17 - traidora

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Me encostei em um dos casulos e ofeguei, minha perna estava sangrando, a criatura me procurava com uma determinação assustadora, raios explodiam ao meu redor, a chuva continuava impiedosa e cutículas caiam como galhos pontudos em minha pele, ouvi alguém gritar porém não soube reconhecer a voz. O vento fustigava o ar atingindo-nos com com pedrinhas e gotas, rugindo com seu som perturbador.
- Precisámos de um abrigo! - Gritou Brenda tentando se esquivar de uma das criaturas alguns metros a minha frente.
- Faltam 10 minutos até o horário combinado. - Gritou Thomas de volta
Acertando uma das protuberâncias alaranjadas de seu rival.

 Ele soltou um uivo desumano.
Eram seus pontos fracos.
A maioria dos clareanos estavam armados de lanças e outros adereços de defesa que imagino terem vindo do grupo B.
As armas agora sim, faziam sentido.
Olhei para a direita na direção do berg que surgirá sem eu ao menos ter notado, ele estava a uns 10 metros de distância, com a porta de carga inteiramente aberta, escancarada para o seu interior cuja luz branca e acolhedora os aguardava, sombras escuras com armas os esperavam imóveis, obviamente não estavam dispostos a sair e ajudá-los. Suspirei.
Não poderia ficar ali para sempre, se a criatura não me achasse os raios o fariam.
Fechei os olhos e sai de trás do meu esconderijo, automaticamente atraindo a atenção da criatura, ainda haviam algumas delas, apenas quatro ou cinco haviam sido inteiramente destruídas.
O chão estava macio e pegajoso graças a chuva, fui ao chão em quanto tentava manter distância da coisa e alcançar a nave.
Vários outros faziam a mesma coisa, já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha caído em menos de meia hora.
Minho agarrou meu braço me puxando do chão com força em quanto corria e me forçava a acompanhar.
Lama e areia cobriam meu corpo.
A chuva caia torrencialmente, trovões rugiam e o ar era cortado por clarões assustadores que me impediam de distinguir quem quer que fosse.
Como se as criaturas houvessem notado nosso plano as observei arrastarem-se pesadamente a um ponto onde nos impediria de chegar a porta aberta.
Infelizmente para nosso azar todos entenderam que a única saída era: matar os humanoides restantes e dar o pé daqui.
O grupo se dispersou, Minho e Newt para um lado e alguns para o outro.
Permaneci parada esperando a criatura se aproximar, Teresa fez o mesmo e apesar do meu olhar ela não se mexeu, os olhos fixos na coisa.
Voltei minha atenção ao meu oponente, fixei meu olhar na criatura a minha frente e ergui o ferro.
Precisava fazer isso.
A criatura de repente saltou e com os dedos pontiagudos e tentou acertou meu rosto, um vento frio passou por onde seu braço deformado bateu bagunçando meu cabelo.
Avancei e me agachei, em um ato de coragem enfiei com força a ponta do ferro em seu joelho.
A protuberância estourou, líquido amarelo voou por todos os lados e a criatura rugiu, um som difícil de distinguir entre dor ou raiva.
O monstro avançou quase acertando um dos braços afiados como navalhas em meu antebraço direito, rolei pelo chão e aos tropeços dei a volta na criatura, estava determinada, como se eu estivesse descontando minhas frustrações no monstro.
Me inclinei e tomando impulso acertei a protuberância de suas costas.
Faltavam mais duas.
Olhei ao redor em quanto tomava distância, conseguia ver alguns corpos caídos, sendo tomados pela areia e chuva.
Desviei o olhar para os outros, Newt estava caído, quase não conseguia ver seu rosto em meio a sujeira de areia que pairava em seu rosto, sobre seu corpo estava uma das criaturas já fracas tentando acerta-lo.
Thomas investia impiedosamente sobre seu adversário já quase derrotado e Minho se encaminhava para seu segundo oponente.
Voltei a atenção a frente e passei a investir várias vezes, a ideia de ser deixada para trás fazia com que meu medo de ficar se tornasse maior.
A criatura tentou cortar meu rosto e sem pestanejar o agarrei com força, seu braço fino tinha uma força descomunal e por um momento achei que seria jogada longe, me joguei na lama trazendo comigo a criatura em direção ao chão, ela caiu de lado um de seus ferros ferindo minha cintura, arquejei, meus olhos lacrimejaram com a dor, que rapidamente se apaziguou mirei na protuberância a minha frente, e a acertei. Ela passou a investir mais, incansavelmente;
Me esquivava e me afastava das falhas investidas que a criatura dava tentando me acertar.
Ela avançou sobre mim me derrubando no chão, mirei a última esfera que jazia abaixo do pescoço gosmento da coisa e a acertei, líquido amarelo caiu sobre meu rosto, a esfera murchou e chiou, antes da criatura cair sobre mim.
Me rastejei pela lama e com o restante das forças que me sobravam me levantei, a maioria dos monstros havia sido derrotado.
Faltavam ao todo 3.
Newt se apoiava em sua perna manca em quanto tentava acertar as últimas esferas.
Teresa e alguns outros clareanos corriam em direção a nave, Thomas estava montado em um monstro investindo com coragem em diversas partes do corpo.
Corri atordoada até Newt, me retrai quando uma fisgada atingiu meu abdômen, minha camisa estava manchada de sangue graças ao machucado na cintura.
Respirei fundo, Newt falou algo mais o barulho da tempestade era alto demais.
Acertei as costas da criatura, atraindo sua atenção e ela teve chance de dar mais dois passos em minha direção antes de Newt acertar a última esfera.
Observei a vida da criatura se dissipar e ela cair com um baque seco.
Havíamos conseguido.
Tudo havia acabado, nenhuma criatura se mexia, nenhuma esfera brilhava.
Um lampejo de alívio passou pelo rosto do garoto a minha frente.
Apesar de cansada e sentindo meu corpo todo doer suspirei aliviada.
Fitei a nave, não demorou para que os propulsores fossem ligados e a nave começasse a levantar vôo.
- Está partindo! - Gritou Thomas.
Me aproximei de Newt agarrando seu braço e o pondo ao redor de meus ombros para que ele não caísse.
Faltavam alguns metros e a maioria dos clareanos já havia chegado ao seu interior.
Newt ofegava como se estivesse usando o restante de forças que ainda tinha para se manter andando e minha tentativa de ajudar não estava resultando, ele não se deixava ser ajudado.
- Você tem que me deixar aqui. - Sussurrou o loiro, ele mancava mais que o normal, algo havia acontecido com sua perna.
Neguei com a cabeça, meu corpo parecia que iria desmoronar a qualquer momento.
O Berg já chegará a 90 centímetros do chão, girando com a escotilha aberta, pronto para a qualquer momento ligar seus propulsores ao máximo e disparar para longe, algumas garotas do Grupo B subiram, alguns chegaram depois e rolaram para dentro.
Finalmente alcançamos a nave, a borda de sua entrada já alcançava a altura do meu peito.
Newt me puxou e agarrando minha cintura me impulsionou para cima, rolei para dentro e voltei imediatamente minha atenção para ele, estiquei minha mão, Minho se aproximou e me ajudou a puxar o loiro para dentro. A nave já estava a aproximadamente 2 metros distante do chão quando vi Zart suspenso na entrada e corri para ajuda-lo.
Ele se levantou e ouvi ele me agradecer vagamente.
Olhei para o solo abaixo, nenhuma criatura tinha permanecido viva, nada além de corpos humanoides mortos e alguns poucos humanos caídos. Ninguém havia ficado para trás.
Suspirei, uma sensação de alívio tomou conta de mim.
Me aproximei de Newt, ele me abraçou com força me embalando em seus braços trêmulos, me esqueci por alguns minutos de tudo que tínhamos passado.
Estávamos vivos!
- Conseguimos. - Sussurrei fazendo carinho em suas costas.
- Quem são esses dois? - Nos afastamos com o susto, um homem ruivo de cabelo curto apontava uma pistola para Brenda e Jorge.
- Eles nos ajudaram a chegar até aqui. - Falei ofegante. - Não teríamos conseguido sem eles.
O homem arqueou as sobrancelhas nada satisfeito com minha explicação.
- Vocês pegaram dois estranhos pelo caminho? - Perguntou, a pontada de sarcasmo era clara em sua voz.
- fizemos um acordo, eles nos ajudariam em troca de uma cura. - Desta vez foi Thomas quem respondeu, o homem olhou para nós por alguns segundos.
- Mesmo assim. - Ele Rosnou.- Não é permitido cidadãos!
O Berg subia cada vez mais, e apesar de já alcançar os céus a porta ainda estava aberta, um vento forte os castigava e a qualquer turbulência alguém poderia cair para fora.
Mesmo assim me levantei.
- Fizemos todo o plong que vocês nos submeteram, passamos pelos malditos testes e chegamos até aqui, como querem que vejamos sentido nessa droga se fecham a mão aos infectados? - Perguntei me assustando com minha voz, meus punhos estavam fechados, não desviei meu olhar do homem. - Eles ficam. Eles terão auxílio. Não somos animais para sermos tratados como tal. - Completei, um silêncio mórbido e tenso tomou conta do lugar, a única coisa que eu ouvia era o som do meu coração batendo rápido e o som das turbinas da nave em movimento.
Um click soou.
Ele atendeu a algum tipo de ligação que durou alguns poucos segundos, ele desligou e fitou o aparelho antes de me olhar.
Depois de alguns momentos que pareceram horas ele sorriu, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados.
- Certo. Você tem razão. Chega de joguinhos. - Levei algum tempo para digerir aquelas palavras, era difícil de acreditar que ele as houvesse aceito fácil assim.
Ele se encostou na parede de ferro e deslizou até estar devidamente sentado.
- Meu nome é David. - Se apresentou. - Espero que em breve vocês consigam entender que tudo isso foi por uma boa causa. - Explicou, a grande porta de carga começou a se fechar, os rangidos da dobradiça soavam como guinchos velhos e enferrujados. O silêncio se manteve até a última rajada de vento passar pela fresta recém fechada com um solavanco.
Suspirei.
- Conta outra, já ouvimos isso e cá entre nós não acreditamos nesse monte de plong. - Minho bufou, fiquei feliz em ouvi-lo falar novamente depois de tudo.
- Não irei retirar sua observação, mais Iremos entregar a cura ao chegarmos ao quartel-general, como eu disse não a mais testes nem nada com o qual vocês terão de lutar, iremos explicar a vocês tudo o que querem saber, ou no mínimo mostrar o porque disto tudo.
- Bom... - Minho pigarreou. - Ao qualquer sinal de problema iremos lutar, se morrermos tanto faz, não vamos mais ser fantoches.
O homem sorriu.
- É o que esperamos que vocês façam, mais felizmente o que estou dizendo é verdade por tanto isso não será necessário.
Me encostei na parede, Newt se levantou e se manifestou.
- O que tem agora na sua maldita agenda?
- Acho que vocês gostariam de tomar um banho, comer e descansar um pouco antes de chegarmos. - Se levantou e abriu uma porta branca logo em seguida entrou.
Olhei para Thomas e depois para o restante do grupo, por fim entramos, não havia outra opção.

The Maze Runner --- Is it love? ---  [EM REVISÃO]Where stories live. Discover now