Doze.

1.2K 74 29
                                    

Zayn.

Se passou um mês desde aquele dia. Vê Rachel daquela maneira foi pior do que receber pancadas de taco de baseball. Ela não me deixou falar nada, não consegui nem a pedir desculpas. Saí daquela casa e voltei até a casa da minha avó. Olhei para ela no seu estado deplorável na cama e chorei junto a ela aquela noite. Chorei como chorava quando estava com medo, como chorei na morte da minha mãe. E ela sem mesmo me entender e falar algo me confortou. Sabia que minha avó não viveria mais tempo, e ontem ela se foi. Me deixou, eu estou realmente só. Eu sempre fui só. Na sala de cremação olho para minha família. Primos, tios, tias. Totalmente estranhos. Eles choram? Agora? Eles são uns filho da mãe. Não tem esse direito!

"Zayn?" Drake prensa meu ombro.

"Ah... Oi" o olho. Ele esteve o dia inteiro comigo.

"Tome isso, você está horrível" ele me dá um copo de café.

"Valeu cara, não consigo" recuso.

Vejo o caixão da minha avó entrando no forno de cremação. Isso dói tanto! Quero ela de volta. Até quando eu vou perder as pessoas assim? Até quando? Dou meia volta esbarrando em umas pessoas e um olhar me chama atenção. Ela está aqui, posso sentir seu perfume mesmo de longe. Seus olhos estão perdidos, uns familiares a chamam. Meus pés vão até ela mas meu corpo não acompanha. Desisto e volto a tentar sair do lugar. Meus olhos enchem de água e a vontade de ter a fumaça invadindo meus pulmões quase me perfura. Sinto o ar fresco assim que saio do lugar. Carros correm lá fora, meu corpo respira em paz. Pego uma carteira de cigarro e acendo. Uns segundos de paz me dominam.

"Sua avó odiava isso" uma voz grossa me faz dá um passo a frente.

"Pai..." jogo o cigarro no chão e piso.

"Olá" sua voz me dá medo.

"O que faz aqui?" afinal ela era mãe da mulher que ele fez morrer.

"Sua avó era uma ótima pessoa" ele diz ríspido.

Vejo a mãe da Rachel subir as escadas indo até o lugar. Não consigo olhar para o meu pai e volto até o lugar. A cerimônia acabou por fim, umas pessoas conversam aqui na outras lá, ignoro todas que se aproximam. Acabo tropeçando pela tontura de um dia sem comer e uma mão leve e delicada me para.

"Tudo bem?" sua voz. Essa maldita voz.

"Estou Rachel" tento ficar de pé.

"Você não comeu... Precisa comer" ela está preocupada?

"Eu preciso revolver as coisas" me mantenho firme.

"Não dessa maneira" seus olhos não encaram os meus.

"Rachel eu..." tento falar.

"Não seja teimoso" ela começa a andar e a sigo.

"Certo" ando atrás dela.

O vento faz seus cabelos voarem, o perfume quase impregna em mim. Por um momento fecho os olhos desfrutando do momento. Ela está diferente, posso apostar que mais magra. Não estou diferente, meus cabelos estão cheios, meu físico horrível. Sento em uma cadeira da lanchonete enquanto ela vai até o balcão. Rachel volta com um suco e esfirras. Não sinto fome, mas ela tem razão estou fraco. Como um bocado e olho para ela. Seus olhos agora me olham. Ela tira algo da bolsa e me encara. Pego o envelope a minha frente e largo o suco. Ela quer o divórcio?

"Isso é o divórcio?" abro o papel.

"Não... Eu... Eu" ela parece nervosa.

"Você?" não consigo ler o que é aquilo.

"Estou grávida" ela fala baixinho.

Meu coração acelera. O que? Grávida? A olho e vejo a se levantar. Ela puxa o envelope da minha mão e começa a caminhar. Meus olhos focam no suco a minha frente e não sei como reagir.

"Rachel..." falo baixo.

Levanto da mesa e tento a seguir, estou realmente tonto. Ela está grávida...Grávida! Corro atrás dela é puxo seu braço. Seu rosto está encharcado e ainda posso vê umas lágrimas rolarem. Sua mãe está ao seu lado e puxo seu braço tentando a abraçar mas ela recua.

"Solte ela..." sua mãe fala.

"Desde quando você sabe?" falo rouco.

"15 dias" ela tenta se soltar.

"E não me falou nada?" estou com raiva e não sei o motivo.

"Falei agora" ela parece com medo.

"Solte ela Zayn!" a voz do meu pai soa atrás de mim.

"Cala a merda da sua boca" alguns familiares analisam a cena.

"Garoto!" odeio quando ele me chama assim.

"Rachel... Você..." não sei muito o que falar.

"Está me machucando" ela chora mais uma vez.

"Me desculpe" solto seu braço.

"Vocês podem conversar depois? Está todo mundo olhando" Drake fala.

"Certo" me afasto.

Vejo a Rachel se movimentando por entre as pessoas e minha mente da mim e uma voltas. Um senhor rechonchudo chega ao me lado e me diz que devo o acompanhar até a sala. Digo que vou daqui a 10 minutos e continuo olhando para ela. Olho para a sala e vou até lá. Entro no lugar e vejo que possuí um caixão no centro. Meu corpo enrigesse. Ando até a porta novamente e percebo que a mesma permanece trancada. Bato na porta e chamo por alguém. Uma mão toca meu ombro e viro com o punho fechado.

"Brittany?" olho para a garota que parece devastada.

"Me aju..." ela desmaia e a seguro pelos braços.

Ponho a Brittany em um banco e tento a acordar. Um zunido de celular me chama atenção. Está vindo do caixão. Olho para o lugar e então abro sem medo. No interior tem sapatos de bebê cortados e o celular que toca. Atendo mas ele desliga. No papel de parede tem um foto da Rachel saindo de uma clínica. Olho para os sapatos e entendo o recado! Eles querem ela e meu filho!


Cheguei, cheguei chegando (...)

My Fake Brother III| Última edição| Z.Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora