Capítulo vinte um

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Will

Toda vez que eu lembrava das palavras de Luiza, um sorriso se formava no meu rosto. Tudo bem que eu estava parecendo um bobo, mas não podia conter minha felicidade. Então antes de ir pega-lá, fui até a floricultura e comprei um belo vaso de orquídeas, suas flores preferidas, e a primeira coisa que iria dizer quando a visse e que eu a amava, mas que meu próprio coração poderia suportar.

Quando estou chegando na rua da lanchonete de dona Joana, vejo um grande tumulto, carros de polícia, ambulância e uma multidão próximo ao depósito de materiais de construção. Desço da camionete carregando o vaso de flor, mas a lanchonete está vazia, nem mesmo dona Joana se encontrava lá. Ligo para Luiza com uma sensação ruim dentro do peito. O celular toca várias vezes, mas ninguém atende. Vou em direção a multidão, talvez ela esteja lá como todas aquelas pessoas. Tento abrir espaço para chegar mas perto, mas há uma fita isolando locais

_ O que aconteceu aqui? .Pergunto a um senhor que está próximo.

_ Foi um acidente provocado pelo carro de ladrões fugindo da polícia. O senhor diz, me deixando preocupado, já que não encontro Luiza. E pensar que ela está sozinha no meio desse tumulto.

Tento ligar para Luiza outra vez, mas ninguém atende e a sensação ruim só aumenta.

_ O senhor sabe se alguém se feriu no acidente?. Pergunto.

_  Parece que os ladrões tiveram ferimentos leves, mas no outro carro está bastante ferida, e ficou presa nas ferragens.

_ E parece que a coitada está grávida. Uma mulher do meu lado diz, fazendo meu sangue gelar.

Entro em desespero, atravesso a faixa e corro até onde está às ambulâncias, preciso ter certeza que não é Luiza que está naquele carro. Mas antes de chegar perto sou impedido por alguns policiais.
_ O senhor não pode ficar aqui!. O policial diz, me empurrando.

_ Por favor, eu preciso saber se é  minha esposa que está naquele carro!.Grito desesperado, mas ele não me dá ouvidos.

_ Will! . Uma voz conhecida me chama, então vejo Kevin perto de uma das ambulâncias.

_ Pode deixar policial! ...ele também é da família. Kevin diz, fazendo minhas pernas fraquejar.

_ Tudo bem, só não interfira no serviço dos socorristas. O policial me solta e sai.

_ Kevin o que está acontecendo? . Pergunto, sentindo lágrimas escorrem pelo meu rosto.

_ É! ...Luiza que está naquele carro! ...,como você estava demorando ela decidiu pegar carona com seu avô, ...então enquanto ela estava esperando por ele dentro do carro, aconteceu o acidente! . Não digo nada, pois minha cabeça parece dar voltas.
Então corro até aonde está o carro do senhor José, mas assim que chego perto alguns socorristas me impedem.

_ É minha esposa que está aí! Tento me livrar.

_ Tente manter a calma, estamos fazendo o possível para tirá-lá das ferragens! .O socorrista diz, dando um olhar de confiança.
E tudo que eu mas queria, era que isso fosse apenas um pesadelo, e que eu pudesse abrir os olhos e ver tudo como era antes.

*****
Finalmente eles conseguem tirá- lá do carro. Perdi meu chão quando vejo Luiza daquele jeito. Seus lindos olhos fechados,sem aquelas covinhas que eu tanto  gostava, seus cabelos grudados no rosto por causa do sangue que escorriam de sua cabeça. Meu coração gritou naquela hora, e isso foi o único som que ouvi. É   como se todos andassem em câmera lenta.

_ Will, Will! !De repente sou despertado por Kevin, que me balança.

_ Vem comigo, eles estão levando Luiza para o hospital que a empresa tem convênio, mandei eles pra lá pois tem bem mas estrutura que o hospital público. Apenas assenti, e segui Kevin até seu carro. Minha vida tinha se partido em mil pedaços, é tudo que queria era estar no lugar de Luiza.

Os médicos à levaram direto para a emergência, mas não me deixaram acompanhá-lá. Encontrei meus pais na sala de espera, Kevin havia avisado os dois logo após o acidente. Abracei minha mãe com força, então deixei minhas lágrimas caírem. Chorei feito uma criança, enquanto ela acaricia minhas costas.

_ Eu não quero perde-los! Sussurro.

_ Você não vai perde-los! . Os médicos daqui são ótimos, e vão fazer de tudo para que Luiza e Vitor fiquem bem! Minha mãe diz, enxugando meu rosto.
Pedi a Deus, para que minha mãe estivesse certa.

Meu pai prontificou de avisar os pais de Luiza, não tive coragem para fazer isso. Senhor José também teve que ser hospitalizado, já que ficou em estado de choque ao ver Luiza naquelas condições. Pode ver o desespero de dona Vera e senhor Roberto, quando meu pai tentava explicar tudo a eles assim que chegaram, enquanto Julia chorava abraçando Guilherme. Aquela sala de espera era a visão da tristeza, e se minha mãe não estivesse aqui comigo, com certeza eu teria enlouquecido.

*****

Já havia se passado mas de três horas, e não tínhamos nenhuma noticia de Luiza. Minhas lágrimas já tinham se esgotado, assim como minha paciência,pois já havia ido várias vezes perguntar sobre Luiza na recepção,e sempre recebia a mesma informação, que ela ainda estava na sala de cirurgia. Minha vontade era invadir aquela sala.

_ Não aguento mas, toda essa é demora. Digo me levantando, e passando a mão pelo meu cabelo.

Todos ali pareciam anestesiados, até mesmo Kevin tinha um olhar distante. Então para meu alívio, doutor Eduardo amigo de longa data do meu pai, entra na sala de espera. Cumprimenta meu pai com um aperto de mão, depois vem em minha direção.

_ Entao doutor, como está Luiza,e meu filho.  Pergunto impaciente. Ele respira fundo, e tem uma expressão seria no rosto.

_ Bem William, o acidente foi bem grave, e por causa disso a bolsa se rompeu e tivemos que fazer uma cesariana de emergência.  Felizmente o bebê nasceu sem nenhuma sequela,mas como é prematuro terá que ficam na incubadora por um tempo. Ele diz, me deixando um pouco mas tranquilo. Pelo menos meu pequeno vitorioso estava bem.

_ E minha filha doutor? . Dona Vera pergunta, com a voz trêmula e os olhos marejados.
_ O caso de Luiza é mas complicado!,...ela teve um traumatismo craniano, conseguimos conter o sangramento, mas a pressão no cérebro ainda está grande, e por causa disso ela entrou em estado de coma.
Fecho meus olhos, e tento respirar calmante, pois parece que estou sufocando.

_ Como assim doutor? ....vocês são os melhores médicos da região, tem que ter algo que vocês possam fazer!. Digo alterado.

_ Fizemos tudo que foi possível! . Agora só depende dela, e como seu corpo vai reagir depois que a pressão ultra- craniano ceder. Ela pode demorar dias até meses para recobrar a consciência, ou. ...ficar assim pra sempre! .

Isso não pode ser verdade,não posso perder Luiza!. Eu não tive nem a chance de dizer à quanto eu à amava.

_ E o que o senhor quer que eu faça doutor,que me conforme com isso?. Grito, perdendo o resto de paciência que eu ainda tinha.

_ Calma Will! ,Luiza vai se recuperar. Minha mãe diz, tentando me controlar, enquanto a família de Luiza chora inconsolável.

_ Nossa mãe tem razão Will! ,Luiza é forte, não vai desistir!. Kevin diz, tocando meu ombro.

Quando eu vejo ele ali, se passando por bonzinho depois de tudo que ele fez para Luiza, explodo  de raiva.  ,

_ Você deve estar feliz, não é? .
....finalmente você não terá mas que se preocupar com a presença de Luiza! . Me jogo contra ele, e o encurralo na parede segurando seu pescoço, enquanto meu pai e senhor Roberto tentam me deter.

_ Parem com isso Will! .Kevin não tem nada a ver com está acontecendo com Luiza! Meu pai tenta apaziguar as coisas.

_ Ele tem sim! ,se não fosse por esse covarde, por tudo de mal que ele fez pra ela! ,talvez Luiza ainda estivesse aqui e não morrendo! Fuzilo Kevin com olhos, e vejo ele
vacilar o seu.

Meu coração havia sido arrancado do meu peito, ,e eu não me importava mas com nada. Até mesmo em revelar toda verdade.

A voz do CORAÇÃO Where stories live. Discover now