EPÍLOGO

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Harry sentou-se em frente à janela de seu quarto, observando os campos banhados pelo luar. Devia dormir. Logo seria meia-noite e o dia seguinte prometia ser cheio.

Abraçou o próprio corpo e apoiou a testa contra o vidro frio da janela. Era difícil acreditar que dois meses haviam se passado desde a noite em que Louis o pedira em casamento à porta do restaurante. Dois meses de mais risos e alegria do que ele jamais sonhou ser possível.

Um flash de luz brilhou da janela de Louis, um brilho rápido seguido por outro. Ele sorriu e percebeu o motivo de não estar dormindo. Soubera, com a intuição que sempre marcara seu relacionamento, que Louis lhe sinalizaria para que se encontrassem naquela noite.

Pegou uma jaqueta do armário, sabendo que as noites de final de outubro eram frias. Colocou-a sobre os ombros e caminhou para o quarto ao lado, onde Gretchen estava na cama.

A menina dormia, abraçando o dinossauro de pelúcia que o pai lhe dera no carnaval. Feliz por ver a filha dormindo profundamente, Harry voltou a seu quarto e silenciosamente esgueirou-se janela afora.

O ar frio da noite o envolveu enquanto corria em direção a Louis, parado no meio do milharal.

Uma alegria muito grande o invadiu quando ele abriu os braços para acolhê-lo. Seus corpos se encontraram e Harry apreciou os contornos familiares daquele abraço. Por um longo momento permaneceram em pé, abraçados, sem sentirem necessidade de palavras.

— Eu não tinha certeza se você veria meu sinal.

— Eu o estava esperando.

— Ah, você me conhece bem demais!

Louis sentou-se no chão e pegou-lhe a mão para que se acomodasse a seu lado, conforme haviam feito em centenas, milhares de noites no passado.

— Você tem sorte de eu ter vindo. Dá azar um noivo ver o outro no dia do casamento.

Louis ergueu a mão para o luar e olhou para o relógio.

— Ainda temos quinze minutos antes que seja oficialmente o dia de nosso casamento.

Ele apoiou-se contra seu corpo.

— Nervoso?

Louis o abraçou e puxou-o para bem perto.

— Nem um pouco. E quanto a você?

— Absolutamente não. Sinto que casar-me com você será a coisa mais certa que já fiz na vida.

Harry observou a lua, pensando em como era bom estar realizando seu grande desejo.

— Quem diria que Poppy insistiria que tivéssemos um casamento tradicional?

Louis riu, o som agradável causando um arrepio de deleite em Harry.

— Eu acho que Poppy é um romântico. Juro ter visto lágrimas em seus olhos quando estivemos colhendo flores.

Harry sorriu. Sim, o avô era uma contínua surpresa. A cerimônia familiar, simples, que o casal havia planejado acabara crescendo quando Poppy decidira tomar conta de todos os arranjos.

— E por falar em flores, Gretchen decidiu que eu não deverei carregar nem uma.

— Por quê? — Louis lhe indagou, surpreso.

— Ela disse que está próximo demais do dia das bruxas e que seria melhor eu carregar uma abóbora iluminada.

— Eu não me importarei se carregar um gato preto e usar uma roupa de bruxa, contanto que seja você a entrar na igreja e dizer "sim".

Beijou-o, deixando-o arrepiado.

— Eu te amo, Harry — disse Louis ao interromper o beijo. — Prometo passar o resto de minha vida tentando fazê-lo feliz. E espero que jamais se arrependa de ter ficado aqui.

— Shhh.

Harry colocou um dedo sobre seus lábios.

— Eu apenas tenho um arrependimento. Arrependo-me de ter sido tão orgulhoso e teimoso cinco anos atrás. Deixei de lhe revelar minhas reais necessidades.

Colocou ambas as mãos no rosto de Louis, observando com atenção os traços que tanto amava.

— Eu te amo, Louis, e você é tudo de que eu preciso para que meu sonho se torne realidade.

Mais uma vez os lábios dele cobriram os de Harry em um beijo que deu aos dois o gosto da paixão, ternura, passado e futuro.

Em algum lugar profundo de sua mente, ele deu um silencioso adeus a seus sonhos de infância.

E acolheu os novos, descobertos ao lado daquele homem simples a quem tanto amava.







obrigado a todos que leram. 

Um novo amanhã l.sKde žijí příběhy. Začni objevovat