Capítulo Sete - Adaptação

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Os olhos de Romin percorriam pelas ruas da capital. A capital do reino chamava-se MBanza Kongo. Local da residência da  realeza, e para Romin aquilo era um mundo novo. Havia praças e casas bem organizadas, as crianças eram educadas segunda cultura deles, não como em Roma que tinham de estudar sobre o mundo. Embora as edificações Nbanza Kongo não eram feitas de pedra, ele gostava. As casas eram feitas de madeira e capim, mas eram lindas e a forma como cada um decorava a sua aumentava o charme da capital.

Assim como Roma, Nbanza kongo era o entreposto comercial das rotas comerciais de muitos produtos como nzimbu (dinheiro), panaria, escravos, sal e marfim, que provinham ou se destinavam praticamente a todos os outros centros de comércio, tais como: Mbata, Nsundi, Wamba, Mpumbu, Mbata Yongo, Kasanji e Luanda. Mbanza Congo era a capital político-administrativa do reino do Kongo.

Romin estava em mundo bem diferente da sua terra natal, mas pode reparar que o estilo de vida das pessoas era praticamente igual, pois tinham a mesmas necessidades.

Dias depois o rei regressava de uma visita de um reino aliado, bem próximo ao reino do Kongo. Foi informado que aquele homem desconhecido havia despertado do sono profundo. De seguida junto de sua esposa foi vê-lo, aquilo era surreal, nem ele mesmo acreditava que aquele homem despertaria. Então ao vê-lo, em pé, bem em sua frente, começou a rir, porque as vezes diante de uma situação em que não compreendemos, várias podem ser as nossas reações.

— Eu .... Nimi - o rei dizia enquanto batia no peito.

— Romin - falou repetindo o mesmo gesto, ou seja batendo no peito.

— Entende a minha língua - disse o rei, pela reação de Romin,  ele pode entender que aquela língua era estranha p'ra ele. Embora já disconfiava, quis ter a certeza.

— Pai obrigado pela paciência - Kenya interrompeu a conversa — obrigado por ter dado uma chance a ele, obrigado por ter acreditado em mim.

Romin observava atento aquela cena, e pode perceber de imediato, que eles tinham uma relação achegada, de pai e filha. E pela vestimenta e a coroa que Nimi ostentava na cabeca, Romin não teve duvidas de que ele era o Líder do Reino.

Não demorou muito para voltar a ser o que era, em pouco já mostrava sinais de recuperação satisfatória. Professores foram designados para o ensinarem a língua do reino, o Kikongo. E não demorou muito para que ele começasse a falar, tinha uma capacidade cognitiva excelente. A medida que o tempo foi passando, de modo natural ele se enturmava com a vida do reino.

Passou a vestir igual a eles, deixando assim expostas partes do seu corpo, isso fez com seu corpo quase ficasse bronzeado na sua plenitude. Isso foi bom pois pra ele, pois diminui a diferença de cor entre eles, e já não se sentia tão estranho naquele meio.
Em seu aprendizado, Nkondo foi um verdadeiro professor, entre as pessoas que mas passava tempo com ele, ocupava o segundo lugar, só perdia para a sua irmã, que era uma espécie de tutora.

Com ele, Romim aprendeu a pescar. Aqueles forma momentos agradáveis para os dois, pois se divertiam imenso enquanto pescavam. Na verdade Nkondo se devertia mais, com os tombos e gafes que Romim tomava no rio. Ora tentando acertar com a lançá nos peixes do rio, ou quando colocava os cestos de pescá e nada apanha,  mesmo durante horas esperando.

Mas, os mementos de maior gargalhadas foram os que passaram na mata enquanto caçavam. Foram tantas corridas corridas e falhas que eles passaram a maior parte do tempo rindo um do outro.
Teve um certo dia em que eles estavam no rastro de onça de grande porte, do nada a onça havia desparecido da vista deles. Enquanto tentavam acha-lá, de modo sorrateiro, a onça vinha por trás. Experiente como era, Nkondo logo percebeu que algo estava errado, prendeu a  respiração e procurou ouvir a os sons da floresta, e em um lapso de tempo percebeu que aquela besta era matreira e estava bem por trás deles.

— Correeee -gritou ele.

Então os dois desataram a correr pela mata, o animal também não se deixava atrás, vinha com toda a força. Estava disposta a devora-los. Eles correram ate chegarem a uma savana.

— Tenho um plano - Nkondi disse enquanto corriam.

— Qual...

— Vamos nos separar... Se ele perseguir você, vou derruba-lo com o meu arco. - Nkondo estava com o rosto serio enquanto dizia — Mas, se ele perseguir a mim, você terá de acerta-lo.

Para Romin aquilo era surreal, ele ainda não havia aprendido a manejar o arco perfeitamente. E agora teria de arriscar, sem a opção de falhar.

— Você só pode estar brincado! - você só pode estar brincando.

— Não! Não estou... E você sabe que não tem outro jeito - Nkondo estava falando sério, estava disposto a colocar a sua vida nas mãos de Romin.

— Nem acredito nisto - Romin dizia visivelmente atônito.

— Vês aquela enorme pedra ai ? - Nkondo apontava para uma grande pedra que estava a poucos metros de distância.

— Sim, vejo...

— É lá em que vamos nos separar...

E assim foram correndo até chegar a dita pedra, e como combinado um foi para direita e outro para esquerda. Não sei se foi azar, mas aquele animal escolheu justamente o menos hábil com o arco, Romin.

Nkondo fazia bem o seu papel de isca, enquanto Romin tentava ajustar a mira, para abater o animal. Ele só tinha três flechas, o que significa três tentativas para acertar. Disparou a primeira e quase que acertava, passou bem pertinho da coxa do animal. A segunda também foi quase, passou bem perto da cabeça. E com essas duas falhas só lhe restava uma chance pra salvar o seu amigo. Ele ajustou bem o ângulo, respirou fundo e disparou, com toda a força que lhe restava. A flecha atingiu bem no olho esquerdo do animal, mas parece que aquilo só aumentou a sua raiva. Aquele disparo não foi o suficiente para matar o animal.

As forças de Nkondo estava no limite, então ele simplesmente começou abrandar. Normalmente Romin estaria paralisado diante daquela situação, mas foi bem diferente. Ele vinha correndo, com uma enorme pedra na mão. Talvez achasse que teria êxito. Mas mesmo assim ele estava longe de mais, para alcançar o animal. A onça apanhou então o grande balanço e se jogou pronta pra devorar a sua presa. Nesse momento, eles viram uma lança a atravessar o pescoço do animal, eles mal podiam acreditar.

Os olhos deles logo focaram na direção em que a lança saiu. Para o seu espanto, lá estava Kenya, com o meio sorriso nos lábios. Foram correndo até ela, abraçaram-na e à encheram de beijos.

Pouco depois foram até ao rio e lá se divertiam, naquela imensidão de água cristalina. Pelo jeito que Kenya e Romin se olhavam, e tratavam um ao outro, Nkondo sabia que ai se desenvolvia algo maior que à amizade.

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Depois daquele momento fraternal, Kenya levou Romin para uma montanha. Era o seu lugar especial. Quando quisesse pensar ou espairecer, aquele era o seu lugar de eleição, pois tinham vista para o vale e para toda aquela região Perto da capital.

— você veio do norte - Kenya disse enquanto apontava.

— Porque você me salvou - disse Romin mudando a conversa.

— Nao sei! Foi maior do que eu... Quando te vi deitado cheio de sangue, só quis te ajudar.

— Obrigado - disse ele enquanto à  firmemente.

— Não precisa agradecer - respondeu ela, desviando o olhar.

Então carinhosamente, ele pegou no queixo dela, e levantou o seu rosto devagarinho. Os olhares se encontraram, e assim o primeiro beijo aconteceu.


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Curiosidade:

A cidade foi fundada antes da chegada dos portugueses e era a capital de uma dinastia que governava desde 1483. O local foi abandonado durante guerras civis que eclodiram no Século XVII

M'Banza Kongo foi o lar dos Reis que governavam o Rrino do Congo. No ano de 1549, por influência dos missionários , foi construída uma igreja a mais antiga da África Subsaariana, o nome da igreja no local é nkulumbimbi. Foi elevada ao status de Catedral em 1596. O papa Joao Paulo II visitou a catedral em 1992.

Romin - A armadura Dourada Where stories live. Discover now