08

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Harry teve aquele sonho novamente. Mas dessa vez, com uma diferença perturbadora.

Como das outras vezes, estava no palco e a plateia gritava seu nome vezes e vezes. Ele lhes fazia uma mesura, emocionado pelo amor que fluía da plateia para seu coração. Foi então, bem nesse instante, que o sonho mudou.

O público havia desaparecido, nem mesmo o eco de seus gritos de adoração permanecera ali. As luzes a cegavam e o calor que emanava das lâmpadas era intenso demais. Ele tentava desesperadamente ver por entre a escuridão da plateia vazia alguma coisa. Alguém.

Mas não havia nada. Estivera sozinho o tempo todo.

Desesperadamente só.

— Harry!

Uma voz profunda surgiu do meio da escuridão.

— Harry.

Uma voz doce e familiar que lhe dava apoio e conforto.

Acordara momentos antes, mas lembrava-se ainda de cada detalhe. Tentava ignorar as implicações malucas daquele sonho.

Não o queria examinar com muita profundidade porque a sensação de Louis chamando seu nome preenchia seu coração tão completamente quanto a admiração de toda uma plateia.

Virou para o lado e olhou para o relógio de cabeceira, espantando-se ao descobrir que já eram quase dez horas. Dormira demais.

Não havia nada que detestasse mais do que desperdiçar uma manhã dormindo, especialmente uma das raras em que não teria de estar no restaurante ao raiar do dia.

Levou apenas alguns minutos para tomar um banho e se vestir. Desceu em busca de Gretchen e Poppy. Um bilhete na mesa da cozinha lhe disse que os dois haviam ido até a cidade comprar algumas coisas.

Serviu-se uma xícara de café, a última deixada na cafeteira e sentou-se à mesa da cozinha.

Repassou o dia anterior e um sorriso chegou a seus lábios. Tiveram momentos maravilhosos e sabia que Gretchen para sempre se lembraria de seu primeiro carnaval.

Esperava que ela fosse capaz de esquecer-se, entretanto, do que dissera a Louis pouco antes do sono envolvê-la. Harry acabara de subir a escada e estivera prestes a entrar no quarto quando ouvira a filha dizer ao pai que o amava.

Aquilo partira seu coração e todas as dúvidas acerca do fato de nada ter dito a Louis sobre a paternidade voltaram a assombrá-lo.

Equivocara-se em manter o nascimento de Gretchen em segredo? Não, recusava-se a considerar sua decisão, tomada tanto tempo atrás, um erro.

Embora as circunstâncias de Louis tivessem mudado e ele já não estivesse rodeado por pessoas que precisavam de seu amparo, a situação de Harry não havia se alterado. Ele ainda queria, precisava, do que Nova York e o palco podiam lhe oferecer.

Não agira mal em não revelar que Louis era o pai de Gretchen. Seu silêncio fora melhor para todos os envolvidos, aconselhou-se com firmeza.

Já havia terminado de tomar o café e lavava a xícara quando Louis entrou pela porta dos fundos.

— Bom dia — disse ele. — Onde está Poppy? A porta da garagem está aberta, mas não vi sua caminhonete.

— Ele e Gretchen foram para a cidade. Quer um pouco de café? Eu posso passar um bem fresquinho.

Um novo amanhã l.sOnde as histórias ganham vida. Descobre agora