que eu já sabia desde o começo: eu precisava deles, muito mais do que eles precisavam de mim. Por isso, seria uma boa finalmente deixá-los em paz.

Lembrei-me de quando eu me comuniquei com a Iolanda por telepatia pela primeira vez. Ela não percebeu de cara que eu estava me comunicando com ela. Ela apenas sentiu uma sensação de que precisava me ver. Talvez eu pudesse fazer o mesmo com esse cara. Se ele acordasse por algum motivo e notasse que não havia nenhum guarda na entrada da segurança máxima, ele sairia para conferir, e eu teria um tempo para desativar os níveis de segurança. Assim, todos poderiam fugir.

Foi exatamente o que eu fiz, e para ser honesta, tirá-lo de dentro da sala de comando foi a parte fácil desse plano. A parte difícil foi entender como funcionava aquele painel imenso e cheio de botões. Vasculhei nas gavetas a procura de um manual, mas foi inútil. Eles não eram idiotas a esse ponto.

Sentei na cadeira em que o homem estivera sentado há poucos minutos. Ela ainda estava morna e dali, a luz que emanava da grande tela na minha frente, refletia sobre os botões, indicando através de impressões digitais quais botões ele tinha apertado por último.

Eram seis botões, e resolvi arriscar em um deles. Para minha sorte, tratava-se do menu e a partir dali, foi moleza desativar a segurança. Deixei a sala me sentindo vitoriosa.


A Segunda Geração - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora