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Cinco anos depois...

— Poppy, estou em casa!—Harry Styles ficou em pé ao batente da porta da casa às escuras, esperando por um sinal de boas-vindas do homem que estava sentado na cadeira de balanço próxima à lareira.

— Então você veio.

A voz era gélida, o tom baixo como se fosse difícil para um homem de tamanho porte físico pronunciar aquela sentença.

Harry suspirou ao perceber que fora tolo em achar que seu avô ficaria feliz em vê-lo. Afinal, Poppy já não gostava muito dele cinco anos atrás, quando decidira ir embora. Mesmo assim, achou que o retorno melhoraria o relacionamento intempestivo dos dois.

Sua volta, entretanto, não se devia a tal fato. Fora forçado a retroceder devido à sua situação financeira difícil e por causa de sua filha ilegítima.

Tirou uma mecha de cabelos da testa, exausto devido à longa viagem. Nunca mais tentaria percorrer um trajeto de dezessete horas em um carro de vinte e cinco anos, com uma garota de quatro e um cachorro no banco de trás. Chamou a filha carinhosamente.

— Gretchen, venha dizer olá a seu bisavô! — instruiu-a.

A menina de cabelos castanhos aproximou-se do local onde Poppy estava sentado. A sala subitamente ficou muito silenciosa quando ele parou de balançar a cadeira e retribuiu o olhar firme da pequenina.

— Oi, Poppy! É um prazer conhecê-lo — disse ela, pronunciando as palavras que Harry passara a última hora lhe ensinando.

O avô arqueou as sobrancelhas.

— Como sabe que é um prazer me conhecer? Talvez eu seja detestável e você não goste de mim.

Gretchen o fitou por um longo momento e então lhe deu um caloroso sorriso.

— É claro que vou gostar! E você não pode ser tão detestável assim... Afinal, é meu bisavô. E isso é muito especial.

Ele pareceu surpreso e franziu a testa.

— Já passa da hora de ir para a cama.

Nem tentou encontrar o olhar de Harry.

— Colocarei uma cama de armar para a menina em seu antigo quarto — anunciou simplesmente.

A cadeira de balanço começou a mexer com mais rapidez e Harry soube, devido à experiência, que aquela era a maneira de ele afastá-lo.

— Vamos, sapeca, foi um longo dia e precisamos tirar nossas coisas do carro.

Com um suspiro pesado, conduziu Gretchen para fora.

O bater da porta de tela evocou milhares de lembranças na mente de Harry. Quantas vezes, no esplêndido otimismo da juventude, jurara que não mais teria de ouvir aquele som detestável?

Naquele instante, era com pesar que o escutava novamente.

— Linda! — Gretchen chamou, dirigindo-se ao banco de passageiro onde estava a caixa da qual eram emitidos latidos tênues.

A menina tirou da caixa um cachorro pequeno, visivelmente deliciado com a liberdade.

— Não sei como seu bisavô irá reagir a Linda — Harry a avisou, fitando o animal com ar de dúvida.

Linda não era um nome muito adequado à cachorra feiosa que haviam encontrado em uma lata de lixo no Central Park. Coberta por pêlos pretos e brancos e com um nariz que parecia já ter sido batido contra diversos muros, o bichinho instantaneamente conquistara o coração de Gretchen.

Um novo amanhã l.sDonde viven las historias. Descúbrelo ahora