Capítulo vinte

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Por que eu luto?

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Por que eu luto?

—Star— Marco chamou e me tirou a atenção durante dois segundos daquela pergunta— Está tudo bem?

Concordei com a cabeça com a bandeja em mãos, ainda sentindo a mesma pergunta martelar na minha mente.

—Você não me contou sobre ontem— ele disse enquanto sentávamos a mesa para almoçarmos— Ainda é cedo pra perguntar sobre o pesadelo?

—Eu...— comecei a dizer mas eu não conseguia me concentrar. A pergunta martelava na mente, junto com os ruídos altos dos Johansen ao nosso redor—Só tive um sonho ruim. Nada demais.

—Ele foi muito ruim? Você não quer contar, é isso?— ele disse e parecia até atencioso. Mas algo em mim não me deixava responder. Eu estava aflita demais, nervosa demais pra manter uma conversa fluir.

—Eu... Eu posso te contar depois. Me sinto cansada agora— disse.

Marco assentiu e virou sua atenção para a sua própria comida. Eu baixei meus olhos e apenas encarei a minha em silêncio, remexendo e não sentindo a mínima vontade de sequer ingeri-la.
O barulho do refeitório não me fazia nem sequer conseguir pensar.  Aquilo já me deixava nervosa a ponto de não conseguir respirar direito.

—Star...— Marco chamou novamente e eu olhei pra ele, ainda dispersa— Está realmente tudo bem? Parece que você vai ter um surto...

Concordei e levantei da minha própria cadeira. Marco franziu as sobrancelhas e segurou meu braço.

—O que está acontecendo...— ele perguntou e eu suspirei.

—Eu só preciso ficar sozinha— respondi e ele segurou ainda mais forte o meu braço— Eu não saio da área segura. Eu prometo. Só preciso pensar um pouco.

Hesitante, ele soltou o meu braço e murmurou vários sermões sobre eu ter que ficar por perto e onde ele pudesse me achar.
Minha cabeça pendurava para o lado enquanto eu andava para minha velha estadia de sempre, a estufa, e me encolhia em um canto qualquer.
Meus olhos pesavam e eu estava quase dormindo, mas algo me impedia de fechar os olhos e descansar. Algo como o medo de pesadelos e a dúvida chata e constante na minha cabeça que me tirava o sono.

—Por que eu luto!— gritei e notei a varinha ao meu lado.

Lutar... Eu lutava contra monstros a todo momento. Eu lutava junto com o Marco ou sozinha para me defender ou defender a nós dois. Eu me sentia mais poderosa quando lutava para alguém, o que fazia a magia se estourar.
Eu lutava para aqueles que eu amava, isso era óbvio. E o que representava maior força para mim, era também a maior fraqueza.

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