Capítulo 36

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LUKE

"Essa é a vida! você vai vivendo e de repente, puff!"

– Harry Potter e o Enigma do Príncipe


Quatro dias depois da discussão com Linda, a produção da websérie foi paralisada e todos os envolvidos foram dispensados de suas atividades. Como grandes providências ainda não tinham sido tomadas, nenhum grande prejuízo foi contabilizado. O que me livrou de um possível processo ou de decisões mais drásticas por parte do estúdio. Não que eu me preocupe com isso.

Em pouco tempo eu já estava de volta a minha velha rotina de escândalos com Joe. Meus dias começavam às três da tarde em cassinos e beiradas de piscina e terminavam em boates e festas particulares. Foi a forma que encontrei para ignorar meus problemas e a ausência de Linda.

Hoje decidi começar a  beber sozinho no Jumbo's Clown Room. Já estava em meu quarto uísque quando Joe finalmente apareceu e se juntou a mim.

- Você está aqui há muito tempo

- Há apenas meia hora – menti.

Estou cansado dos olhares de pena de todos. Já me bastam os ataques constantes de Carson. Me sinto um lixo, não preciso que me ajudem a me sentir ainda pior.

- Quantos desse você já bebeu? – Joe prosseguiu com o interrogatório, assumindo um tom mais sério que não combina com a sua personalidade.

- Estou no segundo, papai. Eu não ousaria começar a diversão sem você. – Eu sei que nos últimos dias Joe tem me seguindo para garantir que eu não faça nenhuma burrada. Algo como ligar bêbado para Linda ou coisas piores.

- Nenhum sinal dela até agora? - Ele perguntou quando o garço trouxe sua dose de uísque.

- Não... Eu realmente fui muito burro ao acreditar no Andrew, não é verdade? Eu não a culpo por ter ficado com raiva. Não quando eu lembro do que ela disse no parque...

Quis tanto acreditar que eu era tudo o que ela precisava para ser mais feliz, deixar para trás os fantasmas do passado, que caí feito um patinho na armadilha de Andrew.

Ele usou meu ego contra mim e saiu ganhando.

- Dê tempo ao tempo, as coisas vão se acertar. – Joe, virou seu copo de uma só vez, pegando outro drinque logo em seguida.

- Hey, calma! Se continuar desse jeito quem vai me levar pra casa?

- Bom ver que você está recuperando o seu senso de humor – disse, sarcasticamente. – Um brinde a nós e às mulheres que nos deixam loucos.

- Olá garotões, alguém me disse que aqui é onde deveríamos entregar nossas encomendas. – Falou uma mulher loira, que parecia que teve suas roupas rasgadas por um furacão a caminho do clube. Ela trazia uma amiga ruiva a tira colo, vestida nas mesmas condições.

Sem esperar por uma resposta, as duas se sentaram em nossos colos, como se fossem nossas velhas conhecidas de farra.

- Desculpe meninas, mas vocês estão com os caras errados. – Me desvencilhei da ruiva, quando de repente fui cegado pela forte e inconveniente luz de um flash. – Que droga é essa? – Perguntei enfregando os olhos para voltar a enxergar.

- É uma armação, Luke. – Joe anunciou se livrando da loira e da ruiva e chamando um dos seguranças do local.

Enquanto isso, o fotógrafo continuava capturando tudo, sem se incomodar com as expressões de raiva em nossos rostos. Seu trabalho foi logo interrompido quando um segurança chamado "Montanha" o levantou pelo colarinho e o colocou para fora.

- Vamos ver se ele aprende a nos deixar em paz depois dessa.

Mal nos livramos de um problema e arrumamos outro.

De pé, ao lado de nossa mesa, Serena nos esperava com uma expressão nada amigável.

- Quando me disseram que o W3News estava transmitindo ao vivo o motivo pelo qual meu namorado não foi ao meu jantar de aniversário, eu pensei que estavam todos malucos. Então eu liguei a televisão e lá estava ele, bebendo com o seu melhor amigo em um dos strip clubs mais conhecidos da cidade. Que tolice a minha, hein? – Serena deu as costas sem deixar que Joe sequer se defendesse.

Ao vê-la sair intempestivamente, Joe suspirou e disse:

- Tenho que ir atrás dela. Não posso me dar ao luxo de perdê-la. – Ele se levantou, cambaleando levemente enquanto corria atrás da menina.

De onde estava, vi a Ferrari de meu amigo saiu da garagem do strip club e acelerou tentando reduzir ao máximo a distância entre ele e o Cherry  vermelho de Serena. Levantei-me do banco e fui até a porta do lugar atraído pelo som de longas buzinadas.

Cheguei a tempo de ver o paparazzo que estava de tocaia pular na frente do carro de Joe. Por mais que meu amigo buzinasse ou gritasse, o homem não se movia, se continuasse lá, o atropelamento seria inevitável.

Vendo que o fotógrafo continuaria na mesma posição, Joe virou o volante bruscamente para a esquerda, fazendo com que seu carro capotasse como um brinquedo desgovernado se desfazendo em milhares de pedaços.

Caindo na Real [Completo]Where stories live. Discover now