15 - O meu motivo

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Narrador off

- Ahhh eu não acredito nesse plong. - Resmungou Minho estendendo os braços para baixo, sentia minha cabeça querer explodir.
- É tarde pra eu dizer que sinto muito? - Indaguei sem graça.
- Não foi sua culpa. - Suspirou Newt.
- Afinal, porque esses crancks malucos estavam atrás de você? - Perguntou Clint.
Sentia meu rosto vermelho graças aos minutos pendura ali.
- Nao faço ideia, quando eu fugi das garotas do grupo B eles simplesmente decidiram me seguir.
- Alguma coisa eles vão ganhar, pra estarem nos mantendo presos aqui. - Observou Newt.
Relaxei o corpo e fechei os olhos, se eu olhasse para baixo iria entrar em pânico, estávamos suspensos a vários metros de altura.
- Minha cabeça vai explodir. - Resmungou Gally irritado. - Seria melhor se não tivéssemos tido o azar de toparmos com a trolha.
- Ah claro, levar um tiro das garotas seria bom pra você? - Indaguei irritada, por sorte Jorge e os outros não haviam visto a arma que escondia em minha calça jeans.
- Se você não controlar essa língua Gally...
- Pera, elas tem armas?! - Indagou Thomas cortando Newt. - Pensei que só tivessem uma.
- Todas tem. - Respondi e lancei um olhar irritado a Gally.
- Agora se você preferia mesmo encontrar elas eu não deveria ter me dado o trabalho de fugir. - Retruquei cruzando os braços, ele resmungou algo e desviou o olhar.
- Ei! seus mertilas loucos! Apareçam! - Gritou Minho olhando para o único corredor estreito daquela sala, um pouco mais a frente.
- Não adianta gritar. - Uma garota de cabelos negros e lisos apareceu sorrindo, ela tinha um corpo pequeno e roupas novas.
Todos ficaram em silencio fitando-a, não parecia ter mais que a minha idade.
- Ninguém vai ouvi-los.
- Se você veio, então alguém ouviu. - Respondi. Ela pareceu irritada.
- Você é a garota que preferiu se juntar ao grupo mais fraco. - Ela sorriu. - Ouvi as garotas do grupo... Qual era o nome mesmo? Ah! Grupo B, comentando sobre você. Elas estão com raiva, sabia?
- Eu não traio os meus amigos só porque elas tem algumas armas. - Retruquei.
- Interessante. - Ela murmurou. - Bom vou deixa-los descansando, talvez quando você se tornar um crank a gente se torne amigas. Aliás meu nome é Brenda. - Ela piscou pra mim.
- Isso não vai acontecer. - Argumentei, afinal éramos imunes, não?
- Espera. - Pediu Thomas, me virei para fitar o garoto.
- E se fizermos um acordo? - Ofereceu, ela parou de costas, prestes a entrar pelo corredor mais se virou.
- Um... Acordo ein, o que você tem a me oferecer?
- Estamos indo para um abrigo, lá receberemos a cura, se nos ajudarem poderiam ir conosco, tenho certeza que não vão dispensa-los se eu explicar pra eles. - Propôs, ela colocou um dedo no queixo e olhou para o teto pensativa.
- Só isso? - Indagou de repente.
- Só isso? Achei que o que vocês mais queriam era uma cura. - Falou Newt.
- E nós queremos, aliás todos nesse prédio querem isso. - Ela sorriu. - Pelo menos os que ainda conseguem pensar. - Riu levemente, como se estivesse compartilhando uma piada interna. - Mas até onde eu sei ainda não existe uma cura. Então vou deixa-los pensando em uma proposta melhor. - Ela se virou de costas. - Nos vemos mais tarde. - Balançou a mão alegremente e se afastou, sumindo.
- Foi só eu, ou mais alguém sentiu medo daquela garota? - Perguntou Caçarola com assombro na voz.
- Uma proposta melhor uh... - Murmurei, não tínhamos nada além de nós mesmos, e talvez a pouca comida que caçarola estava carregando, a não ser que ela queira armas, mais era impossível termos tantas para dar, ao menos que...
- Ei, o que é aquilo? - Indagou um garoto que eu não sabia o nome, ele apontou para um bloco de concreto perto de mim algo brilhava atrás dele.
- Se meus olhos não estão enganados aquilo é uma faca. - Falei. - Acho que se eu conseguir chegar perto. - Comecei a me balançar mais não surtia muito efeito.
- Alguém empurra ela. - Pediu Minho irritado.
Olhei para Thomas que estava ao meu lado, ele pareceu constrangido mas estendeu a mão, instintivamente olhei para Newt, o garoto desviou o olhar;

Segurei a mão de Thomas, ele me puxou contra si.
- Certo. - Murmurei ignorando o fato dos seus dedos gelados tocarem minha barriga.
- Pronta? - Perguntou, concordei e me empurrou, estiquei os braços, meus dedos quase tocando a rocha.
- Só mais um pouco. - Falei alto e ele me empurrou com força.
- Consegui! - Avisei e apesar do aperto nos meus pés peguei a faca, segurei na pedra com uma mão e com a outra me estiquei para cortar a corda.
Minhas mãos tremiam, se o bloco de concreto não me aguentasse eu despencaria vários metros.
Quando terminei de cortar fechei os olhos e me agarrei no concreto, minhas pernas ficaram suspensas no ar.
- Cenourinha esta tudo bem? - Perguntou Newt, abri um olho e tremendo me puxei para cima.
- Está. - Respondi respirando fundo, olhei em volta me certificando que não havia ninguém e, um por um, retirei os clareanos.
Terminei de cortar a corda de Newt e o ajudei a se levantar.
- Estão todos bem? - Perguntei e a maioria concordou.
Isso era bom.
- Temos que sair daqui logo. - Falou Thomas se encaminhando até o corredor mais uma silhueta surgiu a sua frente.
- Iam sair sem se despedir? - Indagou Jorge, ele fingiu estar magoado.
- Nos deixe sair e fingiremos que isso nunca aconteceu, hermano.- Ameaçou Minho irônico, Jorge negou dando alguns passos a frente.
- Isso não depende apenas de mim.
Houve um longo silêncio.
Então Newt perguntou:
- Em quantos vocês são?
O olhar de Jorge cravou-se em Newt, segurei a mão do loiro entrelaçando nossos dedos.
- Quantos? Quantos Cranks? Somos todos Cranks por aqui, hermano.
- Não foi isso o que quis dizer, e você sabe muito bem - replicou Newt, imperturbável.
- Contando com vocês temos 20, mais não fique assim, não sei o numero, afinal todos sem exceção nessa cidade são crancks e a única coisa que sei disso tudo é que vocês estão em desvantagem. - O crank abriu os braços, Minho semi cerrou os olhos e deu alguns passos pra frente, um sorriso sinistro pairando em seus lábios.
- Nós estamos em desvantagem? A menos que eu tenha problema de visão estamos em 12 e você é apenas um. - Riu Minho parecendo com raiva.
Olhei para Thomas, o garoto pareceu tão tenso quanto a mim, Minho estava brincando com a sorte, era como dar um tiro no escuro, Jorge poderia a qualquer momento ter reforço.
Tentei dar um passo pra frente mais Newt firmou mais sua mão em volta da minha, o olhei mais ele não desviou o olhar de Jorge.
O homem deu um sorriso amarelo e baixou o olhar antes de ficar sério.
Jorge e Minho se entreolharam longamente, o rosto de ambos crispado.
-Você não acabou de soltar essas palavras, não é? Por favor, você não acabou de se dirigir a mim como se eu fosse um fraco! Tem dez segundos para pedir desculpas. - Minho trocou um olhar com Thomas, o coreano tinha um sorriso afetado no rosto.
- Um - disse Jorge.
- Dois.
Três.
Quatro.
Thomas tentou responder com um olhar de advertência, dei alguns passos para frente ao sentir a tensão no ar.
- Cinco.
Seis.
- Peça Minho! - deixei escapar em voz alta, ele me fitou brevemente.
- Sete.
Oito.
O volume da voz ia aumentando a cada número.
- Nove.
- Desculpa. - Bufou sem muita convicção.
- Isso não me soou muito sincero. - Antes que eu me desse conta Jorge chutou a perna de Minho, ele caiu no chão e gritou de dor. Todos pareciam sem reação, tentei soltar a mão de Newt mais ele apertou mais sua mão envolta da minha.
- Deixa ele! - Mandei, pensamentos inapropriados passaram pela minha cabeça, estava odiando Jorge.
- Eles vão matar ele, vão matar todos nós se não cooperarmos. - Sussurrou Newt em meu ouvido, fitei o rosto contorcido de Minho.
- Agora vamos tentar de novo. - Chutou novamente, Minho envolveu a perna com as duas mãos.
- Peça desculpas!
- Me... Me desculpe. - Pediu ofegante, se encolhendo no chão. Jorge riu divertindo-se com a humilhação que tinha acabado de fazer.
Newt afrouxou nossos dedos e me soltou, me agachei até Minho.
- Você esta bem? - Indaguei tocando seu ombro, ele se sentou, os olhos raivosos focados em Jorge. Antes que eu percebesse Minho se lançou sobre ele, desfilando uma série de
obscenidades que eu nunca jamais o tinha ouvido dizer em nenhum momento antes. Minho o comprimia as pernas contra o corpo de Jorge para imobiliza-lo, e depois passou a desferir violentos murros.
Gally e Thomas se aproximaram e puxaram Minho, olhei para o teto, vários cranks surgiram descendo sobre cordas, vi algo vermelho piscar no canto da parede, mais não tive tempo de pensar no que era aquilo.
- Ora, eu vou matar todos vocês. - Grunhiu Jorge, corri até Minho.
- Temos que fugir daqui, agora! - Falei alto.
Caçarola auxiliou Minho e logo todos iam em direção ao corredor estreito, ouvi alguns tiros e abaixei a cabeça. Ninguém parecia ter notado, mas Jorge já estava ao lado de Brenda, sussurrando algo no ouvido dela antes de correr pelo corredor estreito.
Brenda se preparava para vir também quando algo explodiu na prisão improvisada atrás de nós, foi um estrondo forte, como se uma construção desmoronasse com um grande estampido, o cimento se partindo, o metal se rangendo. Uma nuvem de poeira avançou na nossa direção, obscurecendo a pouca luz do corredor. Estreitei os olhos para ver melhor, paralisada pelo medo.
Consegui avistar Minho e caçarola, e todos os outros, correndo pelas escadas, depois saindo por um corredor que não tinha notado antes. Newt agarrou meu braço e falou algo que eu não consegui ouvir antes de me puxar, olhei para trás a tempo de ver Brenda arrastar Thomas para algum outro lugar.
Os sons de destruição atrás de nós iam ficando mais distantes à medida que seguíamos pelo novo caminho, e eu não conseguia nem pensar no porque da explosão, saímos para o lado de fora da construção caindo aos pedaços, Jorge esticou os braços em direção ao céu ofegante e se alongou, o rosto abrandando da raiva.

The Maze Runner --- Is it love? ---  [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora